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Estado de Minas

Redes sociais na defensiva ante novas táticas digitais de campanha


postado em 03/03/2020 17:43

As denúncias sobre o papel desempenhado pelas redes sociais na campanha eleitoral dos Estados Unidos em 2016 mantêm na berlinda estas plataformas digitais, que tentam controlar a desinformação e a influência estrangeira, mas ao mesmo tempo devem enfrentar novas táticas de campanha política on-line para as eleições de novembro.

A avalanche de mensagens políticas em forma de apoio de personalidades públicas, contas falsas, os chamados "bots" (perfis automatizados) e vídeos manipulados representam um desafio para estas empresas, ao mesmo tempo em que o candidato democrata Michael Bloomberg, que dispõe dos maiores recursos na corrida pela indicação de seu partido, as obriga a reescrever algumas normas.

Embora o Twitter tenha proibido a propaganda política e o Facebook tenha implementado medidas para maior transparência, nenhuma destas empresas se mostra preparada para novas estratégias de comunicação, o que inclui apoios contratados e memes, invisíveis para as regras de conteúdo político.

"As plataformas sociais ainda não têm claro como vão definir o que é propaganda política", diz Michelle Amazeen, professor da Boston University especializado em comunicação política.

A entrada de Bloomberg na corrida democrata gerou novos desafios para as redes sociais. O bilionário ex-prefeito de Nova York contratou "influencers", palavra que designa pessoas que têm grandes números de seguidores nestas plataformas, e 'organizadores digitais' para que publiquem mensagens sobre sua campanha.

Só no Facebook, Bloomberg gastou mais de 56 milhões de dólares. O presidente americano, por sua vez, investiu nesta rede 25 milhões de dólares.

"A campanha de Bloomberg nos levou a águas desconhecidas" e pôs à prova as políticas das redes sobre engano e manipulação, diz Emerson Brooking, pesquisador do Laboratório de Investigação Digital Forense do Atlantic Council, um centro de reflexão com sede em Washington.

Contratar um exército de usuários das redes para publicar em seu nome beira a trapaça, segundo Brooking, porque "busca criar a aparência de um movimento de base popular que pode não existir".

- Regular em tempo real -

Lindsay Gorman, pesquisadora da Alliance for Securing Democracy, um grupo de defesa da democracia, diz que as plataformas sociais reagem o mais rápido possível às rápidas mudanças nas estratégias.

"Estamos vendo vários exemplos de mídia e conteúdo manipulado, e para as plataformas é difícil responder a essas novas ferramentas, portanto elas estão desenvolvendo políticas em tempo real".

Boa parte das restrições nas redes concentra-se em anúncios pagos e evita mensagens regularmente publicadas (o chamado conteúdo 'orgânico') pelos próprios candidatos ou seus seguidores.

"Bloomberg revelou uma vulnerabilidade nas plataformas", diz Eric Wilson, estrategista digital republicano.

"As campanhas querem espalhar suas mensagens e, se você as cortar, os anúncios serão movidos para outras áreas".

Um vídeo publicado recentemente por Bloomberg, mostrando imagens editadas do debate em Nevada para mostrar rivais sem argumentos para as expressões do candidato, um efeito acentuado pelo som de grilos, disparou os alarmes.

Alguns críticos pediram para censurar o vídeo, e o Twitter disse que colocaria nele de "manipulador" de acordo com as novas regras que ainda não entraram em vigor.

- Lidar com memes -

Outro assunto espinhoso para as redes sociais é lidar com os memes, que podem se converter em potentes mensagens mas também julgar o limite da desinformação.

Candidatos como Bloomberg assim como seu rival democrata Bernie Sanders, atual líder na disputa pela indicação democrata para concorrer à presidência, buscam aprender o efetivo uso que a campanha de Trump fez deles em 2016, disse Heather Woods, professora da Universidade do Estado do Kansas e co-autora do livro "Make America Meme Again" ("Faça da América um Meme Novamente", em tradução livre).

"Os memes podem ser satíricos ou apresentar diferentes níveis que incluem piadas internas, por isso que é difícil submetê-los à verificação", afirmou Woods.

"Em 2016, os memes foram a peça central para disseminar ou transmitir informações políticas, mas também foram importantes para reunir grupos de pessoas por trás de uma ideia".

Os memes e outros tipos de sátira representam um desafio para as plataformas e, segundo os analistas, eram usados por grupos russos que buscavam gerar discórdia e divisão na política americana.

Segundo Gorman, pesquisador da Aliança para Garantir a Democracia, as plataformas "realmente não pensaram nisso", mas deveriam se concentrar na intenção e não no formato.

"Eu traçaria uma linha na manipulação enganosa", alertou.

- A volta dos 'bots' -

As redes sociais tiveram algum sucesso na eliminação de contas automatizadas, conhecidas como "bots" (abreviação de "robots", "robôs" em inglês), mas muitas desse tipo seguem vivas e se multiplicam no campo digital.

O rastreador on-line Bot Sentinel encontrou dezenas de milhares dessas contas ativas no Twitter, muitas dedicadas à ampliação de mensagens pró-Trump, e também registrou intensa atividade pró-Sanders.

Segundo Wilson, é uma estratégia com "baixo custo e impacto". Para Gorman, as plataformas sociais fizeram progressos na tentativa de erradicar atores estrangeiros que usam bots, mas o especialista se pergunta se as mesmas técnicas de manipulação de 2016 não reaparecerão.

"O movimento em direção a grupos privados e a comunicação criptografada (codificada com um sistema de segurança) terá influência sobre as possíveis informações erradas", acrescenta, observando que, especialmente na Índia, o aplicativo WhatsApp, onde as mensagens circulam criptografadas entre os usuários, foi usado para disseminar informações falsas.


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