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Estado de Minas

Defesa do ex-líder militar sérvio Mladic recorre da sentença de prisão perpétua


25/08/2020 08:07

Os advogados do ex-líder militar dos sérvios da Bósnia Ratko Mladic, cujo recurso foi aberto nesta terça-feira (25) perante a Justiça internacional em Haia, estimam que ele pode ser vítima de uma "negação de justiça", em razão de seu estado de saúde.

Condenado em primeira instância à prisão perpétua, por seu papel no genocídio de Srebrenica, Ratko Mladic tem problemas de saúde e de memória, alegaram seus advogados.

Inicialmente programadas para março, as audiências foram adiadas pela primeira vez, porque Mladic, de 78 anos, foi submetido a uma cirurgia de cólon, e uma segunda vez, por causa da pandemia de COVID-19.

Ele apareceu nesta terça de manhã, uma figura frágil usando uma máscara que então tirou, e queixou-se de ter problemas para acompanhar os procedimentos do tribunal através de seus fones de ouvido.

"Esta audiência é inadequada e apresenta o risco de uma negação da justiça", disse seu advogado, Dragan Ivetic, em seu discurso de abertura.

"Não estou em posição de obter instruções corretas dele e não estou certo de que ele possa seguir os procedimentos adequadamente", acrescentou.

Contactado pela AFP, o filho do ex-líder militar disse ainda que o estado de saúde do pai o impedia de se preparar para as audiências.

"Ele não tem energia" e sua memória pode pregar peças nele, disse Darko Mladic, mas o Mecanismo de Tribunais Criminais Internacionais (MTPI) considerou que as condições dadas não justificavam um novo adiamento.

Conhecido como o "açougueiro dos Bálcãs", Mladic foi condenado à prisão perpétua em primeira instância, em 2017, pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII). Foi considerado culpado de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade por seu papel na guerra na Bósnia (1992 - 1995). Foram cerca de 100.000 mortos e 2,2 milhões de deslocados.

As primeiras audiências de seu recurso, fechadas ao público devido ao novo coronavírus, acontecem hoje e amanhã, perante ao MTPI, que retomou os trabalhos do TPII após seu encerramento.

Ratko Mladic terá a oportunidade de falar pessoalmente na quarta-feira, por 10 minutos, no final da audiência.

Ele foi condenado em primeira instância por seu papel no cerco de Sarajevo e no genocídio de Srebrenica em 1995, o pior massacre em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 8.000 homens e meninos muçulmanos foram mortos pelas forças sérvias da Bósnia. Tanto a defesa quanto a acusação apelaram da sentença.

Em seu julgamento, o TPII absolveu Mladic de genocídio em vários outros municípios, o que constitui a base do recurso apresentado pelo procurador. Devido à pandemia, as famílias das vítimas não irão a Haia.

"Esta é a primeira vez que não comparecemos a um evento importante ocorrido no tribunal de Haia", disse à AFP a presidente da Associação de Mães de Srebrenica, Munira Subasic.

Ainda assim, ela rejeita mais um adiamento no processo.

O MTPI "não deve perder a motivação e deve completar sua missão", disse ela.

"Esperamos que Mladic seja condenado por genocídio por crimes cometidos em outros municípios também, não apenas os cometidos em Srebrenica", acrescenta ela.

Ratko Mladic é um dos principais líderes julgados pela Justiça internacional por crimes cometidos durante as guerras na ex-Iugoslávia, além do ex-líder político dos servo-bósnios Radovan Karadzic e do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, falecido em sua cela em Haia por um ataque cardíaco em 2006, antes da conclusão de seu julgamento.

Condenado a 40 anos de prisão em primeira instância por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, Karadzic foi condenado à prisão perpétua em recurso, em 2019.


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