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Estado de Minas

Diante da recessão mundial, uma moratória sobre a dívida dos países pobres


postado em 14/04/2020 16:13

O G7 se mostrou favorável nesta terça-feira (14) a adiar o pagamento da dívida dos países pobres, em um momento em que o FMI e o Banco Mundial procuram limitar os danos do que pode ser a pior recessão mundial desde a década de 1930.

Na segunda-feira, o presidente francês Emmanuel Macron pediu em um discurso televisionado para "ajudar" a África, que enfrenta as consequências econômicas da pandemia de COVID-19, "cancelando massivamente sua dívida".

Os tesoureiros das economias mais ricas do planeta expressaram seu desejo de "ajudar esses países a enfrentar os impactos econômicos e na saúde", mas contemplam apenas uma moratória sobre o pagamento da dívida.

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, comemorou em um tuíte o "forte apoio à minha iniciativa com a [diretora-gerente do FMI] Kristalina Georgieva para aliviar a dívida dos países mais pobres do mundo a partir de primeiro de maio".

"Devemos estar cientes de que essa moratória já é um grande passo e um êxito importante para a França e para seus sócios no âmbito do Clube de Paris (que reúne credores estatais) e dentro do G20", explicou o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, durante uma conferência de imprensa telefônica.

Por enquanto, "há uma emergência absoluta de dar uma resposta sólida aos países em desenvolvimento mais vulneráveis", enfatizou.

Em muitos desses países, que estão expostos a uma queda acentuada no preço das matérias-primas e uma contração no comércio internacional, "vemos um risco de escassez de alimentos [...], que pode levar a uma catástrofe humanitária", alertou Le maire.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulgou nesta terça-feira suas primeiras previsões de crescimento mundial desde o início da pandemia, estima que África Subsaariana experimentará este ano sua primeira recessão em um quarto de século, com um retrocesso do PIB de 1,6%, mesmo que até agora esteja relativamente a salvo da COVID-19.

Os 76 países que se beneficiarão do adiamento, cerca de quarenta deles na África Subsaariana, são os ajudados pela Associação Internacional de Desenvolvimento do Banco Mundial.

Em relação ao dessa dívida, que representa 32 bilhões de dólares para esses países, a França "obteve a moratória no nível de credores bilaterais (12 bilhões) e de credores privados (8 bilhões), ou seja, um total de 20 bilhões de dólares", detalhou o ministro francês.

- Rejeição dos EUA -

"Obtivemos isso no âmbito do Clube de Paris e do G20, pois a China apoiou nossa abordagem", afirmou Le Maire.

O ministério da Economia francês indicou que "foi a primeira vez que conseguimos um acordo entre o Clube de Paris e os grandes emergentes do G20".

Seu homólogo de Togo, Sani Yaya, cujo país está entre os beneficiados pela decisão, afirmou que "o alívio da dívida liberará durante seis meses itens orçamentários e de tesouraria para financiar a luta contra a pandemia e acompanhar os esforços do governo na questões socioeconômicas".

Le Maire também afirmou que "exitem 12 bilhões de dívidas multilaterais, uma grande parte delas do Banco Mundial. Desejamos que também se junte a esta moratória", acrescentou o ministro e indicou que "por razões técnicas, ainda havia um debate hoje" dentro desta instituição.

Quanto às 12 bilhões de dívidas bilaterais, "isso representa para a França um bilhão de euros de diferimento de dívidas", detalhou Bruno Le Maire.

Lembrou ainda que o FMI havia utilizado seus instrumentos para fornecer liquidez a curto prazo de até um trilhão de dólares, mas considerou que era necessário ir mais longe.

"Conseguimos dobrar os limites de acesso aos serviços de emergência do FMI", afirmou e anunciou uma medida que os ministros de Finanças do G20 devem adotar a partir de quinta-feira.

Comunicou também uma nova linha de liquidez de curto prazo no FMI, "uma linha complementar para ajudar os países sólidos que se veem afetados, por exemplo, pela queda no preço das matérias-primas".

Finalmente expressou seu desejo de uma "nova prestação de direitos especiais de giro [uma espécie de moeda do FMI] de até 500 bilhões de euros".

Mas "a resposta dos EUA por enquanto é negativa", lamentou. "É uma resposta barata para os Estados-membros do FMI e muito eficaz para os países em desenvolvimento", permitindo-lhes reconstituir reservas financeiras, enfatizou.


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