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Estado de Minas

Roberto Azevêdo, futuro ex-diretor de uma OMC em crise


postado em 14/05/2020 16:13

O brasileiro Roberto Azevêdo, diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC) que anunciou sua renúncia nesta quinta-feira, é um diplomata que não conseguiu preservar a instituição das tensões e conflitos entre a China e os Estados Unidos.

Azevêdo, de 62 anos, explicou que renunciou por motivos familiares depois de conversar com sua esposa, também diplomata em Genebra, suas duas filhas e sua mãe. Ele garante não ter ambições políticas no Brasil, onde alguns dizem que ele quer ser presidente.

Em 2013, quando foi eleito diretor-geral, Azevêdo tinha a seu favor as conquistas do Brasil, que ele representava na OMC desde 2008.

Seu objetivo era tirar a organização do ciclo de Doha iniciado em 2001 com o objetivo de liberalizar o comércio internacional e promover o desenvolvimento dos países menos desenvolvidos.

"Trata-se de tornar o sistema compatível com o mundo de hoje (...) É preciso um diretor-geral que possa arregaçar as mangas, sentar-se com os Estados-membros e conversar com eles em pé de igualdade", disse na época à AFP.

Azevêdo foi reeleito em 2017 e deveria terminar seu mandato em meados de 2021. Ele, no entanto, deixará a organização em setembro, com alguns êxitos na sua gestão, como um acordo para facilitar trocas, alcançado em Bali em 2013, ou a extensão de um acordo sobre tecnologias da informação dois anos depois.

Esses acordos "não apenas melhoraram a vida" da população, mas "demonstraram que a OMC é um ambiente favorável aos negócios. Eles também demonstraram que 164 membros podem trabalhar juntos para resolver problemas complexos", afirmou ele na campanha pela reeleição.

Roberto Azevêdo abriu as portas da OMC para Iêmen, Seychelles, Cazaquistão, Libéria e Afeganistão. Falhou, contudo, "em fazer evoluir favoravelmente os grandes (des) equilíbrios do sistema regulado pela OMC", diz Sébastien Jean, diretor do Centro de Estudos Prospectivos e Informações Internacionais (CEPII).

Azevêdo nasceu em 3 de outubro de 1957 em Salvador, na Bahia, e é formado em Engenharia pela Universidade de Brasília.

Em 1984, ingressou no serviço diplomático brasileiro e, em 2011, participou da criação da Coordenação Geral de Litígios do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que liderou por quatro anos.

Em 2005, tornou-se chefe do departamento econômico do ministério e de 2006 a 2008 foi vice-secretário geral de assuntos econômicos.

Paradoxalmente, no entanto, seu "perfil de insider sistema da OMC não foi necessariamente propício a lhe dar autêntica influência ao curso dos acontecimentos", analisa Sébastien Jean.

Para responder às crescentes ambições da China, os Estados Unidos, sob a presidência de Barack Obama (2009-2017), começaram a endurecer nas rodadas da organização, bloqueando as nomeações dos juízes do órgão de apelação do Órgão de Solução de Controvérsias (OSC).

O atual presidente dos EUA, Donald Trump, relutante ao multilateralismo, acusa essa instância de exceder seus poderes emitindo decisões que, segundo Washington, violam a soberania nacional e, portanto, bloqueiam totalmente sua operação desde dezembro de 2019.

Roberto Azevêdo foi diplomata em Washington (1988-91), Montevidéu (1992-94) e na representação brasileira nas Nações Unidas em Genebra (1997-2001). Sua esposa Maria Farani, 62, com quem ele teve duas filhas, também é diplomata, embaixadora do Brasil na ONU em Genebra desde 2016.


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