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Estado de Minas

Depois da internação, sintomas que persistem e pouco acompanhamento


postado em 24/04/2020 13:07

O médico Philippe Vasseur foi hospitalizado e assistido por oxigênio por 13 dias em Paris, devido à COVID-19. Três semanas depois, enquanto tentava reeducar sozinho sua respiração, conta à AFP que os sintomas persistem para "alertar" sobre a necessidade de informar médicos e pacientes.

O médico da unidade médico-judicial do hospital Hotel-Dieu de Paris, onde recebe principalmente vítimas de agressões e estupro, acredita ter sido infectado pelo novo coronavírus no exercício de sua função.

Com 64 anos e um "peso de homem jovem", ele não apresenta - ressalta - nenhum dos fatores considerados favoráveis à doença: "nem obesidade, diabetes, nem hipertensão". Ele se define como "atleta".

Em 13 de março, Vasseur sentiu os sintomas geralmente descritos: tosse seca, resfriado e muito cansaço.

No dia 20, com febre alta de 41,7ºC, sua esposa sugeriu, preocupada, que ele ligasse para o setor de Emergência. Verificou sua frequência respiratória simplesmente colocando a mão no peito: contou entre 20 e 22 respirações por minuto, quando a frequência normal é de 10 a 15.

- Ambulância e oxigênio -

Essa ação simples e eficaz o convenceu de que ele deveria parar de "negar" o óbvio.

"Até então, me dizia que estava bem. A sensação de estar sem fôlego é um sintoma de gravidade, mas às vezes é difícil mensurar isso, devido à grande fadiga", explica.

O oxímetro, que permite medir a concentração de oxigênio no sangue, também indicou uma queda para 90% (entre 95% e 100% normalmente).

Transportado de ambulância para o hospital Cochin, em Paris, Vasseur foi submetido a exames que revelaram lesões nos pulmões. O teste de PCR nasal confirmou que era positivo para COVID-19.

Ele passou uma noite na Emergência e, no dia seguinte, foi transferido para a unidade de pneumologia, auxiliado com oxigênio e tratado com antibióticos. Após descartarem uma embolia pulmonar no final de março, a febre diminuiu.

"Depois de 13 dias com oxigênio, tudo estava bem e eu pude ir embora", em 4 de abril.

Naquele momento, a França registrava 5.500 mortes pelo novo coronavírus (em comparação com quase 22.000 hoje) e quase 7.000 pacientes em reanimação.

"Assim que saí do meu leito, ele já estava ocupado novamente", lembra ele.

Já em casa, a tosse persistiu por seis, ou sete dias, além de dores no peito e "calafrios e tremores".

Três semanas depois, Vasseur lista os sintomas prevalecentes.

"De manhã", como a posição deitada é menos favorável para respirar, "sinto um peso grande no peito. Há cerca de 10 dias, durmo com duas almofadas, em vez de três. Não consigo respirar fundo. Ainda me sinto muito cansado, sem fôlego quando falo. Não tenho mais febre, mas o suor noturno me força a trocar de camisa duas a três vezes por noite", relata.

"Não tenho mais calafrios, ou tremores, mas, mesmo agora enquanto falo, sinto frio nas mãos", acrescenta ele, explicando que isso acontece porque o corpo direciona o oxigênio disponível para "órgãos nobres", indispensáveis à vida, como o coração, os pulmões e o cérebro, em detrimento das extremidades.

"Não sabemos quais são as consequências desse vírus. Para tentar evitá-las, eu me reabilito apenas com séries de expirações e inspirações e soprando suavemente por um canudo para fazer bolhas em um copo de água", completa.

Mas "você precisa fazer isso pouco a pouco para não irritar os pulmões e tossir novamente", ensina.

Para o dr. Vasseur, o paciente que não passou pela UTI fica um pouco entregue à própria sorte quando volta para casa.

Os poucos fisioterapeutas que retomaram suas funções são mobilizados para ajudar aqueles que estavam nas condições mais graves. Razão pela qual esse médico decidiu compartilhar sua experiência.


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