Sistema de Saúde eficiente e população engajada com as diretrizes governamentais contra o coronavírus se tornaram grandes aliados no combate COVID-19 na Holanda. O pico da doença nos Países Baixos ocorreu por volta de 8 de abril e o distanciamento social foi essencial para que números de infectados e de mortes fossem baixos. Pela internet, a médica psiquiatra Alice Barreto, que mora na Holanda há 20 anos, conta os detalhes do cotidiano no país. No depoimento, Alice destaca como tem atendido os pacientes e como podemos ser mais empáticos nesse "novo normal pós-pandemia".
Leia o relato completo:
“Meu nome é Alice Barreto, eu sou médica psiquiatra da infância da adolescência, moro nos Países Baixos, Holanda, já há 20 anos. Eu tenho feito muitos atendimentos virtuais, por vídeo-chamada ou por telefonema, e as coisas têm acontecido bastante bem. A gente tem aprendido muito durante essa crise.
A gente aqui começou com esse problema do coronavírus e a doença COVID-19 no carnaval deste ano. A doença chegou vinda da Itália ao Sul da Holanda, que é católico e festeja o carnaval. Nessa região, aconteceram muitas internações, muitos falecimentos, muitas internações em estado crítico. No Norte da Holanda, a gente teve menos casos. Nós chegamos a quase encostar no nosso limite máximo de leitos de terapia intensiva.
Foi incrível o trabalho conjunto de todos os hospitais. Nós não temos vários níveis de Saúde; nós só temos um nível, o nível segurado. Seguro de Saúde na Holanda é compulsório. Nós não temos vários sistemas que correm paralelamente, como acontece no Brasil. Então, isso torna mais fácil o trabalho conjunto entre todos os serviços de saúde.
Agora, desde 8 de abril, os casos têm declinado, os casos graves. Está tendo cada dia menos internações hospitalares, cada dia menos leitos ocupados com pacientes por COVID-19. E por causa disso, hoje são 23 de abril, o governo decidiu que no próximo 11 de maio, as escolas primárias, (que atendem crianças) até 12 anos de idade, serão reabertas. O resto, teatros, cinema, restaurantes, lanchonetes, fisioterapeuta, dentistas, todas esse setores e profissões de contato em lugares onde o público fica, continuam fechados.
A gente tem reavaliado o que realmente é importante. E é a saúde, é o amor, é a amizade, o contato social, que agora não está sendo pessoal, mas sim virtual, mais intenso e até mais próximo do que a pura proximidade física.
Eu espero que a gente leve essas lições, e que a gente inaugure um "novo normal", que seja um normal melhor do que o normal até antes dessa crise. Cuide bem de você mesmo, cuide bem dos seus parentes, cuide bem de quem você ama, enquanto for necessário fique em casa, mantenha distância.”
(* Estagiário sob supervisão do subeditor Fred Bottrel)