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Estado de Minas

Mineira relata medo e escassez


postado em 28/02/2020 04:00

Em Milão, Praça do Duomo com pouco movimento e pessoas usando máscaras: reflexo da gravidade de casos na Itália(foto: Miguel MEDINA/AFP)
Em Milão, Praça do Duomo com pouco movimento e pessoas usando máscaras: reflexo da gravidade de casos na Itália (foto: Miguel MEDINA/AFP)

 

Felipe Quintella*

 

Apreensão, ruas vazias e falta de produtos nos mercados. É assim que a empresária Natália Juliana Matos, de 40 anos, mineira de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, descreve a situação na Itália, onde vive há cerca sete anos, com a expansão do novo coronavírus no país. “É muito estranho relatar sobre esse vírus tão assustador. Eu me sinto vítima de um inimigo invisível”, conta. Ela mora na cidade de Arona, de 15 mil habitantes, na Lombardia, no Norte do país, a região italiana duramente afetada pelo COVID-19. Com mais de 650 casos registrados e 17 mortes, a Itália é a nação mais prejudicada pela epidemia na Europa.

 

Natália relata que não são encontrados nos supermercados produtos alimentícios como massas, carne e leite, além de itens de limpeza, como álcool e desinfetantes. “O governo cogitou fechar alguns portos. Há uma cidade, Codogno, que fica a 100 quilômetros da minha casa, que está em quarentena”, afirma. De acordo com a mineira, não há casos confirmados ou suspeitos na cidade em que ela mora.

 

"Eu me sinto vítima de um inimigo invisível"

Natália Juliana Matos, empresária mineira que mora na Itália

 

 

RUAS VAZIAS Ela conta que outra consequência é o receio das pessoas de saírem à rua. Como as escolas e faculdades foram fechadas, os dois filhos da empresária estão em casa desde a semana passada. Nesse tempo, tem recorrido muito a livros e filmes. “Para abastecer o carro as pessoas só descem quando todo mundo já foi embora”, diz.

 

Natália mora na Itália desde 2013 e diz que nunca enfrentou situação de tensão tão grande. Ela aponta que algo similar ocorreu entre 2015 e 2016, quando uma série de atentados aterrorizou a Europa. “Mas naquela época a gente tinha uma certa segurança porque o Exército estava na rua”, afirma. A empresária pensou em mandar os filhos para fora do país. “Quando eu fecho os olhos, peço muito a Deus para que o planeta possa se curar. Só a fé nessas horas, porque a gente não tem o que fazer”, afirma.

 

A mineira acredita que o governo italiano poderia ter tomado mais providências, especialmente para controlar o número de voos que chegaram no país. “Foi uma falha, mas também era quase impossível controlar todas as pessoas que entram e saem. Mas agora o que pode ser feito eles estão fazendo”, avalia.

 

*Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira 

 

 Turismo em colapso

 

Na Itália, o setor de turismo está à beira do colapso, devido. A taxa de ocupação de hotéis em Milão, o coração econômico do país e que está a cerca de 60 quilômetros do foco principal da epidemia, caiu para 20%. Nesta época do ano, este percentual costuma ser de 85% a 90%, segundo a filial local da associação de hotéis Federalberghi. Em Roma, mais de 50% das reservas para o próximo mês foram canceladas. O cancelamento do Carnaval de Veneza, o encerramento de todos os shows musicais e de peças de teatro, assim como o adiamento de feiras e de congressos, como o Salão Internacional do Móvel de Milão, tiveram forte impacto para a economia do país. Muitos países europeus reforçaram as medidas de prevenção e aconselham seus cidadãos a não visitarem as regiões italianas afetadas. O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, por sua vez, pediu aos turistas estrangeiros que não deixem de visitar a Itália, que colocou em quarentena 11 províncias do norte do país.


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