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Estado de Minas

FMI prevê recessão global em 2020 e cita grave risco de cenário ainda pior


postado em 14/04/2020 10:42

A pandemia de COVID-19 provocará uma recessão global em 2020, com uma contração econômica estimada em 3%, e um "grave risco" de piorar - anunciou o Fundo Monetário Internacional (FMI), nesta terça-feira (14).

O isolamento da população para evitar contágios e a consequente paralisação da atividade econômica reduzirão o crescimento de maneira dramática, com impacto maior nos países em desenvolvimento, destaca o FMI no boletim "Perspectivas da Economia Mundial", que recebeu o título de "O Grande Confinamento".

O Fundo afirma que, se o mundo conseguir conter o novo coronavírus e retomar gradualmente a atividade no segundo semestre de 2020, a economia global pode crescer 5,8% em 2021.

Para os Estados Unidos, maior economia do mundo, o FMI projeta uma recessão grave, com queda de 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, e uma recuperação de 4,7% em 2021.

Destacou, porém, a "considerável incerteza" que pesa sobre a força da retomada.

"Resultados de crescimento muito piores são possíveis e, talvez, prováveis", afirma o boletim.

Isto pode acontecer se a pandemia declarada em 11 de março, após uma epidemia que começou na China em dezembro, estender-se por mais tempo, e as medidas de isolamento, prorrogadas; assim como se o efeito nas economias emergentes for ainda maior do que o projetado, caso as condições financeiras se tornem mais rígidas; ou ainda se o fechamento de empresas e o desemprego prolongado deixarem sequências generalizadas.

O novo coronavírus já infectou mais de dois milhões de pessoas e provocou mais de 120.000 mortes no mundo. Para frear a propagação, nas últimas semanas, mais da metade da população mundial foi convocada a permanecer em suas casas; comércios não essenciais, fechados; e o tráfego aéreo registrou uma redução drástica, acentuando a queda nos preços do petróleo.

- Crise única -

"Esta crise não se parece com nenhuma outra", declarou a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, ao destacar que, "muito provavelmente", o mundo vai registrar a pior recessão desde a Grande Depressão de 1929, superando com folga a contração provocada pela crise financeira de 2008. Na ocasião, a recessão em 2009 foi de apenas 0,1%, e os mercados emergentes cresciam a um ritmo sólido.

De acordo com os prognósticos do FMI, apenas duas economias escaparão este ano da recessão, mas, em ambos os casos, com crescimentos mínimos: a China, berço da COVID-19, vai avançar 1,2%, e a Índia, 1,9%.

Para os países desenvolvidos, porém, o retrocesso médio deve alcançar 6,1%.

Grandes economias devem registrar contrações: Estados Unidos (-5,9%), Japão (-5,2%), Reino Unido (-6,5%), mas o retrocesso será ainda mais profundo na Eurozona, incluindo Itália (-9,1%), Espanha (-8,0%), França (-7,2%) e Alemanha (-7,0%).

A contração do PIB será aguda na América Latina e Caribe (-5,2%), com golpes para México (-6,6%) e Brasil (-5,3%), e um agravamento da recessão na Argentina (-5,7%).

Entre os emergentes, Rússia (-5,5%) e África do Sul (-5,8%) também sentirão o impacto.

O FMI antecipa ainda uma redução de 11% no volume do comércio de bens e serviços em 2020.

- Estímulo coordenado -

O boletim destaca as políticas já implementadas por muitos governos que combinam ajuda em larga escala a lares e empresas, assim como injeções de liquidez dos bancos centrais no mercado financeiro para evitar colapsos.

Ressalta, porém, a necessidade de uma "forte cooperação multilateral", em particular uma assistência financeira maior aos países emergentes.

"Para aqueles que enfrentam grandes pagamentos de dívidas, pode ser necessário considerar a moratória e a reestruturação da dívida", afirma o Fundo.

O organismo pede ainda a "redução das tarifas alfandegárias e não alfandegárias que impedem o comércio entre fronteiras e as cadeias de abastecimento globais".

Na área da saúde, o FMI pede o aperfeiçoamento dos sistemas de informações sobre infecções incomuns, a garantia da disponibilidade mundial de equipamentos de proteção pessoal e o estabelecimento de protocolos para que os países não tenham problemas de fornecimento de equipamentos essenciais de saúde.

Gopinath disse que, "apesar das circunstâncias terríveis", existem "muitas razões" para o otimismo.

As medidas de distanciamento social provocaram a redução dos novos casos, enquanto a comunidade científica trabalha em um "ritmo sem precedentes" para encontrar tratamentos e vacinas.

E, na área econômica, o mundo tem instituições multilaterais como o FMI e o Banco Mundial, que podem ajudar os países mais vulneráveis, uma "diferença crucial" em relação à crise dos anos 1930, quando estes organismos não existiam, recordou a economista.

Ainda assim, ela enfatizou que serão necessárias medidas orçamentárias adicionais, se a paralisação da atividade persistir e a recuperação resultar fraca, após a suspensão das medidas draconianas.

A recuperação da economia mundial exigirá mais injeções de dinheiro, e o estímulo será ainda mais eficaz se as medidas forem coordenadas entre os países mais desenvolvidos, disse a economista-chefe do FMI.

"Quando estivermos na recuperação e superarmos a fase da pandemia nas economias avançadas, será essencial executar um estímulo fiscal de base ampla", destacou Gita Gopinath.

Os gastos "seriam ainda mais efetivos se fossem coordenados em todas as economias avançadas do mundo", afirmou.


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