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Estado de Minas COVID-19

COVID-19: América Latina está perto de enfrentar o pior momento da pandemia

Alerta foi feito pela OMS, enquanto Equador revisa o total de infectados para o dobro do anunciado. Números da Nicarágua causam suspeita, e crise na Venezuela desperta preocupação


postado em 25/04/2020 04:00

Policiais venezuelanos desinfetam em plena rua mãe e criança que acabavam de chegar da Colômbia(foto: Schneyder Mendoza/AFP)
Policiais venezuelanos desinfetam em plena rua mãe e criança que acabavam de chegar da Colômbia (foto: Schneyder Mendoza/AFP)


A América Latina deverá receber, em breve, o maior impacto da pandemia do novo coronavírus. O alerta partiu da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendou às nações a realização de testes de diagnóstico em massa. A COVID-19 tem golpeado países de forma distinta, e os desafios apresentados também são variados. Com mais de 50 mil casos de infecção e 3.650 mortes, o Brasil segue como epicentro da doença na região. As maiores preocupações, no entanto, são com Venezuela e Nicarágua, que enfrentam graves crises socioeconômica e política.

A pandemia também coloca em xeque o sistema sanitário do Equador. O país se viu obrigado a revisar os números de infectados, que praticamente dobraram – de 11.183 para 22.160 –, segundo o ministro da Saúde, Juan Carlos Zevallos. Na quinta-feira, o Peru estendeu o confinamento da população até 10 de maio e anunciou o repasse de 760 soles (cerca de R$ 1.225) a 6,8 milhões de famílias. Com um dos regimes de quarentena mais rigorosos do planeta, a Argentina deve manter as restrições pelo menos até domingo.

“O epicentro da epidemia está se mudando da Europa para as Américas, o que nos deu tempo para nos preparar para o que está por vir”, declarou Cristian Morales, representante no México da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). “Estamos prestes a experimentar o pior momento da epidemia na região e no México”, acrescentou. Até o fechamento desta edição, os mexicanos somavam 10.544 infecções e 970 mortes.

Em entrevista aos Diários Associados, Diego Ribadeneira, embaixador do Equador em Brasília, explicou que o aumento no número de casos confirmados se deve ao fato de que o país conta com novas equipes de monitoramento da COVID-19. “Elas fizeram 23.856 novos testes, com um resultado de 10.977 casos positivos e 12.879 negativos. Por isso, temos 22.160 casos confirmados. Os casos descartados somam 25.079, enquanto o total de mortos pelo vírus é de 560 pessoas”, afirmou. Segundo o diplomata, o governo do presidente Lenín Moreno tem se esforçado para repatriar cidadãos ávidos em regressar a Quito. “Pelo menos 2.800 equatorianos retornaram ao país neste mês, com a ajuda de embaixadas e da chancelaria equatoriana. Falta o regresso de 1.900”.

Presidente-editor do jornal El Nacional, de Caracas, o venezuelano Miguel Henrique Otero espera um “tsunami” em seu país. “O sistema de saúde da Venezuela está praticamente desmantelado, e as pessoas não contam com gasolina, eletricidade e água potável. Quando se soma o tsunami do coronavírus à situação do sistema sanitário e da economia, percebe-se que as consequências da pandemia serão muito piores do que no Primeiro Mundo. O governo de Nicolás Maduro trata de esconder as estatísticas sobre mortos e infectados”, comentou. As autoridades venezuelanas anunciaram 298 casos de infecção e 10 óbitos. O presidente autoproclamado, Juan Guaidó, ofereceu US$ 100 a cada funcionário do sistema de saúde. “Mas não há muito que ele possa fazer, pois não maneja a parte operacional do governo”, disse Otero. A equipe de reportagem tentou uma entrevista com Guaidó, mas a assessoria afirmou que somente seria possível a partir da próxima semana.

DEFICIÊNCIAS

Por sua vez, José Vicente Carrasquero Aumaitre, professor de ciência política da Universidad Simón Bolívar (em Caracas), admitiu que a Venezuela tem uma “altíssima probabilidade de ser golpeada pela pandemia”. “Não há possibilidade de respeito ao confinamento e ao distanciamento social. Maduro não tem capacidade de fazer testes de detecção nos venezuelanos”, explicou. Ele acrescentou que Guaidó coordena ajuda externa, “muitas vezes entorpecida pela ditadura”. “A Venezuela se perfila como um caso que deverá ser devidamente observado pela ONU para determinar a necessidade de uma intervenção humanitária antes que seja tarde demais”.

As autoridades da Nicarágua garantem que havia, até ontem, apenas 11 casos de COVID-19 e três mortes no país. Presidente da Associação Médica Nicaraguense, Greta Solís afirmou acreditar em subnotificações. “Não estamos fazendo testes de diagnóstico de COVID-19 junto à comunidade. Os baixos números também indicam que haja alguma subnotificação, pois, do ponto de vista epidemiológico, há acompanhamento de 270 pacientes suspeitos. Também acreditamos que haja transmissão comunitária do novo coronavírus dentro da Nicarágua. Os médicos e enfermeiros precisam atuar imediatamente e detectar os doentes, ou teremos de enfrentar muitas mortes”, explicou. Ela denunciou que a maioria dos médicos não conta com equipamentos de proteção individual. Segundo Solís, o presidente Daniel Ortega não apoia medidas de isolamento social. “Ele estimula o povo a ir à praia e a manifestações políticas. É um suicídio. Mas, as pessoas não têm dado muita atenção e a maioria tem permanecido em casa”.


PONTOS DE VISTA

Cenário ainda muito delicado

“A situação em Guayaquil é muito delicada. Isso porque 75% das infecções se encontram na Província del Guayas, cuja capital é Guayaquil. As autoridades controlaram o sistema hospitalar e colocaram em funcionamento o sistema funerário”
  • Diego Ribadeneira, embaixador do Equador em Brasília

Crise “terrível” na Venezuela

“Maduro não se preocupa com a vida dos venezuelanos. Em meio à terrível crise, o coronavírus é um elemento a mais. Em meu país, 80% dos venezuelanos vivem em condições marginais, com grave desnutrição e desabastecimento”
  • Miguel Henrique Otero, presidente do jornal El Nacional


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