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Estado de Minas

Americanos brancos se unem aos protestos contra o racismo


postado em 08/06/2020 12:19

Cada dia mais americanos brancos se unem aos protestos em favor do movimento "Black Lives Matter" após a morte de George Floyd, conscientes de que a discriminação contra os negros vai além da violência policial.

"É a primeira vez que participo nestas manifestações", disse à AFP Krista Knight, uma dramaturga de 36 anos, durante um protesto no fim de semana em Manhattan.

"Não participar é como enviar a mensagem de que eu não me importo. O silêncio sugere cumplicidade. Senti que eu tinha que sair de casa hoje", disse.

Ela escolheu a palavra "cumplicidade" para seu cartaz. Um termo muito utilizado por manifestantes brancos, que também denunciam o "silêncio branco".

O debate sobre a atitude dos americanos brancos ante o racismo sistêmico e as injustiças sofridas pela minoria negra nos Estados Unidos ao longo da história, que ganhou força pela morte de George Floyd, é intenso.

A designer gráfica Tatjana Gall protestou pela primeira vez no domingo.

"Fiquei com o coração partido com que aconteceu com ele", afirmou sobre o vídeo que mostra um policial branco asfixiando George Floyd com o joelho em seu pescoço no dia 25 de maio em Minneapolis.

"O mínimo que eu posso fazer é apoiar o movimento", completou.

- Protestos durante o verão -

"Já participei de muitos protestos por outras coisas, mas é a primeira vez pelo #BlackLivesMatter", revela Marianne Macrae, 58 anos, mais velha que a maioria dos manifestantes. "Não porque eu não estava interessada, mas porque nunca havia o lugar certo, a hora certa".

Agora, Marianne, que trabalha para uma ONG de combate à pobreza, faz um apelo de tomada de consciência aos compatriotas brancos e afirma que está pronta para manifestações por todo o "verão, até o o outono, até a eleição presidencial" de novembro.

Para os mais jovens, maioria nas manifestações, protestar é algo natural.

"Cresci em Houston (Texas) em Nova Orleans, duas cidades com importantes populações negras", disse Ross, um músico de 25 anos que muitas vezes observou amigos negros com medo ante a aproximação da polícia.

"Estas pessoas são nossas amigas, vizinhos, trabalham ao nosso lado", disse.

Uma pesquisa recente da Universidade Monmouth mostra uma empatia crescente da população negra com os riscos que os negros correm em relação à polícia: 49% dos brancos, e 57% dos americanos em geral, consideram que é mais provável que um policial utilize força excessiva com um suspeito negro, muito acima dos que pensavam desta maneira em 2016 (25%), segundo o estudo.

E 78% dos americanos consideram a revolta provocada pela morte de George Floyd "completamente" ou "parcialmente justificada".

- "Um sistema concebido por nós" -

A sensibilidade ao racismo é perceptível nas redes sociais.

Meredith Parets, professora em Phoenix (Arizona), se uniu aos protestos no fim de semana. Também se associou a dois grupos no Facebook - incluindo o braço local do grupo "White people for black lives" ("Pessoas brancas pelas vidas dos negros") que tem quase 900 integrantes e busca fazer com que os brancos detectem e combata formas sutis de racismo.

"Antes eu pensava que os supremacistas brancos eram os neonazistas e a KuKluxKlan (...) e pensava que se você não escolheu fazer parte disso que você não fazia parte", explica a americana de 47 anos.

Agora percebo que (...) "todo o sistema foi concebido por nós".

A professora escreveu a seus representantes na Assembleia Legislativa e pediu que aprovem o financiamento a um organismo de supervisão da polícia. Também exige que proíbam as técnicas de asfixia para imobilizar suspeitos.

Para Candace McCoy, especialista em manifestações raciais na Universidade da Cidade de Nova York (CUNY), esta mobilização branca é "uma das grandes diferenças dos protestos dos últimos 30 anos", como os que aconteceram após a violência policial em Ferguson, Missouri, em 2014 após a morte do jovem negro Michael Brown ou em 1992 pelas agressões de Rodney King em Los Angeles.

Ela compara a atual mobilização com as manifestações pelos direitos civis dos anos 1960, sobretudo a marcha em Washington DC de 28 de agosto de 1963, quando muitos brancos protestaram ao lado do reverendo Martin Luther King.


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