A taxa de desemprego no Brasil aumentou para 12,6% no trimestre de fevereiro a abril, e o país perdeu 4,9 milhões de postos de trabalho - informam dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (28), mostrando os efeitos da pandemia.
Em relação ao trimestre anterior, de novembro a janeiro (11,2%), a taxa de desemprego registrou um aumento de 1,4 ponto percentual, acrescentou o IBGE.
"Um indicador que reflete os efeitos da pandemia da COVID-19 no mercado de trabalho, a população ocupada, teve uma queda recorde de 5,2% em relação ao trimestre encerrado em janeiro, representando uma perda de 4,9 milhões de empregos, que foram reduzidos para 89,2 milhões", afirmou a instituição em um comunicado.
As perdas foram registradas tanto no setor formal quanto informal e em sete das dez atividades econômicas analisadas pelo instituto.
Comércio (-1,2 milhão de vagas), construção (-885.000) e serviços domésticos (727.000) foram particularmente afetados.
"Várias famílias podem ter dispensado seus trabalhadores domésticos com base no isolamento. É uma queda bastante acentuada" nesse setor, comentou Adriana Beringuy, analista do IBGE.
No total, 12,8 milhões de brasileiros procuravam emprego entre fevereiro e abril.
O Brasil também registrou um número recorde de 5 milhões de pessoas em situação de "desalento", ou seja, aqueles que, por algum motivo, pararam de procurar trabalho.
"São aqueles, por exemplo, que não estão mais procurando emprego, porque não têm qualificação suficiente, ou porque são considerados jovens, ou velhos, demais, ou porque não havia trabalho na cidade, ou na região em que vivem. Esse desânimo aumentou muito", relatou Beringuy.
Com 210 milhões de habitantes, o Brasil ultrapassou na quarta-feira (27) a marca de 25.000 mortes pelo novo coronavírus e totalizou mais de 400.000 casos de contágio.
De forma desigual, vários estados e capitais do país impuseram desde março restrições para conter a disseminação do vírus, como o fechamento de escolas, comércios não essenciais e outros serviços.
O governo estima que o PIB do Brasil (que representa um terço do total da América Latina) cairá 4,7% em 2020, o que seria sua pior recessão anual em pelo menos 120 anos.