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Estado de Minas CORONAVíRUS

Mortes fora da China crescem e elevam risco de pandemia

Número de vítimas chega a sete na Itália e na Coreia do Sul e 12 no Irã e OMS afirma que mundo deve se preparar para expansão da doença, que derrubou bolsas ontem


postado em 25/02/2020 04:00 / atualizado em 24/02/2020 21:08

Turistas usam máscaras em Veneza, onde o carnaval foi suspenso por temor do coronavírus(foto: Andrea Pattaro/AFP)
Turistas usam máscaras em Veneza, onde o carnaval foi suspenso por temor do coronavírus (foto: Andrea Pattaro/AFP)



Uma alta de novos casos de infecção pelo Covid-19, o coronavírus, em países como a Itália, a Coreia do Sul e o Irã ontem aumentou o receio de que haja uma pandemia da doença. O vírus infectou cerca de 77 mil pessoas e já matou mais de 2.500 na China, onde ele se originou no ano passado. Na Itália e na Coreia do Sul, 7 mortes foram confirmadas. No Irã são 12 mortes. Além disso quatro novos países afetados, uma situação que deixou os mercados financeiros em alerta. Coreia do Sul e Irã têm agora o maior número de casos de contaminação e de mortes fora da China.

Na Itália, a polícia faz pontos de controle em torno de 11 cidades do Norte da Itália que estão em quarentena, em uma tentativa de controlar o vírus COVID-19. Há 43 locais onde há restrições à entrada e saída, e quem infringir a proibição poderá enfrentar penas que chegam a três meses de prisão. Até o domingo, a polícia só vigiava os acessos e informava os motoristas qual era a situação. Mas novos decretos foram impostos, e as entradas e saídas foram proibidas – e devem ficar assim por 14 dias. Ao menos 250 pessoas no Norte da Itália foram diagnosticadas com o vírus, e sete morreram, incluindo uma mulher de 84 anos, que faleceu na madrugada de ontem, em Bergamo. Quase 52.000 pessoas passaram o domingo confinadas em uma zona de isolamento na Lombardia e Veneza.

As autoridades ainda não conseguiram identificar a origem do contágio. Ontem, a epidemia atingiu mais de seis regiões. A Áustria fechou temporariamente o tráfego nas fronteiras com a Itália. Outros países vizinhos, como Eslovênia e Croácia, que são destinos populares para turistas italianos, convocaram reuniões de emergência. Não há nenhum caso registrado nesses países. As autoridades da Itália cancelaram jogos de futebol e fecharam escolas. Apresentações teatrais e até mesmo o carnaval de Veneza foram cancelados. Ao mesmo tempo, o governo tenta explicar que a taxa de mortalidade do vírus é relativamente baixa se comparada com as gripes sazonais.

O medo e a rápida propagação do coronavírus além da China e suas repercussões macroeconômicas para a já frágil economia mundial derrubaram ontem as principais bolsas europeias, começando pela de Milão, que fechou em queda expressiva de 5,3%. Em Londres, o índice FTSE perdeu 3,34%, enquanto o CAC 40 de Paris recuou 3,94% e a Bolsa de Frankfurt cedeu 4,01%.

Menos de uma semana depois da detecção do novo coronavírus em seu território, o Irã anunciou mais quatro óbitos, o que eleva a 12 o total de vítimas de morte no país. Também anunciaram seus primeiros casos da doença o Afeganistão, Iraque, Bahrein e Kuwait. Quase 30 países e territórios já foram afetados pela epidemia, com um balanço de pelo menos 30 mortos fora da China. A Coreia do Sul anunciou um número recorde de 231 novos casos de contaminação em 24 horas. O país registra 800 pessoas infectadas e sete mortes. Esta quantidade é superior à do Japão, onde o cruzeiro Diamond Princess era até agora o principal foco de contaminação fora da China.

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, declarou no domingo estado de alerta máximo no país. Daegu, na Região Sudeste e quarta maior cidade do país, com 2,5 milhões de habitantes, registra muitos casos e virou uma cidade-fantasma. Apenas alguns passageiros, protegidos com máscaras, entravam ou deixavam a estação ferroviária. Mais da metade dos casos anunciados na Coreia do Sul envolve membros de uma seita cristã. Dezoito deles retornaram de uma peregrinação a Israel, país que registrou dois casos e que adotou novas medidas de proibição de entrada.

No Oriente Médio, vários países anunciaram medidas para tentar evitar a rápida propagação do vírus a partir do Irã. Preocupados com a multiplicação de casos neste país (47), Armênia, Turquia, Jordânia, Paquistão e Afeganistão fecharam as fronteiras ou adotaram restrições para pessoas procedentes do Irã. O governo iraniano anunciou o fechamento dos centros de ensino em 14 províncias, incluindo Teerã.

Na China, onde o novo coronavírus surgiu em dezembro em um mercado de Wuhan (centro), a epidemia provocou mais 150 mortes nas últimas 24 horas. Este número representa um aumento significativo na comparação com a quantidade de óbitos anunciada no domingo. A doença já matou 2.592 pessoas no país. O número de novos casos de contaminação foi menor em 24 horas, 409 casos contra 648 anunciados no domingo. As autoridades chinesas expressaram otimismo a respeito da evolução da doença.

Em Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes na região central da China isolada do mundo há um mês, autoridades anunciaram nesta segunda-feira que os não residentes poderiam deixar a localidade se não apresentassem sintomas e não estivessem em contato com os portadores do vírus. Algumas horas depois, no entanto, a prefeitura anulou a medida e invalidou a decisão. Também afirmou que adotará sanções contra os que fizeram o anúncio “sem autorização”. “Wuhan coloca em prática o espírito das importantes instruções de Xi Jinping”, presidente chinês, para lutar contra o vírus, afirmou o governo local.

Alerta 

Diante da epidemia, o diretor-geral da OMS pediu ao mundo ontem que se prepare para uma "eventual pandemia". “Temos que nos concentrar em conter (a epidemia), enquanto fazemos todo o possível para nos preparar para uma eventual pandemia”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, em Genebra. Ao mesmo tempo, Ghebreyesus, disse que o ritmo de expansão da epidemia diminuiu na China desde o início de fevereiro. Ele afirmou que uma missão internacional de especialistas determinou que na China “a epidemia atingiu um pico, estabilizou entre 23 de janeiro e 2 de fevereiro e diminuiu de maneira contínua desde então”.



PC chinês adia assembleia


A China anunciou ontem o adiamento, sem data prevista, da sessão anual de seu Parlamento por causa da epidemia do novo coronavírus, um problema incomum na mecânica bem engrenada do governo comunista. A sessão plenária da Assembleia Nacional Popular (ANP) deveria começar, como todos os anos, no dia 5 de março. O evento tradicional serve para mostrar a unidade do país, com o apoio de enormes bandeiras vermelhas e votações que geralmente são encerradas com quase total unanimidade. Mas o surgimento do novo coronavírus, que já matou mais de 2.500 pessoas e infectou 77.000, alterou o calendário.

A sessão será realizada em outra data, a ser anunciada posteriormente, conforme decidido ontem pelo comitê permanente da ANP, citado pela televisão nacional. Reunir 3.000 deputados no Palácio do Povo em Pequim parecia algo impensável, pois há regiões inteiras em quarentena e muitos cidadãos estão trancados em suas casas por medo do contágio. Eles só podem pisar na rua se estiverem de máscara. A capital também decretou uma quarentena de 14 dias em casa ou hotel para quem já esteve em outra região do país.

O adiamento é “necessário” caso se pretenda que "a atenção seja focada na prevenção e no controle da epidemia", afirmou na semana passada um alto funcionário do Parlamento, Zang Tiewei. Após os distúrbios da "Revolução Cultural" (1966-1976), a sessão plenária foi realizada todos os anos desde 1978. Desde 1985 começa sistematicamente em março e, mais especificamente, no dia 5 desse mês desde 1998, como um símbolo da estabilidade do governo, que completou no ano passado 70 anos.

No entanto, para Dorothy Solinger, da Universidade da Califórnia em Irvine, a mensagem do governo pode ser obscurecida pela epidemia. “Como se pode apresentar a mensagem necessariamente otimista [...] sobre o progresso e as realizações do país em meio a tanta incerteza?”, declarou à AFP. Ao adiar a sessão, o governo pode explicar que “dedica todos os seus esforços à luta contra o vírus e não tem tempo para organizar a reunião, por enquanto”.

Embora as grandes decisões submetidas à ANP já tenham sido tomadas pelo Partido Comunista Chinês (PCC), a sessão anual dá lugar a alguns anúncios tradicionais, como a meta de crescimento econômico para o ano. O primeiro-ministro, Li Keqiang, anunciou no ano passado um crescimento entre 6% e 6,5% do PIB para 2019. O valor final foi de 6,1%. Com a economia em pleno declínio há um mês por conta da epidemia, o índice de 2020 poderá ser consideravelmente menor. No sábado, a diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que as últimas estimativas da instituição previam uma taxa de crescimento de 5,6% para a China em 2020.


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