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Estado de Minas

EUA indicia Maduro por narcoterrorismo; Venezuela denuncia 'golpe de Estado'


postado em 26/03/2020 19:13

Os Estados Unidos indiciaram nesta quinta-feira (26) o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, por narcoterrorismo e ofereceram até US$ 15 milhões por informações que permitam sua detenção, o que o governo da Venezuela denunciou como uma "nova modalidade de golpe de Estado".

Além de Maduro, o Departamento de Justiça apresentou acusações contra o número dois do regime venezuelano, Diosdado Cabello; o vice-presidente encarregado da Economia, Tareck El Aissami; o ministro da Defesa, Vladimir Padrino; e o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno; bem contra os militares reformados Hugo Carvajal, ex-chefe da Inteligência militar; e Clíver Alcalá Cordones.

Também acusou dois líderes da desmobilizada guerrilha comunista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc): Iván Márquez, cujo nome de registro é Luciano Marín, líder dos rebeldes nas negociações que resultaram no acordo de paz de 2016, e Jesús Santrich, cujo nome verdadeiro é Seuxis Paucis Hernández, também negociador nos diálogos em Havana e ex-alto dirigente da guerrilha extinta.

As acusações por participar de "conspiração narcoterrorista" podem levar a uma sentença mínima obrigatória de 20 anos de prisão e até à prisão perpétua.

O Departamento de Estado ofereceu recompensa de até 15 milhões de dólares por informações que levem à captura de Maduro, cuja autoridade Washington desconhece, e de até 10 milhões de dólares por dados que permitam deter Cabello, El Aissami, Carvajal e Alcalá Cordones.

Maduro é acusado de "ter participado de uma associação criminosa que envolve uma organização terrorista extremamente violenta, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em um esforço para inundar os Estados Unidos com cocaína", afirmou o procurador-geral, Bill Barr, em videoconferência.

Barr acusou Maduro e seu entorno de conspirarem "durante mais de 20 anos" com as Farc para o tráfico de drogas aos Estados Unidos. Disse que entre 200 e 250 toneladas de cocaína foram enviadas sob a proteção do governo venezuelano.

"O anúncio de hoje se centra em erradicar a extensa corrupção dentro do governo venezuelano", disse Barr em um comunicado.

"Os Estados Unidos não permitirão que estes funcionários venezuelanos corruptos usem o sistema bancário americano para movimentar seus ganhos ilícitos da América do Sul, nem promover seus esquemas criminosos", acrescentou.

Em reação ao indiciamento, o governo de "Donald Trump volta a investir contra o povo da Venezuela e suas instituições democráticas, utilizando uma nova modalidade de golpe de Estado com base em acusações miseráveis, vulgares e infundadas", diz um comunicado lido, em Caracas, pelo chanceler Jorge Arreaza.

"Oferecer recompensas, ao estilo dos caubóis racistas do velho oeste, demonstra desespero da elite supremacista de Washington e sua obsessão contra a Venezuela", acrescenta a nota.

- "Cocaína como arma" -

As autoridades americanas apontam Maduro como líder da organização do narcotráfico Cartel de los Soles que, segundo eles, envolveria políticos do alto escalão e membros das forças militares e judiciárias venezuelanas.

Segundo documentos judiciais, a então guerrilha das Farc e o Cartel de los Soles enviaram cocaína processada da Venezuela aos Estados Unidos através de pontos de baldeação no Caribe e em países da América Central, como Honduras.

"Maduro usou muito deliberadamente a cocaína como uma arma", disse o procurador federal Geoffrey Berman.

"As ações de hoje enviam uma mensagem clara aos funcionários corruptos em várias partes de que ninguém está acima da lei ou para além do alcance do cumprimento da lei americana", destacou, por sua vez, o chefe interino da agência americana antidrogas, a DEA, Uttam Dhillon.

Ao anunciar as recompensas oferecidas com a finalidade de levar perante à Justiça Maduro e os funcionários e ex-funcionários venezuelanos, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, disse que "estas pessoas violaram a confiança pública, ao facilitar os envios de narcóticos a partir da Venezuela".

"O povo venezuelano merece um governo transparente, responsável e representativo, que atenda às necessidades do povo e que não traia a confiança do povo ao perdoar ou empregar funcionários públicos que se dediquem ao tráfico ilícito de narcóticos", disse Pompeo.

Acrescentou, ainda, o compromisso dos Estados Unidos para "ajudar o povo venezuelano a restaurar sua democracia através de eleições presidenciais livres e justas".

Maduro, que sucedeu em 2013 o falecido presidente Hugo Chávez, foi reeleito para um segundo mandato em 2018 depois de um boicote eleitoral por parte da oposição, que rejeitou os resultados, considerados fraudulentos, assim como boa parte da comunidade internacional.

Os Estados Unidos, assim como outros quase 60 países, apoiam o líder opositor venezuelano Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), a quem desde janeiro de 2019 reconhecem como presidente interino.

Desde então, o governo Trump pressiona pela saída de Maduro do poder, com uma bateria de sanções econômicas. Mas Maduro mantém o apoio de China, Rússia e Cuba.

O partido de esquerda Farc, egresso do acordo de paz na Colômbia, oficializou em outubro passado a expulsão de Márquez e Sántrich, ex-líderes rebeldes que no final de agosto anunciaram o retorno às armas.

O ex-presidente colombiano Andrés Pastrana disse meses atrás que Márquez e Sántrich se escondiam em Cuba, após terem se refugiado na Venezuela.


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