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Estado de Minas

Pesquisadores estudam monitorar COVID-19 pela água do esgoto


postado em 24/04/2020 12:07

As águas residuais podem servir para acompanhar a evolução da epidemia e desenvolver um sistema de alerta precoce, de acordo com pesquisadores de vários países que estudam a presença do novo coronavírus neste meio desde seu surgimento na China.

Em banheiros e esgotos, além de estações de tratamento de esgoto em cidades como Paris, Amsterdã e Brisbane, cientistas encontraram elementos do genoma do novo coronavírus nas fezes dos pacientes.

Esta descoberta "não representa nenhum risco" para a saúde, garantiu Luca Lucentini, diretor do Departamento de Qualidade da Água do Instituto Superior de Saúde da Itália, em um comunicado no qual anunciou várias amostras positivas em Roma e em Milão.

Não há qualquer risco nos países onde a água potável é submetida a tratamentos rígidos, afirmam os cientistas. O consenso é menor, porém, em relação a uma eventual contaminação pelas águas residuais lançadas no meio ambiente.

A exposição ao Sars-CoV-2, como se chama o vírus que causa a doença COVID-19, no esgoto "pode representar um risco à saúde", segundo um artigo publicado na revista médica The Lancet, por Willemijn Lodder e Ana María de Roda Husman, do Centro de Controle de Doenças Infecciosas na Holanda.

Este centro anunciou em março a detecção de material genético do vírus em águas residuais em Amsterdã.

Alguns especialistas destacam que a presença de vestígios do novo coronavírus nas fezes não significa necessariamente, porém, que seja transmissível por essa via. Outros lembram que ele não se reproduz na natureza sem um hóspede.

- "Fonte de dados" -

Além das questões de saúde, as águas residuais podem servir como "fonte de dados" para saber se o vírus circula entre a população humana, segundo Lodder e Roda Husman.

Isso pode permitir "acompanhar a evolução do vírus", afirma à AFP Vincent Maréchal, virologista da Universidade de Sorbonne, que participou de um estudo da agência municipal de água de Paris.

Com base em amostras coletadas entre 5 de março e 7 de abril, o relatório divulgado na semana passada - não-validado por outros cientistas - mostra que o "aumento das unidades do genoma" nas águas residuais "segue com precisão o aumento do número de mortos".

Maréchal defende, com isso, a "criação de uma rede nacional de vigilância de águas residuais, que poderia antecipar uma segunda onda" da epidemia.

Devido ao grande número de casos assintomáticos, ou com poucos sintomas, a presença do vírus pode ser detectada antes da confirmação dos primeiros casos clínicos em áreas onde a propagação da COVID-19 foi contida, ou pouco afetada até agora.

"Então poderíamos aplicar as medidas de barreira. Isso permitiria ganhar tempo, um elemento importante nesta epidemia", acrescentou Maréchal.

- "Essencial na África" -

Este sistema de monitoramento ambiental já foi usado para outros vírus. Em um estudo publicado em 2018, um grupo de pesquisadores demostrou que a detecção do vírus da poliomelite nas águas residuais de Israel em 2013 havia permitido relançar uma campanha de vacinação, evitando os casos de crianças paralisadas.

Para o Sars-CoV-2, estudos realizados em vários países ainda são preliminares. Ainda assim, alguns cientistas estão entusiasmados.

Este método "pode ser utilizado como um instrumento de alerta precoce" contra a pandemia, afirma à AFP o doutor Warish Ahmed, pesquisador da agência pública de pesquisa australiana CSIRO, que detectou o vírus em águas residuais de Queensland.

E para "avaliar a eficácia das medidas" de saúde em andamento, reforça.

Também é preferível usá-lo "como um complemento a outras medidas, como testes em indivíduos", continua, mas também pode ser útil, por exemplo, onde os testes "não são viáveis".

Este argumento é aplicável em países "que não posseum meios técnicos, ou logísticos, para realizar testes de diagnóstico", explica Maréchal.

Ele pede à OMS que crie uma rede global de monitoramento, que também serviria para combater outras doenças mortais detectáveis nas águas residuais.

"Seria essencial na África", insiste o virologista. "Para proteger a população, é preciso garantir a qualidade da água", completou.


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