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Estado de Minas

UE revela megaplano de reconstrução; América Latina vive embates sobre coronavírus


postado em 27/05/2020 16:55

A União Europeia apresentou um plano de 750 bilhões de euros nesta quarta-feira (27) contra o impacto do novo coronavírus, que deixou mais de 350.000 mortos no mundo e continua avançando na América Latina, especialmente no Brasil.

O plano europeu segue outras medidas de emergência aprovadas em todo o mundo para resgatar as economias, fortemente atingidas pela pandemia de COVID-19, que infectou mais de 5,6 milhões de pessoas.

O Brasil, que contabilizou 1.039 óbitos pelo coronavírus nas últimas 24 horas, é há quatro dias o país que registra o maior número de mortes diárias, superando os Estados Unidos, onde o balanço diário mais recente foi de 657 falecimentos.

Com mais de 24.500 mortes no total e 391.222 contágios declarados, o Brasil é o segundo país com mais casos de COVID-19 no mundo e o sexto em número de falecimentos, embora especialistas afirmem que devido à falta de exames, o número real de contágios poderia ser até 15 vezes maior.

Os novos casos diários na América Latina superaram os da Europa e os dos Estados Unidos e transformaram o subcontinente, "sem dúvida nenhuma", no novo epicentro da pandemia, segundo a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS).

Com a economia mundial paralisada, os estragos do coronavírus em nível socioeconômico são devastadores. Nesta quarta-feira, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou que um em cada seis jovens está sem trabalho devido à pandemia.

Neste contexto, a Comissão Europeia apresentou um plano de 750 bilhões de euros (825 bilhões de dólares) ao Parlamento Europeu e aos Estados-membros do bloco nesta quarta para ajudar os países a enfrentarem a crise econômica provocada pela pandemia e com uma combinação de empréstimos e ajuda.

"É o momento da Europa", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, em um chamado à solidariedade.

"O custo da inação nesta crise será muito maior para nós", advertiu.

Prevê-se que o plano dará lugar a árduas negociações, pois os países estão divididos entre os que querem que se faça na forma de empréstimos reembolsáveis e os que querem que seja na forma de ajudas diretas para não aumentar suas dívidas.

- Pedir comida pela primeira vez -

A crise de saúde agravou a situação dos mais vulneráveis. De acordo com a ONG Oxfam, a pandemia pode levar 500 milhões de pessoas à pobreza.

Na Espanha, a crise impactou uma economia que já registrava a segunda maior taxa de desemprego da Eurozona, atrás apenas da Grécia, e levou muitas pessoas a pedirem comida pela primeira vez na vida.

"Cubro o rosto porque sinto muita vergonha, eu nunca pedi na vida", disse Jacqueline Álvarez, de 42 anos, enquanto segurava em uma das mãos uma bolsa cheia com doações no bairro humilde de Aluche, em Madri.

O país, que nesta quarta-feira iniciou um luto nacional de 10 dias em memória dos mais de 27.000 mortos de COVID-19, avança na flexibilização do confinamento.

O número real de falecidos na Espanha é incerto. Entre 13 de março e 22 de maio, o país registrou um excesso de óbitos de 43.000 pessoas com relação à média dos últimos dez anos.

E a isso se soma a incerteza econômica, que pressiona os governos.

Muitos países querem reativar o turismo, setor-chave em muitas economias e totalmente paralisado com a pandemia.

Neste sentido, a Itália pede uma retomada coordenada dos deslocamentos na Europa a partir de 15 de junho, que poderia virar o "Dia D" do turismo, declarou seu ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio.

No Chipre, as praias foram reabertas, mas com espreguiçadeiras e guarda-sóis separados, e o governo se disse disposto a pagar as despesas médicas de qualquer visitante que se contamine com o novo coronavírus durante sua estada.

Mais ao norte, na Rússia, o governo anunciou que o país superou o pico da epidemia e anunciou que o confinamento começará a ser flexibilizado a partir de 1º de junho em Moscou.

- Uma igreja de luto -

Nos Estados Unidos, o país mais afetado e perto de superar a barreira simbólica de 100.000 mortos, foram registradas menos de 700 mortes em 24 horas pelo terceiro dia consecutivo, segundo o balanço da Universidade Johns Hopkins.

Em Nova York, a cidade mais atingida pela doença no país, a igreja do pastor Fabián Arias está de luto. A congregação perdeu 44 fiéis em dois meses, devido ao coronavírus. Pelo menos 90% deles são imigrantes latinos.

Em meio à tragédia, este pastor luterano argentino que denuncia as desigualdades exacerbadas pela administração Trump estabeleceu uma rede para alimentar mais de 500 famílias por semana. Por causa do desemprego gerado pela pandemia, elas não têm o que comer.

"Não queremos que as pessoas morram. Queremos que as pessoas possam viver com dignidade", declarou o pastor, que participou de 20 funerais para vítimas do vírus, inclusive nas residências das vítimas, quando a família não tem condições de pagar por uma funerária.

Se os números parecem estáveis nos Estados Unidos, na América Latina, os balanços diários de mortes continuam aumentando.

A propagação do coronavírus está "acelerando" no Brasil, no Peru e no Chile, advertiu a OPAS, que defende a continuidade das medidas de contenção.

Em La Pintana, região operária de Santiago do Chile, onde 2.118 casos de COVID-19 foram confirmados, os moradores se mobilizaram para se ajudar.

"Se não saio, não como. Meu marido trabalha na construção, estamos sem nada", explicou Claudia Gutiérrez, mãe de três filhos, enquanto recolhia cinco porções de comida quente em um mutirão que preparou refeições na localidade de 6 de Mayo.

Mais da metade dos novos casos de COVID-19 no Chile são de menores de 40 anos, alertaram as autoridades.

No Peru foram confirmados 130.000 contágios e mais de 3.780 óbitos, enquanto no México o número de mortos passou de 8.000, cifra que o governo havia estimado como o máximo que o país teria durante a pandemia.

A Bolívia anunciou que fará a "mãe das quarentenas" na região amazônica de Beni, na fronteira com o Brasil, que será "encapsulada" por militares e policias para conter uma escalada explosiva do novo coronavírus.

Na Venezuela, o governo de Nicolás Maduro anunciou que até domingo passado o vírus deixou 1.121 contagiados e dez mortos neste país de 30 milhões de habitantes.

Os dados foram chamados de falsos e "absurdos" pela ONG Human Rights Watch (HRW) e pela Universidade Johns Hopkins.

"Acreditamos que os números, as estatísticas divulgadas pelo governo da Venezuela, as estatísticas de Maduro, são absolutamente absurdas e não são confiáveis", afirmou o diretor da HRW para as Américas, José Miguel Vivanco.

Uma estimativa conservadora situaria a quantidade de mortos pelo vírus no país em "pelo menos 30.000", segundo a Universidade Johns Hopkins.

As tensões provocadas pela pandemia e a dureza do confinamento crescem em todo o mundo, e a Cruz Vermelha registrou ao menos 200 incidentes violentos contra o pessoal sanitário desde o início da crise.


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