Organizações não-governamentais (ONGs) que ajudam migrantes no Mediterrâneo criticam a decisão das autoridades italianas de fechar os portos para combater a pandemia de coronavírus.
O Ministério do Interior decidiu na noite de terça-feira que a Itália não poderia mais ser considerada um porto seguro durante a pandemia, que já matou mais de 17.500 pessoas no país.
Isso significa que os migrantes resgatados no mar por essas ONGs, como a SOS Mediterrâneo, não podem mais desembarcar no país.
A decisão de fechar os portos ocorre um mês após as autoridades decretarem o confinamento geral da população para combater o novo coronavírus no país europeu mais afetado pela epidemia.
As ONGs Médicos Sem Fronteiras (MSF), SOS Mediterrâneo, Sea-Watch e Open Arms acusam Roma de usar a crise da Covid-19 como pretexto para fechar o país à chegada de requerentes de asilo.
"Todas as vidas devem ser salvas, todas as pessoas frágeis devem ser protegidas, tanto em terra quanto no mar. É possível e necessário fazer isso", segundo um comunicado conjunto emitido pelas ONGs.
As quatro organizações enfatizam que disponibilizaram às autoridades de saúde italianas pessoal e recursos para combater o coronavírus, e que a abertura de portos para náufragos era uma "obrigação legal".
Segundo o Ministério do Interior, cerca de 3.000 migrantes desembarcaram na Itália este ano.