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Estado de Minas

África ocidental pede ao Mali 'união' e ameaça quem se opuser


27/07/2020 17:07

Os 15 chefes de Estado da Comunidade Econômica da África Ocidental (CEDEAO) exortaram, nesta segunda-feira (27), o Mali a uma "união sagrada" e propuseram soluções para resolver a crise que sacode o país desde junho, ameaçando com "sanções" quem se opuser.

Os chefes de Estado da região, que temem uma desestabilização do Mali, epicentro da ameaça jihadista no Sahel, apoiaram durante uma cúpula virtual os esforços de mediação feitos há semanas pela CEDEAO, informou seu presidente em exercício, o presidente nigerino Mahamadu Issufu.

E pela primeira vez, falaram em um "regime de sanções" contra "aqueles que realizarem atos contrários ao processo de normalização", afirmou Issufu, segundo uma cópia de seu discurso ao final da reunião, que durou umas três horas.

Além disso, os dirigentes insistiram para que as medidas de seu plano de saúda da crise sejam aplicadas "no mais tardar" em 31 de julho.

Neste curto prazo, esperam ações concretas do governo e da oposição, confrontados há semanas.

A este clima de exasperação, alimentado há anos pela instabilidade no centro e no norte do país, a crise econômica e a corrupção considerada endêmica, somou-se a anulação, pelo Tribunal Constitucional, de cerca de 30 resultados nas legislativas de março e abril, vistas como um desencadeador da situação atual.

- Legislativas parciais -

Os chefes de Estado da África ocidental, que em sua maioria apoiam o presidente Ibrahim Boubacar Keita, pedem para que se faça "tudo o possível" para se conseguir a "demissão imediata dos 31 deputados cuja eleição foi questionada, inclusive o presidente do Parlamento", Moussa Timbiné.

Estas demissões abririam a via a legislativas parciais.

A cúpula pediu, ainda, uma "recomposição rápida do Tribunal Constitucional".

Sobretudo, defendeu a formação de um "governo de união nacional com a participação da oposição e da sociedade civil" e exclui uma saída forçada de Keita, em respeito às regras constitucionais comuns à CEDEAO.

Os líderes da oposição no Mali, cuja figura principal é o influente imã Mahmud Dicko, rejeitaram até o momento se unir a este governo, destacando que os problemas superavam as simples questões eleitorais.

Apesar destas reticências, a CEDEAO "incentiva" o Movimento de 5 de Junho, que lidera o protesto, a participar deste Executivo em uma essência de patriotismo.

A reunião de segunda-feira, que retomou em linhas gerais o plano do mediador oficial da CEDEAO, o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, anunciou que os ministros "poderão ser nomeados antes da formação de um governo de união nacional", segundo Issufu, sem dar detalhes sobre o modo de atribuição das pastas.

Em 10 de julho, a terceira grande manifestação da oposição resultou em três dias de distúrbios, que deixaram 11 mortos em Bamako, segundo o primeiro-ministro Bubu Cissé, embora a Missão da ONU no país (MINUSMA) tenha contabilizado 14 falecidos.

A cúpula da CDEDEAO pediu uma investigação para determinar a responsabilidade destes distúrbios, que a oposição atribui aos membros de uma força antiterrorista especial, sem ter fornecido provas.

"A união sagrada" dos malienses é indispensável para evitar um colapso do Estado de consequências imprevisíveis no país, em seus vizinhos Níger e Burkina Faso, também cenário de atentados jihadistas mortais, "e incluso além", informou Issufu.

- Fim da trégua -

O movimento de protesto M5-RFP, uma coalizão heterogênea integrada por clérigos, opositores políticos e membros da sociedade civil, anunciou em 21 de julho uma "trégua" até o fim da grande festa muçulmana do Eid al Adha, em 31 de julho.

Mas os jovens do movimento, ponta de lança dos protestos contra Keita - eleito em 2013 e reeleito em 2018 -, pediram novamente no domingo a demissão do chefe de Estado e anunciaram a retomada das manifestações em 3 de agosto.

Enquanto isso, a violência continuava fora da capital. O corpo do prefeito de uma comuna na região de Tombuctu, no norte do país, foi encontrado "crivado de balas" no fim de semana, cerca de dez dias depois de ter sido sequestrado por homens armados.


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