O Federal Reserve, o Banco Central americano, afirmou nesta quarta-feira que a pandemia de coronavírus já causou "enormes" problemas econômicos e de saúde e alertou que os danos à economia dos Estados Unidos continuarão.
A crise "pesará sobre a atividade econômica, o emprego e a inflação no curto prazo, e apresenta riscos consideráveis para as perspectivas econômicas no médio prazo", afirmou o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), que definiu as políticas.
O Banco Central manteve a taxa básica de juros em zero e disse que permanecerá assim até que a economia aguente a crise e esteja pronta para retomar o crescimento.
A declaração do Fed foi dada após anúncio chocante de que a economia americana entrou em colapso no primeiro trimestre, um sinal precoce dos danos causados pelo coronavírus.
O presidente do Fed, Jerome Powell, alertou que "a atividade econômica provavelmente cairá a uma taxa sem precedentes no segundo trimestre" a uma taxa "pior do que vimos" e acompanhada por um alto desemprego que durará algum tempo.
A contração de 4,8% do PIB nos três primeiros meses do ano foi ainda mais preocupante, uma vez que as mais rígidas paralisações de negócios e pedidos de estadia em casa não ocorreram até as últimas semanas de março.
Os economistas estão prevendo um declínio no crescimento de até 40% no segundo trimestre, em meio ao colapso dos gastos dos consumidores e dos investimentos das empresas.
As perdas de empregos atingiram 26 milhões desde meados de março, e as empresas estão começando a fazer cortes mais permanentes devido às perspectivas incertas, incluindo a gigante aeroespacial Boeing, que planeja cortar 10% de sua força de trabalho.
O Banco Central agiu rapidamente para se antecipar às más notícias, com o FOMC cortando a taxa básica de juros para zero no meio do mês passado, após duas reuniões de emergência.
A instituição prometeu manter as taxas em zero "até ter certeza de que a economia resistiu a eventos recentes e estar a caminho de alcançar suas metas máximas de emprego e estabilidade de preços".
Todos os instrumentos
O Banco Central está "comprometido com o uso de toda a nossa gama de instrumentos para apoiar a economia, a fim de garantir que a recuperação seja a mais robusta possível", disse Powell em uma entrevista coletiva após uma reunião de de dois dias.
Ele observou que o Congresso se moveu rapidamente para fornecer apoio a empresas e famílias, mas disse que "pode muito bem ser que a economia precise de mais apoio de todos nós, se fora para uma recuperação robusta".
E ele disse que agora "não é o momento" de deixar uma preocupação com déficits fiscais "nos impedir de vencer esta batalha".
"Este é o momento de usar o grande poder fiscal dos Estados Unidos para fazer o possível para apoiar a economia e tentar superar isso com o mínimo de danos possível à capacidade produtiva da economia a longo prazo", disse Powell a repórteres.
Powell alertou que é difícil prever quando a recuperação ocorrerá, especialmente com os possíveis danos à capacidade produtiva da economia dos EUA.
Sobre a incapacidade do Fed de poder gastar, limitando-se a emprestar a mutuários viáveis, Powell disse que o Banco Central fará "até o limite absoluto desses poderes".
"O surto de coronavírus está causando enormes dificuldades econômicas e humanas nos Estados Unidos e no mundo. O vírus e as medidas tomadas para proteger a saúde pública estão induzindo acentuados declínios na atividade econômica e um aumento nas perdas de empregos", afirmou o FOMC.
O comitê prometeu continuar seus esforços para injetar recursos no sistema financeiro a fim de garantir que este não paralise e também comprar dívida do Tesouro dos EUA, títuos de hipotecas e outras dívidas de empresas "nos montantes necessários para apoiar o bom funcionamento do mercado".