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Estado de Minas

Manifestações tomam conta de Belarus, depois de denúncias de fraude em eleição

Presidente Alexandre Lukashenko está no poder há 26 anos e país europeu não tem eleições consideradas livres desde 1995


10/08/2020 22:01 - atualizado 10/08/2020 23:10

Jovem segura camisa com os dizeres
Jovem segura camisa com os dizeres "Sasha 3%", em referência ao presidente Alexander Lukashenko, acusado de fraude eleitoral pela população de Belarus (foto: Sergei Gapon/AFP)

 

Um manifestante morreu na noite desta segunda-feira (10) em Belarus em meio a protestos contra a reeleição para um sexto mandato do presidente Alexandre Lukashenko, dispersados pelas forças de segurança, informou a polícia bielorrussa.


"Um dos manifestantes tentou lançar um objeto explosivo contra as forças de segurança, mas o objeto explodiu em suas mãos", matando-o, disse a polícia em um comunicado.


A porta-voz da polícia bielorrussa, Olga Tchemodanova, confirmou à AFP a morte de um manifestante. Outras pessoas também ficaram feridas, disse ela, sem dar mais detalhes.


O anúncio foi feito em um momento em que a polícia bielorrussa dispersa à força as manifestações contra os resultados de uma eleição presidencial tensa no domingo (9), com gás lacrimogênio e balas de borracha.


A candidata da oposição em Belarus refutou os resultados oficiais nesta segunda-feira e pediu ao presidente Alexandre Lukashenko que renunciasse ao poder no dia seguinte às eleições e à violenta repressão às manifestações antigovernamentais.


Svetlana Tikhanovskaya, que em poucas semanas se tornou rival inesperada do autocrata que governa o país há 26 anos com mão de ferro, denunciou fraudes após o anúncio da vitória do presidente cessante com 80% dos votos.


"O poder deve refletir sobre como nos ceder o poder. Eu me considero a vencedora das eleições", disse a novata política de 37 anos, que denunciou a repressão às manifestações contra a reeleição do homem forte do Belarus, reprimido com particular virulência em Minsk, onde as forças da ordem lançaram granadas e dispararam contra os milhares de pessoas reunidas.


O partido da oposição, que acusou o regime de "se manter pela força", não participou das manifestações marcadas para esta segunda-feira. A porta-voz de Tikhanovskaya explicou que ela não compareceria porque "o poder poderia organizar qualquer situação para detê-la".


Nesta segunda-feira à noite, barricadas foram erguidas nas ruas centrais de Minsk, um sinal do aumento das tensões, e várias explosões foram ouvidas, de acordo com um jornalista da AFP no local.


Prisões

 

O Ministério do Interior informou pela manhã que 3.000 pessoas haviam sido detidas, além de 50 civis e 39 policiais feridos em 33 localidades.


No exterior, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, condenou a repressão e exigiu uma recontagem "exata" dos votos e a OTAN mostrou "séria preocupação" com os resultados eleitorais e condenou a violência. Os líderes russos e chineses Vladimir Putin e Xi Jinping parabenizaram o presidente Lukashenko.


A Casa Branca disse nesta segunda-feira que está "profundamente preocupada" com a eleição presidencial e pediu às autoridades que permitam protestos.


A assessora de imprensa do presidente Donald Trump, Kayleigh McEnany, disse que "a intimidação de candidatos da oposição e a detenção de manifestantes pacíficos" estavam entre os vários fatores que "prejudicaram o processo".


"Instamos o governo bielorrusso a respeitar o direito de se reunir em paz e abster-se do uso da força", disse a repórteres.


Nas últimas semanas, o presidente bielorusso acusou Moscou de querer subjugar seu país e de tentar desestabilizá-lo, em particular enviando mercenários.


Lukashenko afirmou nesta segunda-feira que as manifestações foram "teleguiadas" a partir do exterior e destacou que "não permitirá que o país seja feito em pedaços".


Ele também acusou forças estrangeiras de terem cortado a internet no Belarus. A oposição acredita que as autoridades orquestraram os cortes para melhor organizar a repressão.


"Lukashenho não é digno de ser presidente. Ele envergonha nosso país com seus atos", declarou à AFP um dos manifestantes, Pavel, um empresário de 34 anos.


Em 2010, depois da eleição presidencial, as manifestações da oposição foram brutalmente reprimidas.


Repressão

 

Alexandre Baunov, do centro Carnegie Moscou, prevê um "aumento da repressão" e de "fortes sentenças de prisão" caso os protestos continuem.


Na noite de domingo, milhares de bielorrussos saíram às ruas, estimando que Tikhanovskaya, desconhecida do público há algumas semanas, tenha sido a vencedora da eleição.


Imagens divulgadas pela mídia de oposição mostraram a polícia disparando balas de borracha e granadas de som contra os manifestantes, especialmente no rosto.


A campanha eleitoral foi marcada por um fervor sem precedentes por Svetlana Tikhanovskaya, que substituiu seu marido, um conhecido blogueiro, na corrida presidencial após sua prisão em maio.


A candidata pediu a seus seguidores que usassem uma pulseira branca quando fossem votar e fotografassem suas cédulas para dificultar a fraude.


No domingo, longas filas de espera se formaram fora das muitas seções eleitorais.


"Com filas assim, é impossível que Lukashenko tenha vencido", disse Liubov Smirnova, um aposentado de 65 anos.


As autoridades redobraram seus esforços no final da campanha para tentar conter a oposição e não hesitaram em prender uma dezena de seus colaboradores.


Diante da ascensão de sua candidatura, os principais rivais de Lukashenko foram colocados de lado. Dois estão sob custódia.


A mobilização em torno de Tikhnovskaya ocorreu apesar das dificuldades econômicas, exacerbadas pelas tensões com a Rússia e pela resposta de Lukashenko à pandemia de coronavírus, chamando-a de "psico".


Belarus não organiza eleições consideradas livres desde 1995. Em várias ocasiões, as manifestações foram imediatamente reprimidas, por exemplo, após a presidencial de 2010.


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