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Estado de Minas

Em três meses, planeta mergulhou em cenário de catástrofe


postado em 07/04/2020 09:13

Hospital de campanha no Central Park, necrotério gigante em Madri... Os três meses desde as primeiras suspeitas do aparecimento na China de um novo coronavírus mergulharam o planeta inteiro em um cenário digno de um filme de catástrofe.

Em 8 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que os casos de pneumonia relatados desde dezembro em Wuhan, uma metrópole no centro da China, poderiam estar ligados a um novo coronavírus.

A doença, que pode levar a sérios problemas respiratórios, infectou oficialmente 59 pessoas em dezembro, incluindo vários funcionários de um mercado onde eram vendidos animais vivos destinados à alimentação.

- Recordação da SARS -

A doença reviveu a memória da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), provocada por outro coronavírus que atingiu duramente a China continental e Hong Kong em 2002-2003 e matou um total de quase 800 pessoas em 30 países.

Uma primeira morte foi anunciada em 11 de janeiro na China. A epidemia se espalhou então pelas províncias do país e além-fronteiras. Na Europa, a França foi a primeira afetada no final de janeiro. Os primeiros casos foram de pessoas originárias da China, ou que estiveram na região.

A doença é, então, apresentada como um tipo de gripe, perigosa principalmente para os idosos, ou para pessoas com doenças pré-existentes.

- Hubei isolada do mundo -

Para conter a propagação da epidemia, as autoridades chinesas optaram pelo método radical de confinamento, então inimaginável no Ocidente. Em 25 de janeiro, a cidade de Wuhan, toda sua província, Hubei, e seus 56 milhões de habitantes foram isolados do restante do mundo.

Os países começaram a repatriar seus cidadãos, que são colocados em quarentena na chegada.

No final de janeiro, com quase 6.000 casos registrados oficialmente na China continental, a epidemia excedeu o número de infecções registradas durante a SARS.

A OMS declara emergência internacional, mas ainda acredita que não há motivos para limitar as viagens.

- Turistas bloqueados -

As companhias aéreas internacionais reduzem seus serviços para a China continental, enquanto muitos grupos estrangeiros suspendem suas atividades no gigante asiático.

Milhares de turistas ficam presos em vários navios de cruzeiro, onde o vírus foi detectado a bordo. Mais de 3.700 pessoas são mantidas em quarentena a partir de 5 de fevereiro em uma embarcação perto de Tóquio. Mais de 700 casos serão declarados no "Diamond Princess" em algumas semanas.

- Pangolim suspeito -

No início de fevereiro, os cientistas chineses estimam que o pangolim, um pequeno mamífero com escamas em risco de extinção, poderia ter transmitido o novo coronavírus do morcego para os humanos.

A morte de um oftalmologista de Wuhan de 34 anos, Li Wenliang, vítima da epidemia, provoca uma rara onda de raiva nas redes sociais contra as autoridades. O médico e outros sete foram acusados de espalhar boatos quando tentaram alertar sobre a doença no final de dezembro.

Quando os Estados Unidos começam a criticar a "falta de transparência" de Pequim, a OMS sai em sua defesa.

Se o novo coronavírus permanece cercado de incógnitas, a doença que causa ganha um nome: "COVID-19".

- Consequências econômicas -

A primeira morte fora da Ásia foi anunciada em 15 de fevereiro na França, e o mundo começou a temer as repercussões econômicas do vírus.

Os cancelamentos de eventos e de feiras profissionais internacionais e competições esportivas aumentaram.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) decidirá em 24 de março adiar os Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021.

No final de fevereiro, a aceleração da contaminação é notável na Itália, na Coreia do Sul e no Irã.

As autoridades chinesas acreditam que a epidemia atingiu seu pico no país.

- Mobilização mundial -

Em 6 de março, a marca de 100.000 casos registrados em todo mundo foi superada.

Atingida com força, a Itália é o primeiro país fora da China a tomar medidas drásticas para confinar sua população.

A suspensão das visitas familiares provoca rebeliões em várias prisões.

Os depoimentos dos profissionais da saúde italianos exaustos, explicando que, diante do influxo de pacientes, os hospitais devem aplicar uma medicina de guerra e escolher quem tratar, provocam uma onda de choque.

Em 11 de março, a OMS descreve a COVID-19 como uma "pandemia", iniciando a mobilização planetária.

Os Estados Unidos começam a fechar suas fronteiras para viajantes estrangeiros da Europa.

Os mercados financeiros afundam, enquanto governos e bancos centrais anunciam medidas em massa para apoiar a economia.

Multiplicam-se as cenas de consumidores em pânico e, às vezes, brigando por um pacote de macarrão ou papel higiênico.

- Metade da Humanidade confinada -

Enquanto a Europa é designada pela OMS como o novo "epicentro" da pandemia, Espanha, França e até o Reino Unido impõem confinamentos em março.

Muitos Estados do mundo seguem o exemplo, à medida que o número de vítimas aumenta, e os hospitais ficam sobrecarregados.

Em 2 de abril, metade da população mundial é convidada, ou forçada, a ficar em casa.

Toques de recolher e estados de emergência aumentam, levantando preocupações sobre o respeito ao Estado de Direito.

Aviões aterrados, escolas e universidades fechadas e trabalho remoto são agora a norma.

Em Madri, uma pista de patinação no gelo é transformada em necrotério para armazenar os corpos.

Em Nova York, um hospital de campanha é montado no Central Park.

Nas áreas mais pobres e superlotadas do planeta, as restrições de locomoção são extremamente difíceis de aplicar. Algumas forças de segurança na África chegam a agredir moradores, ou atirar, para dispersar aglomerações.

- Escassez e polêmicas -

Na maioria dos países, faltam máscaras e outros equipamentos de proteção. Diante dessa escassez global, os Estados competem sem piedade.

Além disso, em muitos países, há receio de saturação das unidades de terapia intensiva, falta de remédios e de equipes médicas.

Enquanto a maioria dos países reserva testes de triagem para os doentes em situação grave, Coreia do Sul, Alemanha e Singapura optaram por testes em larga escala, evitando medidas extremas de contenção.

Essa estratégia é acompanhada na Coreia do Sul por um rastreamento tecnológico difícil de reproduzir nos países mais preocupados com a proteção da privacidade.

Na pendência de uma vacina hipotética, provavelmente indisponível por pelo menos um ano, vários países testam um derivado da cloroquina, medicamento para o tratamento da Malária. Seu uso é debatido, devido à falta de estudos conduzidos de acordo com protocolos padrão.

- Vítimas anônimas e celebridades -

Embora a grande maioria dos casos da COVID-19 seja leve, a doença pode levar a quadros graves, inclusive em pacientes jovens.

Enquanto se acredita que as crianças estão a salvo de formas severas, casos raros de mortes de adolescentes despertam comoção na França, na Bélgica e no Reino Unido. Dois bebês morrem de COVID-19 nos Estados Unidos.

Lares de idosos são duramente atingidos.

A pandemia leva personalidades internacionais, como a lenda do jazz Manu Dibango, de 86 anos. Entre os infectados estão o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o príncipe Charles, herdeiro da coroa, ou o ator americano Tom Hanks - este último, agora fora de perigo.

- Pior crise desde 1945 -

A ONU considera a pandemia a pior crise que a Humanidade enfrentou desde 1945, uma combinação de uma "doença ameaçadora" com o espectro de "uma recessão sem precedentes no passado recente".

O G7 e as grandes potências prometem bilhões de dólares para apoiar a economia mundial, em grande parte paralisada, enquanto o número de pedidos de seguro-desemprego atinge níveis nunca vistos nos Estados Unidos.

Quando Hubei e sua capital Wuhan começam a emergir do isolamento, a Itália, o país com mais óbitos, cruza no final de março a marca de 10.000 mortos, seguida logo depois pela Espanha.

Os Estados Unidos, onde Donald Trump minimizou a ameaça, é o país mais afetado em número de casos (quase um quarto do total mundial).

No início de abril, o mundo superou a barra de um milhão de casos de contágio e 50.000 mortos e se questiona sobre a pós-contenção.

Existe o risco de uma segunda onda de contaminação depois que as restrições forem levantadas? Os governantes demoraram a reagir? A China minimizou seu balanço de mortos (mais de 3.300)? Qual será o tamanho do impacto econômico? Qual o impacto nas democracias e no multilateralismo? Estas são apenas algumas das questões que mostram a envergadura do desafio que as lideranças de todo mundo terão pela frente.


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