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Estado de Minas RACISMO

George Floyd: Mineira relata clima tenso e manifestações em Minneapolis

Noite da quinta-feira (29) foi a terceira consecutiva de protestos; manifestantes invadiram delegacia e incendiaram carros e móveis, e diversas lojas foram saqueadas


postado em 29/05/2020 16:48 / atualizado em 30/05/2020 14:08

(foto: Reprodução/AFP)
(foto: Reprodução/AFP)
A morte de um homem negro em Minneapolis, nos Estados Unidos, causou uma onda de indignação depois da divulgação das imagens onde é possível ver um policial branco ajoelhado sobre o pescoço do detido. George Floyd foi morto asfixiado pelo peso do policial sobre ele. Nas imagens, feitas na última segunda-feira (25), o homem, de 40 anos, reclama diversas vezes: “não consigo respirar”. Inspirados pelo sentimento de justiça, milhares de americanos saíram nas ruas para se manifestar contra o abuso da polícia e o racismo estrutural. Em conversa com o Estado de Minas, a mineira Junia Nogueira, de 33 anos, que faz doutorado em epidemiologia em Minneapolis, onde o crime aconteceu, relata o clima tenso na cidade.

A noite de quinta-feira (28) foi a terceira consecutiva de protestos. Manifestantes invadiram uma delegacia e incendiaram carros e móveis. Diversas lojas foram saqueadas. Um jornalista negro da rede americana CNN foi detido por cobrir as manifestações. “É triste. É uma situação muito atípica e muito triste. Sinto que as pessoas entendem o quanto o racismo estrutural está imposto e por isso se manifestam. Todos nós queremos justiça”, diz a mineira.

De acordo com Júnia, apesar das imagens de caos, a maioria das manifestações na cidade são pacíficas. “A maioria dos protestos acontecem no Sul da cidade, e a grande maioria é pacífica e civil. Sinto que existe esse sentimento de indignação. A grande maioria das pessoas são brancas, mas conseguem entender o sistema de opressão em que vivemos”, conta.


Pandemia e manifestações

A epidemiologista se mudou com o marido para os Estados Unidos em 2011 e agora faz doutorado em epidemiologia na Escola de Saúde Publica da Universidade de Minnesota.

Ela compartilha também dados sobre a pandemia do novo coronavírus. De acordo com relato do governo americano, o estado possui 967 mortos e 22,947 infectados. Os Estados Unidos acumulam até a tarde desta sexta-feira (29) 103,460 mortes e 1,766,858 infectados. “Pelo o estado ter menores números, o governador já organiza a reabertura. Apesar disso, as máscaras são obrigatórias”, conta. 

Junia também explica que o coronavírus não foi capaz de impedir as manifestações. “As pessoas estão saindo usando máscaras, em grande maioria, mas o isolamento social, este fica um pouco comprometido”, explica. Mesmo assim, ela faz um alerta. "Começamos o isolamento muito cedo, por isso esse clima mais leve e menos casos", explica. 

A mineira ainda conta sobre a vida na cidade. De acordo com ela, Minneapolis é uma cidade tranquila, mesmo depois das manifestações. “Eu me sinto segura onde moro. E estou trabalhando de casa, por conta do vírus. Mas é triste, porque o sentimento é igual ao de todo mundo. A justiça precisa ser botada em prática”, afirma. 
 
(foto: Reprodução/AFP/Kerem Yucel)
(foto: Reprodução/AFP/Kerem Yucel)
 

Marcas do passado

A morte de George Floyd relembrou aos americanos o episódio Eric Garner. O jovem negro morreu a ser preso em 2014, em Nova York. Garner repetiu "Não consigo respirar" 11 vezes. Ele foi preso desarmado, suspeito pela polícia de vender ilegalmente cigarros soltos. A frase "não consigo respirar", repetida por Eric Garner em 2014 antes de morrer, tornou-se um grito de guerra para ativistas que protestam contra brutalidade policial contra negros.

Na quinta-feira, a morte de George Floyd motivou protestos em outras cidades norte-americanas, como Nova York. Os manifestantes se reuniram na Union Square, em Manhattan, repetiram a frase "não consigo respirar". Além deste, houve registro de manifestações também em Denver (Colorado), Los Angeles (Califórnia), Chicago (Illinois), Phoenix (Arizona) e Memphis (Tennessee).
 
Além disso, Derek Chauvin, policial branco envolvido na morte, foi preso em Minneapolis durante a tarde. Segundo informações divulgadas pela BBC, Derek  é um dos 4 policiais que foram afastados da corporação após a morte de George Floyd. Vale relembrar que foi ele que foi filmado imobilizando Floyd com o joelho, enquanto ignorava as súplicas da vítima e das testemunhas que assistiram ao assassinato.
 
* Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa
 


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