Um singapurense se declarou culpado nesta sexta-feira (24) em um tribunal de Washington de usar sua empresa de consultoria nos Estados Unidos para coletar informação que entregava aos serviços de inteligência chineses, informou o Departamento de Justiça.
Jun Wei Yeo, também conhecido como Dickson Yeo, se declarou culpado de operar ilegalmente como agente estrangeiro e pode ser condenado a até dez anos de prisão.
Segundo sua admissão de culpabilidade, este doutor em políticas públicas foi recrutado em 2015 por agentes chineses inicialmente para proporcionar informação sobre países da Ásia, mas logo foi pedido que se concentrasse apenas nos Estados Unidos.
Em 2018, criou una empresa de consultoria falsa para recuperar currículos e informações sobre militares ou oficiais norte-americanos que trabalhavam em áreas sensíveis, e depois as enviavam para Pequim.
Contratava pessoas que "pagaram para escrever relatórios dizendo que eles eram destinados a clientes da Ásia, mas sem revelar que foram enviados ao governo chinês", dizia o documento.
Seu perfil no site profissional LinkedIn o apresentava como um "especialista em risco político que construiu pontes entre América do Norte, Pequim, Tóquio e o Sudeste Asiático".
Sua sentença será declarada em uma audiência em 9 de outubro desse ano.
O julgamento ocorre em um contexto de extrema tensão entre a China e os Estados Unidos, que nos últimos dias tem aumentado suas acusações de espionagem contra Pequim, chegando inclusive a ordenar o fechamento do consulado chinês em Houston sob suspeitas de ser um "epicentro" de espiões do regime comunista.
"O governo chinês está utilizando a duplicidade em diversas formas para obter informações sensíveis sobre americanos confiáveis. O senhor Yeo foi uma peça central de um destes truques", disse em um comunicado, John Demers, encarregado da segurança nacional no Departamento de Justiça norte-americano.