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Estado de Minas

Mundo tenta blindagem

Com mais de 118 mil casos em 114 países e mais de 4 mil mortes, várias nações adotam medidas restritivas na busca de evitar o avanço da infecção. Itália isola 60 mi de pessoas


postado em 12/03/2020 04:00

Na Itália, onde mais de 10 mil estão infectados e 631 morreram pelo Covid-19, praças e locais turísticos são desinfectados e ficam vazios com quarentena ampliada(foto: Marco Sabadin/AFP)
Na Itália, onde mais de 10 mil estão infectados e 631 morreram pelo Covid-19, praças e locais turísticos são desinfectados e ficam vazios com quarentena ampliada (foto: Marco Sabadin/AFP)


Vários países fecharam ontem centros de ensino, proibiram eventos e intensificaram as restrições de viagens, assim como as medidas para apoiar suas economias ante o avanço do coronavírus, especialmente na Itália, isolada pelo segundo dia e onde o número de mortes registrou forte alta. Com escolas, restaurantes e cinemas fechados, atividades canceladas, funerais e casamentos proibidos, a vida cotidiana em muitos países foi alterada pela COVID-19, que matou 4.281 pessoas em todo o mundo e infectou 118.554 em 114 países, de acordo com um balanço da AFP. A Itália, com 10.149 casos e 631 mortos, está desde segunda-feira à noite e pelo menos até 3 de abril submetida a fortes restrições, sob o lema “Eu fico em casa”.

Os 60 milhões de italianos devem evitar os deslocamentos, exceto para chegar ao trabalho, para alimentação ou seguir até o médico. Até as missas foram suspensas. O papa Francisco celebrou a tradicional audiência semanal das quartas-feiras, mas o vídeo foi divulgado pela internet a partir de sua biblioteca. A praça de São Pedro estava vazia.

O medo do coronavírus também deixa hotéis e locais turísticos esvaziados em Paris, capital da França, outro grande foco da epidemia na Europa. Um total de 363 milhões de estudantes estão de férias forçadas em 15 países, segundo a Unesco. A Espanha, que registra 2.002 casos de coronavírus e 47 mortes, fechou escolas e universidades em Madri, sua região mais afetada.

A China (sem considerar os territórios de Hong Kong e Macau), onde a doença surgiu em dezembro, registra 80.778 casos, com 3.158 mortes, sendo 22 vítimas fatais nas últimas 24 horas. Mas a tendência no país é de queda e o governo começou flexibilizar as medidas. Em um sinal de normalização progressiva em Wuhan (centro), berço da epidemia e isolada desde 23 de janeiro, as empresas começam a retomar as atividades, um dia depois da visita à cidade do presidente Xi Jinping, que declarou que a epidemia está “praticamente contida”.

Mas no momento em que os casos de coronavírus importados aumentam na capital da China, a Prefeitura de Pequim determinou que qualquer pessoa que chegar à cidade procedente do exterior deverá passar por uma quarentena obrigatória de 14 dias. O Japão, onde o coronavírus contaminou 568 pessoas e deixou 12 mortos, cancelou a cerimônia de recordação do tsunami de 11 de março de 2011, que deixou 18.500 mortos e desaparecidos, e provocou o desastre nuclear de Fukushima. Ao mesmo tempo prosseguem as medidas de isolamento e suspensão de voos de várias companhias europeias.

O Irã anunciou o óbito de mais 63 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, elevando para 354 o total de vítimas no país, um dos mais afetados do mundo. “Infelizmente, nas últimas 24 horas, foram registradas 63 mortes. Ao todo, 354 pessoas faleceram (por Covid-19)”, informou o porta-voz do Ministério da Saúde, Kianuche Jahanpur. As autoridades também constataram, segundo Jahanpur, 958 novos casos de contaminação, aumentando para 9.000 o número de pessoas infectadas no Irã. A capital Teerã registrou 256 novos casos, seguida pela província de Ispahan (centro), com 170. A propagação do novo coronavírus no Irã é uma das mais letais fora da China, onde a doença surgiu pela primeira vez em dezembro passado.

O Irã anunciou a primeira morte por coronavírus em seu território, na cidade sagrada xiita de Qom, em 19 de fevereiro. Quarentenas ainda não foram formalmente impostas no território, mas as autoridades pediram aos iranianos que evitem viajar. Escolas e universidades foram fechadas, assim como hotéis e outras instalações turísticas, para desestimular as viagens. Neste contexto, o presidente Hassan Rohani fez um novo apelo hoje à população, pedindo-lhe que limite seus traslados para conter o vírus.

Governo do Irã anunciou ontem a morte de mais 63 pessoas em apenas 24 horas, elevando o número de vítimas para 354 (foto: Iranian Press/AFP)
Governo do Irã anunciou ontem a morte de mais 63 pessoas em apenas 24 horas, elevando o número de vítimas para 354 (foto: Iranian Press/AFP)

América Latina 

O coronavírus demorou a chegar na América Latina depois de atingir o resto do mundo, mas o seu surgimento no continente culminou na adoção de medidas drásticas nas últimas horas, como a quarentena obrigatória para viajantes definida por países como a Argentina, Colômbia, Chile e Peru, além do fechamento de escolas no Panamá. O primeiro doente conhecido de COVID-19 na América Latina apareceu no Brasil no último 26 de fevereiro: um homem que havia chegado da Itália. Desde então, o coronavírus se manifestou em 11 países do continente e duas pessoas morreram na Argentina e no Panamá. Até o momento, foram registrados 180 casos. O Brasil é o país mais afetado, com 52 pacientes, seguido do Chile, com 23.

Os números ainda estão longe dos mais de 800 mortos e 12 mil infectados na Itália, ou os mais de dois mil contaminados na Espanha, mas vários governos latino-americanos decidiram adotar medidas mais rígidas, como no restante do mundo. O governo colombiano anunciou ontem o “isolamento preventivo” – segundo as palavras do presidente Iván Duque – por 14 dias dos que chegarem da China, Espanha, França e Itália.

A medida foi tomada cinco dias depois da aparição do primeiro caso na Colômbia, que tem um total de nove confirmados, entre eles o de uma turista de 19 anos que chegou a Bogotá vinda de Milão. A Argentina tem casos com procedência dos Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul, Japão e Irã, e avalia proibir a entrada de pessoas vindas da Itália.

El Salvador e Guatemala, ainda sem casos, fecharam suas fronteiras para todos os estrangeiros. Paraguai, Peru e Panamá optaram por suspender ou atrasar o início das aulas. Esperam-se mais medidas, levando em conta que o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para os "níveis alarmantes de propagação e falta de ação" em todo o mundo, antes de classificar o coronavírus como pandemia.

Sem leitos 

O principal medo em relação ao aumento de casos no continente estão relacionados a sua capacidade de enfrentar a pandemia com uma infraestrutura de saúde desigual e, em muitos casos, precária e insuficiente. Na América Latina, o setor público gasta apenas 3,7% do PIB em saúde, frente aos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que direcionam 6,6% dos recursos para a questão sanitária, explica Lígia Bahia, professora-associada do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em um artigo recente para o periódico Americas Quarterly.

No caso de se instalar um surto mais agressivo, os países podem não dar conta, uma vez que alguns já estão lutando para combater a dengue. Segundo os últimos dados da OMS, de toda a América Latina somente Cuba (5,2), Argentina (5) e Uruguai (2,8) superam a média mundial de leitos hospitalares, de 2,7 para cada mil habitantes, de acordo com o Banco Mundial. A precaridade aumenta até chegar em 0,8, na Venezuela, e 0,6 na Guatemala.



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