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Estado de Minas

"Em Portugal, percebemos que estamos mais seguros"

Alunos do Cefet-MG que estão fazendo curso em faculdade de engenharia do Porto elogiam isolamento e se dizem preocupados com o que ocorre no Brasil


postado em 05/04/2020 04:00

Assim como outras grandes cidades da Europa, Porto está com as ruas praticamente vazias há pelo menos duas semanas. População sai de casa só em situações excepcionais(foto: adobe photos)
Assim como outras grandes cidades da Europa, Porto está com as ruas praticamente vazias há pelo menos duas semanas. População sai de casa só em situações excepcionais (foto: adobe photos)

 

Em meados do ano passado, cinco estudantes do Cefet-MG conquistaram o que muitos comparariam a ganhar um prêmio de loteria: foram selecionados para cursar seis meses de engenharia numa universidade do Porto, uma das cidades mais bonitas de Portugal e destino de turistas do mundo inteiro. O curso começou em fevereiro deste ano, mas com poucas semanas as aulas presenciais foram interrompidas devido à pandemia do coronavírus. Agora, eles tentam administrar uma rotina que não estava nos planos quando saíram do Brasil.

 

Entre as aulas on-line da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Fernanda Guimarães, Júlia Furbino e os outros três alunos de engenharia do Cefet se reinventam a cada dia no apartamento que alugaram na região central da cidade. No dia a dia, se não estão mergulhados em livros e números, estão no celular, ouvindo música, cozinhando, fazendo exercícios ou ioga. Tem sido assim há pelo menos três semanas.

 

Na Cidade do Porto, como em muitas outras no mundo, as ruas estão praticamente vazias desde que o governo adotou medidas para restringir a circulação. “Somos cinco brasileiros vivendo no mesmo apartamento. Não podemos sair, apenas para ir a supermercados, farmácias etc. As ruas estão vazias, mas não faltam alimentos, tudo está normal com relação ao abastecimento. Cada estabelecimento (farmácias, mercados menores, açougues) só pode atender duas pessoas por vez, e o que vemos é que isso tem sido bem respeitado”, conta Fernanda.

 

“Estamos tendo aulas on-line, com trabalhos e tarefas que precisamos entregar, então uma parte do nosso tempo acaba sendo ocupada por isso. No mais, ocupamos o tempo no computador, vendo filmes e séries, também fazemos exercício e passamos uma boa parte do dia na cozinha preparando nossas comidas”, relata Júlia.

 

"O governo tem sido muito proativo em Portugal e se mostrado eficiente até agora na contenção da doença"

Júlia Furbino

 

Até ontem, Portugal registrava 10.504 casos confirmados e 266 mortes. Os casos suspeitos ultrapassam 80 mil. Mas a ameaça maior mora ao lado, na Espanha, país que só perde para a Itália no número de mortes no mundo. Porto está a apenas 160 quilômetros de Vigo, cidade espanhola mais próxima. Júlia e Fernanda temem a disseminação da doença na Europa, mas elas não cogitam voltar ao Brasil agora. Dizem que o medo é muito maior em relação às suas famílias e às pessoas que deixaram no Brasil.

 

“Eu temo por minha família, amigos e todos que estão no Brasil, mais do que por nós, que vivemos em segurança aqui. O momento é de reforçar o quão importante são as medidas de isolamento e como elas podem evitar um número de mortes muito maior, fator que talvez colabore para que a situação aqui esteja mais controlada. E o que vemos no Brasil é uma série de irresponsabilidades vindas da Presidência nesse sentido”, diz Fernanda.

 

 “Nossas famílias estão preocupadas, mas no momento nós é que estamos mais preocupados com eles. As notícias que chegam do Brasil são de que o governo não está prestando o devido auxílio à população. Aqui, em Portugal, o governo tem sido muito proativo e se mostrou muito eficiente nas medidas de contenção da doença, diferentemente do que acontece no nosso país. Por isso, estamos bem preocupados com os nossos parentes e amigos”, afirma Júlia. Segundo ela, quando a situação ficou mais grave na Europa, alguns cogitaram o retorno ao Brasil, mas logo abandonaram essa ideia.  “Percebemos que aqui estaríamos muito mais seguros.”

 

 Júlia torce para a volta às aulas presenciais, mas sabe que é uma situação muito difícil. “Temos a impressão de que as aulas não voltarão a ser presenciais até o fim do semestre, e já recebemos comunicados da faculdade de que talvez faremos até as avaliações on-line”. Mas não desiste de completar o curso. “Todos nós queremos finalizar os estudos na universidade daqui.”

 

Fernanda acha que tudo isso serve também como uma grande lição de vida. “Acredito que a experiência que estamos vivendo nos faz lidar com várias coisas. Uma delas é o nosso limite. Quando é possível fazer várias atividades e ter um dia cheio, tentamos fazer isso. Quando a vontade é de cada um ficar no seu espaço, para refletir e dar um tempo, ficamos.” 

 

Júlia segue na mesma linha: “Acho que este momento coloca muita coisa em perspectiva, e somos obrigados a lidar com nós mesmos e com nosso ambiente. A gente acaba encontrando motivação e alegria em coisas simples, como um almoço ou uma saída pra ir ao supermercado. De certa forma começamos a valorizar muito mais as pequenas coisas do dia a dia.”

 

COVID-19 EM PORTUGAL

9.886

Número de casos 

 

246

Número de mortes

  

Confinamento renovado

O governo de Portugal ampliou por 15 dias o isolamento social no país, para conter a propagação do novo coronavírus. Decreto presidencial aprovado no Parlamento do país renovou o estado de emergência devido à pandemia, e foram proibidos os voos durante a Páscoa, entre as restrições adotadas nos deslocamentos da população neste mês, marcado pela tradição religiosa no país. O primeiro decreto de estado de emergência foi baixado em 18 de março, quando as escolas já estavam fechadas, assim como a fronteira com a Espanha. 


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