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Estado de Minas

Oferta mundial de petróleo pode sofrer redução drástica

Países exportadores planejam corte de 1,5 milhão de barris por dia do óleo, para tentar conter queda de preços devido ao avanço da epidemia. Sauditas vetam peregrinação


postado em 06/03/2020 04:00

Placar das cotações no mercado financeiro de Dubai: preço do barril do Brent ficou abaixo de US$ 50 pela primeira vez desde 2017 (foto: Karim Sahib/AFP )
Placar das cotações no mercado financeiro de Dubai: preço do barril do Brent ficou abaixo de US$ 50 pela primeira vez desde 2017 (foto: Karim Sahib/AFP )
 
 
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) propôs ontem aos seus parceiros corte drástico na produção de 1,5 milhão de barris por dia para conter a queda no preço do petróleo provocada pelo avanço do novo coronavírus, proposta que a Rússia terá que aprovar. Os ministros concordaram em recomendar “um novo ajuste de 1,5 milhão de barris por dia até 30 de junho de 2020”, afirmou a Opep por meio de comunicado, após a reunião dos representantes do grupo em sua sede em Viena. Segundo maior produtor mundial de petróleo, atrás dos Estados Unidos e à frente da Arábia Saudita, Moscou baseou suas previsões de orçamento em um barril em US$ 42,4 e está satisfeito com o atual nível de preços.
A cotação do barril de Brent do Mar do Norte, referência europeia no mercado do óleo, se mantinha perto da barreira simbólica de US$ 50 ontem. O barril de Brent para entrega em maio fechou com queda de 2,2%, a US$ 49,99, nível que não alcançava desde julho de 2017. As bolsas de valores sentiram o temor no Golfo Pérsico.
Só os 13 membros da Opep participaram dessa primeira reunião para apresentar uma posição única a seus outros 10 parceiros, incluindo a Rússia, e que se reunirão hoje. Desde 2017, a aliança de 23 países, chamada Opep+, mantém cotas de produção estritas para suportar os preços. Em dezembro, aumentou seu corte de 1,2 para 1,7 milhão de barris por dia. Em todo o mundo, a epidemia viral produziu 97.616 casos conhecidos desde o início da epidemia, incluindo 3.347 pessoas mortas em 85 países e territórios, de acordo com a agência de notícias AFP.
Diante de um mercado com excesso de oferta, a situação piorou nas últimas semanas, à medida que a epidemia de pneumonia viral se espalha pelo mundo. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 36 países desenvolvidos, reduziu na segunda-feira sua previsão de crescimento global para 2020 de 2,9% para 2,4%, depois que a Agência Internacional de Energia alertou sobre as consequências “significativas” do coronavírus para a demanda de petróleo bruto.
Na Arábia Saudita, que integra a Opep, a decisão, considerada necessária, de suspender a Umra, a peregrinação a Meca que pode ser realizada durante todo o ano, devido à propagação do novo coronavírus ameaça  a economia do país e sua imagem internacional. Na quarta-feira, as autoridades suspenderam a peregrinação considerada menor, pelo fato de que pode ser feita fora do período do hajj, a maior peregrinação à cidade sagrada.
Trata-se de uma decisão que faz temer pelo futuro do hajj, um dos principais pilares da religião islâmica, que este ano deve ocorrer entre o fim de julho e início de agosto. O país também proibiu a entrada de peregrinos nas cidades santas de Meca e Medina, os lugares mais sagrados para o Islã.
 
 
 
Equipe médica pulveriza desinfetante em hospital chinês de Wuhan, em meio a balanço de 97,6 mil casos de contaminação no mundo (foto: China Out/AFP )
Equipe médica pulveriza desinfetante em hospital chinês de Wuhan, em meio a balanço de 97,6 mil casos de contaminação no mundo (foto: China Out/AFP )

Prejuízo religioso
Essas medidas preventivas surgem em um momento em que os países do Golfo temem a propagação da epidemia do novo coronavírus após ter registrado mais de 150 casos, em sua maioria de pessoas que voltaram de peregrinações no Irã, um dos maiores focos da epidemia no mundo, depois da China. A pequena peregrinação na Arábia Saudita corria o risco de se tornar um foco importante de contaminação. No país, foram confirmados cinco casos de pessoas infectadas pelo vírus.
A suspensão do evento religioso soma-se às medidas de prevenção tomadas por outros países, incluindo rivais regionais como Irã, Catar e Turquia. A decisão saudita frustrará milhões de fiéis que se programavam para fazer a peregrinação aos lugares santos. Além disso, terá que renunciar a bilhões de euros do lucro anual por causa do turismo religioso.
Muitos fiéis de todo o mundo investem todas suas economias para realizar a pequena peregrinação. Para muitos, a suspensão da Umra já simboliza uma catástrofe. Nesse sentido, a Embaixada da Indonésia em Riad pediu às autoridades sauditas que permitam os seus cidadãos a continuar com os planejamentos de peregrinação.
Grandes instituições religiosas na Arábia Saudita, assim como no exterior, aprovaram a suspensão da Umra. No entanto, segundo Yasmine Farouk, especialista em Arábia Saudita no centro Carnegie Endowment for International Peace, em Washington, a decisão poderia “colocar em dúvida o controle saudita dos lugares santos do Islã”. O turismo religioso, que representa US$ 12 bilhões, segundo dados do governo, é vital para as finanças sauditas.

Verba nos EUA O Congresso dos Estados Unidos (EUA) aprovou ontem plano de emergência de US$ 8,3 bilhões para financiar a luta contra a propagação do novo coronavírus no país. O Senado votou quase por unanimidade a favor desse financiamento excepcional, resultado de um acordo entre legisladores republicanos e democratas e que já havia sido votado na quarta-feira pela Câmara dos Deputados.
“O Congresso demonstrou uma capacidade de liderança forte e decisiva contra o novo coronavírus”, disse o senador democrata Patrick Leahy, que recebeu com agrado o texto que foi redigido e aprovado por ambas as partes “em nove dias devido à emergência”. No país, mais de 180 pessoas foram diagnosticadas com C0VID-19, que até agora deixou 11 mortos, segundo a  agência de notícias AFP.
 


Perda de aéreas chegaria a US$ 113 bi
A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês) previu ontem que as perdas de receita do setor em função da epidemia do novo coronavírus deverão ficar entre US$ 63 bilhões e US$ 113 bilhões neste ano. Em fevereiro, a Iata havia feito projeção de perdas de receita bem menor, de cerca de US$ 29,3 bilhões, levando em consideração cenário no qual o surto se restringiria basicamente à China e a mercados ligados ao país.
Ontem, a epidemia fez sua primeira vítima no setor aéreo: a companhia aérea regional Flybe, do Reino Unido, que apresentou pedido de falência. O processo de colapso da empresa, que é noticiado em todos os veículos de comunicação locais, se acelerou com a forte queda da demanda por viagens em função da disseminação do vírus.
Desde janeiro, a companhia apresentava dificuldades, mas o governo do Reino Unido afastou a possibilidade de qualquer intervenção pública direta na empresa para tentar salvá-la. Aprovaria, no entanto, um possível financiamento e revisão de impostos locais. Não deu tempo. O fechamento da empresa causa um problema para o governo britânico, que prometeu “subir o nível” do transporte regional no país.
“Todos os voos foram suspensos e os negócios no Reino Unido deixaram de operar imediatamente”, comunicou a operadora, descrita como a maior companhia aérea regional independente da Europa pela imprensa britânica. 
 
 
 


Proteção ao papa

O Vaticano está estudando novas medidas de precaução a serem estabelecidas nos próximos dias, principalmente em relação às atividades do papa Francisco, para impedir a propagação do novo coronavírus, informou ontem o porta-voz do Santo Padre, Matteo Bruni. Ele não especificou se o pontífice de 83 anos, tão próximo aos fiéis, permanecerá provisoriamente longe da multidão nas audiências de quarta-feira, ou evitará contato físico com seus visitantes. Francisco é conhecido por sua predisposição para apertar a mão, dar beijos nas bochechas ou na testa, o que significa um possível contato com milhares de micróbios que não parecem assustá-lo. 


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