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Estado de Minas

Irmão de Floyd exige ao Congresso uma reforma policial nos EUA


postado em 10/06/2020 20:25

O irmão de George Floyd - o americano negro cuja morte nas mãos da polícia desencadeou uma onda de protestos em todo o mundo - pediu ao Congresso nesta quarta-feira (10) o fim do sofrimento dos afro-americanos e o avanço da reforma policial.

Philonise Floyd compareceu diante da Comissão Judicial da Câmara dos Representantes - controlada pelos democratas - em uma audiência que abre caminho para o projeto de lei de reforma da Polícia, também apresentado pela oposição.

"Basta", disse Philonise, que entrou na sala usando uma máscara com a imagem de seu irmão George. Durante a audiência, ele falou sobre a dor que sentiu ao assistir o vídeo de oito minutos que mostra a agonia de seu irmão nas mãos de um policial branco que o sufocou com o joelho.

O vídeo agitou a opinião pública mundial e alimentou o maior movimento de protestos nos Estados Unidos desde o assassinato de Martin Luther King Jr. em 1968, com mobilizações pacíficas em sua maioria, com alguns tumultos.

"Acabem com o sofrimento", disse ele em seu testemunho um dia após o funeral de seu irmão em Houston. "Façam as mudanças necessárias para que a aplicação da lei seja a solução e não o problema", pediu Philonise.

A Polícia tem sido o centro das atenções desde a morte de Floyd, em 25 de maio, ao ser contido por um agente que o sufocou com o joelho depois de ser acusado de fazer um pagamento usando uma nota falsa em uma loja.

"Ele não merecia morrer por 20 dólares. Pergunto se esse é o valor da vida de um negro. Vinte dólares? Estamos em 2020", disse o irmão de Floyd.

"Quem sabe, falando com vocês hoje, eu possa garantir que sua morte não seja em vão, que não se torne outro rosto em uma camiseta e outro nome em uma lista", disse Philonise.

- A "dor" dos Estados Unidos -

O presidente da comissão, o democrata Jerrold Nadler, disse no início da sessão que "a violência motivada pelo racismo está no pecado original da escravidão", que continua a assombrar os Estados Unidos.

O legislador republicano de mais alto escalão da comissão, Jim Jordan, admitiu que é hora de uma discussão real sobre o tratamento policial aos afro-americanos.

"Os assassinos do seu irmão vão enfrentar a justiça", disse Jordan a Philonise Floyd.

Seu correligionário Jim Sensenbrenner apoiou a declaração, afirmando que a dor pela morte de George "se tornou a dor dos Estados Unidos".

Das 1.098 pessoas mortas nos Estados Unidos pela Polícia em 2019, um quarto eram negros, de acordo com o portal mappingpoliceviolence. Os afro-americanos no país representam menos de 13% da população.

- Um registro da violência -

Em nível federal, a Lei de Polícia e Justiça - que conta com o apoio de mais de 200 legisladores democratas - institui o registro de agentes que cometem abusos, facilita seu julgamento e repensa os processos de seleção e treinamento.

A implementação da reforma em um país onde existem cerca de 18.000 entidades policiais autônomas, incluindo órgãos municipais e delegados eleitos, é complexa.

O futuro desse processo, entretanto, é incerto caso os democratas não consigam o apoio dos republicanos, que dominam o Senado, e do presidente Donald Trump, que condenou a morte de Floyd, mas apoiou expressamente a Polícia.

O advogado da família Floyd, Benjamin Crump, afirmou durante a audiência que, se não houver responsabilidade, os casos de brutalidade policial "continuarão ocorrendo".

Durante a audiência, houve um amargo debate entre o legislador democrata Hakeem Jeffries e Dan Bongino, um radialista conservador que foi oficial do serviço secreto, chamado como testemunha.

Jeffries citou que muitos assassinos são presos sem incidentes, enquanto homens negros desarmados morrem nas mãos da polícia.

"Não sei por que ele está criando uma questão racial com isso", disse Bongino, ao qual o legislador respondeu usando o slogan dos protestos: "Porque vidas negras importam".

O apresentador respondeu: "Sim, todas as vidas importam".


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