A cidade da Flórida onde os republicanos vão celebrar sua convenção nacional, impôs nesta segunda-feira (29) o uso obrigatório de máscaras, enquanto o aumento de casos nos Estados Unidos provoca divisões profundas sobre os esforços para conter a pandemia.
Com mais de 125.000 mortes no país e a escalada de infecções em muitos dos 50 estados, alguns governadores voltaram a fechar bares e restaurantes, embora a Casa Branca atribua o aumento de casos à maior quantidade de testes realizados.
O presidente Donald Trump esperava realizar a convenção nacional dos republicanos em um evento livre de distanciamento social em Jacksonville.
A nova medida desta segunda-feira representa um golpe três semanas após a transferência do evento de Charlotte, na Carolina do Norte, que impôs medidas estritas de prevenção.
Cerca de 200 médicos da Flórida escreveram uma carta a Lenny Curry, prefeito republicano de Jacksonville e apoiador de Trump, para suspender o evento.
O texto indica que cerca de 40.000 pessoas de todo o país são esperadas na convenção.
"Permitir que esse número de pessoas chegue a Jacksonville sem dúvida causará doenças, é previsivelmente prejudicial e desrespeitoso para os moradores desta cidade e para o resto do país", escreveram os médicos.
A carta também pedia ao prefeito que ordenasse o uso de máscaras. Neste aspecto, houve sucesso.
Curry não comentou a medida e deixou o anúncio a cargo de seu porta-voz.
Em um tímido esforço para conter a transmissão do vírus, a Flórida proibiu na sexta-feira a venda de bebidas alcoólicas dentro de bares.
As cidades costeiras do sul, incluindo Miami e Fort Lauderdale, anunciaram que fecharão as praias no próximo fim de semana, quando se celebra o Dia da Independência.
- Horas de fila no Texas -
Mensagens confusas do governo e da Casa Branca complicaram os esforços para conter a pandemia em um país com mais de 2,5 milhões de infectados.
Enquanto Trump minimiza a questão, seu próprio consultor de saúde alertou que o país está em um ponto de virada iminente.
"A janela está se fechando para que possamos agir e controlá-la", disse o secretário de Saúde e Serviços Humanos Alex Azar à CNN no domingo.
O vice-presidente Mike Pence defendeu no domingo o uso de máscaras, mas também disse que o governo delegará esse assunto aos governadores.
Pence usava uma máscara no domingo, quando visitou Dallas, onde se encontrou com o governador do Texas, Greg Abbott.
Dias antes, Abbott havia fechado todos os bares nas grandes cidades do estado, depois de reconhecer que a economia havia sido retomada muito cedo.
"A COVID-19 deu um salto muito rápido e perigoso no Texas nas últimas semanas", disse Abbott no domingo.
Os centros de testes de coronavírus do estado estão superlotados. Nesta segunda-feira, uma fila de mais de 200 veículos ocupava um estacionamento em Houston.
Em um deles estava Fernando Gálvez, um estudante de medicina de 24 anos que apresentava febre, tosse e dores no peito há três dias. "Estou esperando há quase sete horas, é uma loucura", disse ele pela janela do carro.
- "Acorda, América!" -
No vizinho Arkansas, o governador republicano Asa Hutchinson disse que estava "incentivando o uso de máscaras", uma medida menos impositiva do que a do governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom, que decretou seu uso obrigatório.
Em Nova York, antigo epicentro do vírus, os casos foram drasticamente reduzidos e o governador democrata Andrew Cuomo apelou para que os americanos levem a ameaça da pandemia mais a sério do que o governo federal.
"É hora de acordar, Estados Unidos. A Casa Branca nega o coronavírus desde o início e a resposta federal está incorreta", disse Cuomo.
Trump se mantém à margem da crise. Ele passou o domingo em seu clube de golfe na Virgínia e publicou dezenas de tuítes inflamados, mas evitou os problemas relacionados à COVID-19.
Seu rival eleitoral, o democrata Joe Biden fez uma recomendação ao tuitar: "Usem máscaras".