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Estado de Minas COVID-19

Pandemia se agrava na Europa e mundo enfrenta a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial

Número de mortes, paralisação da atividade econômica, crise financeira e outros fatores deixam o continente em situação delicada


postado em 02/04/2020 04:00

O número de mortes cada vez maior na Espanha deixa as ruas de Madri vazias, com a população apreensiva(foto: Javier Soriano/AFP)
O número de mortes cada vez maior na Espanha deixa as ruas de Madri vazias, com a população apreensiva (foto: Javier Soriano/AFP)


O novo coronavírus provocou mais de 30 mil mortes apenas na Europa, com a Espanha atingindo um novo recorde diário ontem, o que levou o planeta a enfrentar a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, segundo a ONU. Com 864 mortes em 24 horas, para um total de 9.053 óbitos, e mais de 100 mil casos oficialmente declarados, a Espanha segue o trágico ritmo da Itália (12.428 mortos até terça-feira), os dois países europeus mais afetados pela COVID-19. Para o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a combinação da doença com a crise econômica mundial deixa a humanidade em jogo.

Em termos percentuais, que as autoridades espanholas estabelecem como um indicador de que a epidemia se estabiliza, o crescimento da mortalidade mantém sua paulatina desaceleração. Ontem, alcançou 10,6%, contra os 27% registrados há uma semana. Madri se mantém como a região da Espanha mais afetada pela pandemia, com pouco mais de 40% dos casos. Na Catalunha (Nordeste), a doença segue em expansão, e a região registra mais pacientes em cuidado intensivo do que a capital.

Na Itália, eram observadas longas filas diante de restaurantes populares, enquanto alguns supermercados foram alvos de saques, segundo a imprensa. Mais 500 mil italianos precisam de ajuda para comer, que se unem aos 2,7 milhões que precisavam no ano passado, informou o Coldiretti, maior sindicato de agricultura do país. "Normalmente, servimos 152.525 pessoas. Agora temos 70 mil pedidos a mais", disse Roberto Tuorto à frente de um banco de alimentos.

DIAS DIFÍCEIS

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump pediu aos compatriotas que se preparem para "os dias muito difíceis que nos esperam" e declarou que as próximas "serão duas semanas muito, muito dolorosas". O número de mortes nos Estados Unidos pela COVID-19 superou 4 mil na madrugada de ontem, um dado que dobrou em apenas três dias, de acordo com o balanço da Universidade Johns Hopkins.

Em todo o planeta, o coronavírus provocou mais de 43 mil mortes, com alguns países muito afetados, como o Irã, que registra mais de 3 mil óbitos. Quase metade da população mundial está sob algum tipo de confinamento, enquanto os países buscam desesperadamente deter o avanço do vírus, que já infectou mais de 865 mil pessoas no planeta desde que foi detectado em dezembro na China.

CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS

O fechamento temporário de empresas e a paralisação da atividade econômica provocadas por tais medidas deixaram muitos trabalhadores sem renda e as consequências começam a ser percebidas nos países mais afetados. Por exemplo, a indústria automobilística registrou uma queda histórica de mais de 70% no mercado francês.

A ansiedade pelo avanço da pandemia retornou ontem aos mercados, com perdas expressivas nas bolsas europeias e asiáticas. Enquanto Itália e Espanha devem estar próximas do pico de contágios após várias semanas de confinamento, o ponto máximo ainda não está próximo na América do Norte. Estados Unidos registram quase 189 mil contágios, um número que dobrou em apenas cinco dias.

Integrantes da equipe especial de luta contra a pandemia do governo Trump divulgaram um prognóstico sombrio de entre 100 mil e 240 mil mortes no país nos próximos meses, caso as restrições atuais sejam respeitadas. Nova York iniciou uma corrida contra o tempo para aumentar a capacidade de seus hospitais antes do pico da epidemia, esperado para acontecer dentro de sete a 21 dias, de acordo com o governador do estado, Andrew Cuomo.

Em Manhattan, foram criados hospitais de campanha em um centro de convenções e em pleno Central Park. As autoridades planejam outra instalação similar no complexo esportivo de Flushing Meadows. "É como uma zona de guerra", disse Donald Trump.

LATINOS

Na América Latina, onde foram registrados quase 19 mil infectados e mais de 500 mortes, vários países decidiram prolongar as medidas, em uma tentativa de evitar o colapso dos sistemas de saúde. Cuba anunciou o cancelamento do emblemático desfile do Dia do Trabalho em 1º de maio. As turbulências econômicas e políticas provocadas pelo vírus representam um perigo real para a relativa paz que o mundo viveu nas últimas décadas, afirmou na terça-feira o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

"É uma combinação, por um lado, de uma doença que é uma ameaça para todos no mundo, e em segundo lugar, porque tem um impacto econômico que provocará uma recessão sem precedentes no passado recente", disse Guterres. "A humanidade está em jogo", advertiu. "A combinação dos dois fatores e o risco de que contribua para uma crescente instabilidade, uma violência crescente e um conflito crescente é o que nos faz acreditar que esta é, de fato, a crise mais desafiadora que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial", explicou.

Os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, que se reuniram na terça-feira por videoconferência, prometeram ajudar os países mais pobres a suportar o fardo da dívida e a ajudar os mercados emergentes. Na semana passada, os líderes deste grupo de países mais ricos e emergentes anunciaram que injetariam US$ 5 trilhões na economia global para dissipar os temores de uma recessão.

NA CHINA

Em Wuhan, a cidade em que a pandemia teve origem, as medidas de confinamento começaram a ser retiradas progressivamente e os primeiros passos ao ar livre de seus habitantes têm como principal motivação homenagear os mortos. Paralelamente, a China anunciou ontem 1.367 casos assintomáticos de coronavírus, que se somam aos 81.554 contágios registrados, ao publicar pela primeira vez o número de pessoas atualmente positivas, mas sem manifestar febre e tosse características da COVID-19.

Ao mesmo tempo, a escassez derivada da pandemia provocou protestos em alguns países pobres, por exemplo na África. "Na Nigéria, quando você trabalha, já passa fome. Imagine quando não pode trabalhar", resumiu Samuel Agber, que faz reparos em aparelhos de ar-condicionado. "Que nos importa este vírus, se temos filhos e netos para alimentar?", criticou uma idosa em Port Elizabeth (África do Sul).


E MAIS...
(foto: Vatican Media/AFP)
(foto: Vatican Media/AFP)
 

Papa exalta papel da mídia

Durante uma missa realizada ontem, na Casa de Santa Marta, o papa Francisco fez uma oração especial para todos os “operadores da mídia” ao redor do mundo que estão trabalhando em meio à pandemia do novo coronavírus. “Hoje, gostaria que rezássemos por todos aqueles que trabalham na mídia, que trabalham para comunicar para que as pessoas não fiquem tão isoladas, pela educação das crianças, pela informação, para nos ajudar suportar esse tempo de isolamento”, disse Francisco durante a celebração.

Mortes dobram em uma semana

De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o número de mortes pelo novo coronavírus dobrou em todo o mundo em uma semana. Ele teme uma “rápida escalada” da pandemia. “O número de mortos dobrou amplamente na última semana (…), nos próximos dias atingirá um milhão de casos confirmados e 50 mil mortes”.
 
(foto: Facebook/Reprodução)
(foto: Facebook/Reprodução)
 

Idosa abre mão de respirador e morre

Uma mulher belga de 90 anos morreu vítima de coronavírus após pedir que os médicos não usassem respiradores em seu tratamento, a fim de que os equipamentos pudessem ser destinados a pacientes mais jovens. De acordo com o jornal britânico Metro, Suzanne Hoylaerts (foto) teria dito à equipe médica: “Não quero respirar por aparelhos. Salvem os pacientes mais jovens. Eu já tive uma vida boa”. O caso aconteceu no distrito de Lubbeek, na Bélgica. A idosa foi para o hospital em 20 de março, com falta de apetite e dificuldades para respirar, e acabou diagnosticada com a COVID-19. Ela morreu dois dias depois e sua história ganhou destaque na imprensa mundial ontem.

Argentina proíbe demissões

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciou dois decretos: um determina que estão proibidas as demissões e suspensões sem justa causa e por motivos de falta ou redução de trabalho e força maior pelos próximos 60 dias e outro que libera ajuda financeira a empresas com até 100 empregados. As novas regras fazem parte das medidas de emergência pública tomadas pelo governo argentino diante da pandemia do novo coronavírus. O país está em quarentena total e obrigatória desde o dia 20 de março até o dia 13 de abril, podendo ser prorrogada caso o governo entenda ser necessário.


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