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Estado de Minas COVID-19

O longo caminho para a reabilitação após cura da COVID-19

Paciente infectado pelo coronavírus e curado relata que o sofrimento com a doença se estende durante o tratamento de recuperação


postado em 15/04/2020 04:00



Depois de sobreviver à COVID-19, o paciente Paulo Alves foi internado em terapia intensiva em um hospital parisiense, onde revelou que “teve que aprender a respirar novamente”. O tempo que ficou em assistência respiratória deixou sequelas, físicas e emocionais, e será necessária uma longa reabilitação.

Em um recorde, 7 mil pessoas foram admitidas em unidades de terapia intensiva (UTI) desde o início da epidemia na França, um dos países mais atingidos. São casos graves, com uma séria insuficiência respiratória que é desencadeada quando o vírus ataca os pulmões. Os pacientes precisam de assistência respiratória através da entubação. “São sedados e costumam ter uma paralisia muscular”, explica o médico anestesista Stéphane Petit Maire.

Os pacientes em estado mais grave são colocados de bruços durante várias horas para facilitar a oxigenação. Também podem sofrer “doenças renais, cardíacas, neurológicas e hepáticas”, afirma. Os períodos de terapia intensiva para pacientes da COVID-19 são longos, “entre duas e três semanas, ou ainda mais”, diz Helene Prigent, pneumologista no Hospital Raymond-Poincaré de Garches, perto de Paris.

“O risco, que não é específico da COVID-19, é perder muita massa muscular, sofrer complicações musculares e neurológicas”, afirma Prigent, coordenadora da unidade de reabilitação pós-respiração assistida desse hospital. Depois de semanas deitado, o corpo do paciente precisa “se acostumar novamente a mudar de posição”. O corpo “esqueceu alguns mecanismos que permitem regular a pressão arterial”, acrescenta.

FISIOTERAPIA

A primeira vez que Paulo Alves tentou se levantar, depois de ter sido entubado e estar em coma artificial no Hospital Bichat de Paris, suas pernas não respondiam. “Senti como se estivesse me soltando”, recorda. Os pacientes que saem da terapia intensiva estão fracos demais para voltar para casa imediatamente. Passam pelas unidades de readaptação pós-respiração assistida ou por centros de reabilitação.

“As sessões são realizadas em casa”, explica a fisioterapeuta Anaïs Legendre, da Clínica Bourget, em Seine-Saint-Denis, Norte de Paris. “A maioria dos pacientes, no entanto, ainda está com máscara de oxigênio e, com o vírus, um dia estão bem, no dia seguinte não estão, vai flutuando”, completa.

Além da doença, a solidão em um quarto individual pode ter um impacto psicológico. “Vivo enormes momentos de solidão. Meus familiares não podem vir. As enfermeiras não podem ficar no quarto”, lamenta Alves.

Mesmo curadas, essas pessoas correm o risco de sofrer “sequelas neurocognitivas, como estresse pós-traumático, ansiedade e depressão”, segundo Stéphane Petit Maire. A fisioterapeuta incentiva os pacientes em casa a permanecer ativos.

ENQUANTO ISSO...

ONU ATACA A EPIDEMIA DA DESINFORMAÇÃO

A pandemia da COVID-19 causou uma “epidemia perigosa de desinformação”, denunciou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em comunicado ontem, sem citar casos específicos, países ou veículos de mídia. Enquanto deveria ser tempo “da ciência e da solidariedade”, supostos conselhos de saúde são “prejudiciais”, “falsidades enchem o ar”, “teorias da conspiração selvagens infectam a internet” e “o ódio se torna viral, estigmatiza as pessoas e grupos”, lamentou o chefe das Nações Unidas. “O mundo deve se unir contra esta doença”, afirmou, assegurando que a “vacina é a confiança” e “em primeiro lugar, confiança na ciência”. Ele cumprimentou “jornalistas e outros que estão checando notícias e postagens falsas nas redes sociais”. As grandes empresas de mídia social “devem fazer mais para acabar com o ódio e as declarações prejudiciais sobre o COVID-19”, cobrou. “Juntos, vamos rejeitar mentiras e bobagens e construir um mundo mais saudável, mais equitativo, justo e resiliente”, exigiu o chefe da ONU em comunicado.



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