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Estado de Minas

Na África do Sul o grito de alerta dos profissionais da saúde


postado em 20/06/2020 11:31

Em meio ao estresse e fadiga, a falta de material e de formação, os profissionais da saúde da África do Sul enfrentam o aumento do número de pacientes do novo coronavírus, à espera do pico da pandemia, previsto para julho.

"Como é possível trabalhar com oito pares de luvas durante um turno de 12 horas?", questiona uma enfermeira do hospital de Livingstone na província de Cabo Oriental (sul), que pede para não revelar o nome.

Até o momento, a África do Sul, país do continente mais afetado pela doença, registrou quase 84.000 casos de infecção, com mais de 1.700 mortes, e antecipa o pico da pandemia dentro de algumas semanas.

A maioria dos casos está concentrada em três províncias: Cabo Ocidental (sul), Gauteng (norte) e Cabo Oriental (sul).

"É difícil prever se seremos capazes de administrar a situação", afirma um médico da cidade de East London, em Cabo Oriental, que denuncia a falta de respiradores e de formação dos profissionais da saúde.

"O sistema já funcionava mal antes, por isso é difícil preparar-se para uma pandemia", completa.

No hospital em que trabalha, o CTI foi fechado por uma semana após a descoberta de um caso de COVID-19. Os funcionários passaram por exames e o local foi higienizado, mas alguns pacientes faleceram.

"Não diria que morreram porque não pudemos recebê-los, mas talvez eles tivessem sobrevivido se tivessem sido admitidos no CTI", diz o médico.

Ao menos cinco hospitais de Cabo Oriental foram fechados momentaneamente para descontaminação após a detecção de mais de 200 casos entre profissionais de saúde da província, de acordo com o sindicato Hospersa.

A medida foi criticada pelo porta-voz do serviço de saúde de Cabo Oriental, Sizwe Kupelo.

"É uma epidemia mundial e não ouvi falar de nenhum outro país onde os profissionais da saúde pedem o fechamento de hospitais quando um caso é detectado", afirmou, indignado.

Outros hospitais fecharam por greves para denunciar as condições de trabalho, a falta de higiene e a carga de trabalho.

Beverley McGee, enfermeira que contraiu o vírus, expressou o mal-estar em uma carta enviada ao ministro da Saúde, Zweli Mkhize.

"Trabalhamos sem pausa em meu hospital", escreveu a funcionária de uma clínica particular de Cabo. "Nós, as enfermeiras, estamos extenuadas emocionalmente, cheias de fúria, ansiedade, medo, estresse e decepção."

"Cada vez que tento transferir um paciente para o CTI em nosso hospital de referência, eles me dizem que estão lotados", afirmou um funcionário da emergência de um hospital da região de Cabo (sul).

"Acho que vai ser muito, muito difícil. Temos recursos limitados de oxigênio e ter que decidir quem pode ter acesso me aterroriza", acrescenta, denunciando a situação de pacientes com dificuldades respiratórias obrigados a passar a noite sentados em cadeiras.

E a situação é cada vez mais complicada. Depois das grandes cidades, as zonas rurais começam a enfrentar o fluxo de pacientes da COVID-19.

"De um momento para outro, todos começam a dar positivo", disse um médico do hospital Nompumelelo, na pequena cidade de Peddie (sul). "Para os pequenos hospitais como o nosso o apoio não é suficiente".

"Será muito complicado se tentarmos continuar apresentando esta imagem de serenidade, preparação e calma que desejamos mostrar", adverte.

"Cabo Oriental é vulnerável, não podemos nos enganar. Nosso governo tem que acordar", completa.


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