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Estado de Minas

ELN responsabiliza apoiadoires de Uribe por massacres na Colômbia


19/08/2020 19:07

Diante da escalada de assassinatos nos territórios da Colômbia onde atua, a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) culpa os grupos paramilitares que reagem após a prisão do ex-presidente Álvaro Uribe.

De Havana, em Cuba, Pablo Beltrán, chefe do comitê para diálogos da última guerrilha ativa na Colômbia, diz acreditar que a situação do ex-presidente, opositor dos acordos de paz, é ponto chave para que as negociações sejam retomadas durante o governo de Ivan Duque, também de direita.

"Duque governa em nome de Uribe (...) Se Uribe se fortalecer, o processo de paz morre. Se Uribe enfraquecer, o processo de paz tem possibilidades", diz o comandante da guerrilha guevarista sobre o ex-governante, que cumpre prisão domiciliar por um caso de manipulação de testemunha.

P: A que você atribui essa escalada de violência nos territórios onde o ELN opera?

R: "Na Colômbia, surgiu uma conjuntura especial em 4 de agosto, quando decidiram levar a julgamento e colocar em prisão domiciliar o ex-presidente Uribe, um homem muito poderoso. Vários de seus seguidores disseram que iam incendiar o país. Depois, os massacres aumentaram.

Eles não apenas matam ex-combatentes, mas também suas famílias. Não apenas os líderes sociais, mas qualquer pessoa, estudantes universitários comemorando um aniversário."

P: É uma reação à prisão do ex-presidente Uribe?

R: "Há uma situação de ingovernabilidade depois da prisão de Uribe, há uma reação de seus seguidores.

Isso acontece neste contexto porque os principais agentes de toda essa violência são os grupos narcoparamilitares, nas áreas do Pacífico, do Caribe e da fronteira com a Venezuela.

São setores altamente militarizados e que receberam assessores dos Estados Unidos. Como explicar que onde estão mais militarizados, onde estão as brigadas mais especializadas e os narcoparamilitares mais sanguinários, essas coisas acontecem? Se você militariza um território, tem que responder por isso."

P: Eles acusam o ELN de estar envolvido no recente massacre de jovens em Nariño ...

R: "Isso não é verdade. Temos várias frentes nesta área que nasceram lá, ninguém os mandou. Isso é na fronteira com o Equador, uma área de cultivo de coca onde os camponeses não têm outra opção. Perguntaram a eles (pelos responsáveis) e disseram que se trata de um grupo narcoparamilitar chamado 'Los Contadores'.

Eles estavam na região do Pacífico e subiram a cordilheira onde ocorreu o massacre. Nossa força realmente lutou com eles porque seu critério de expansão é deixar a costa do Pacífico e subir as montanhas.

Mas são coisas do mês anterior. E a retaliação é atacar as comunidades organizadas porque dizem que são influenciadas pelo ELN."

- Defesa, não ataque -

P: Outras forças tomaram áreas que estavam sob o controle do ELN?

R: "Onde o conflito tem sido mais intenso é na fronteira com a Venezuela. Os grupos paramilitares cresceram. Há o 'Los Rastrojos', que foi denunciado como o grupo que transportou (o líder da oposição venezuelana Juan) Guaidó da Venezuela para a Colômbia.

Estamos lá há décadas e este ano lutamos contra essas forças. Em meados de julho, esses combates caíram, mas, em retaliação, eles aumentaram os massacres da população civil. É uma forma de dizer: todo mundo que tem algum tipo de proximidade com a oposição ao governo Uribe, nós vamos punir."

P: Como o ELN pode contribuir para reduzir o conflito?

R: "O Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo em junho. Nossa liderança disse que estava pronta para isso e propôs um cessar-fogo bilateral (...) Mas o governo não respondeu. Pedimos que o governo dê ouvidos ao apelo."

P: Que cenário você prevê para a Colômbia?

R: "São 33 massacres, isso acontece e o governo não se comove. Essas matanças de jovens têm sido um alerta que desperta as pessoas para dizer basta."

P: A posição do ELN agora é de ataque, defesa ou ambos?

R: "É de defesa. Muitas comunidades que são perseguidas e massacradas nos dizem 'venham e nos ajudem a organizar a nossa legítima defesa'. Como não vamos? Mais do que atacar, é defender vidas e territórios."


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