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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Nova morte na Itália e liberação no Brasil

Terceira vítima é registrada no país europeu, que suspende carnaval de Veneza e isola 52 mil pessoas. Brasileiros repatriados de Wuhan, na China, deixaram quarentena ontem


postado em 24/02/2020 04:00 / atualizado em 23/02/2020 21:43

Os 34 que estavam confinados na Base Aérea de Anapólis deixaram o local e retornaram para suas casas após confirmação de que não estão contaminados(foto: Marina Barbosa)
Os 34 que estavam confinados na Base Aérea de Anapólis deixaram o local e retornaram para suas casas após confirmação de que não estão contaminados (foto: Marina Barbosa)
Uma terceira pessoa contaminada pelo coronavírus, que já era diagnosticada com câncer, morreu ontem em Cremona, no Norte da Itália, segundo Giullio Gallera, secretário de Saúde na região da Lombardia. “Trata-se de uma senhora idosa, que estava internada em estado grave no setor de oncologia e que tinha sido contaminada com o coronovírus”, explicou Gallero durante uma coletiva de imprensa. As outras mortes ocorreram em Vo’Euganeo, em Veneto, e em Codogno, também na Lombardia. Enquanto a doença gera temor na Europa, Ásia e Oriente Médio, no Brasil, os 34 brasileiros que saíram da cidade chinesa de Wuhan para escapar da epidemia do coronavírus enfim estão a caminho de casa.

Os repatriados foram liberados da quarentena a que foram submetidos na Base Aérea de Anápolis, após se certificarem de que não estavam contaminados pelo COVID-19, na manhã de ontem. E logo embarcaram em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Os repatriados foram liberados após 14 dias de confinamento, o tempo necessário para descartar uma possível contaminação pelo novo coronavírus, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A saída da quarentena acontece, por sua vez, antes do prazo inicialmente previsto pelo governo brasileiro. O Ministério da Defesa havia informado anteriormente que a quarentena brasileira duraria 18 dias e, por isso, se estenderia até quinta-feira.

Na Itália, o primeiro país da Europa a estabelecer uma quarentena por causa do novo coronavírus, quase 52 mil pessoas estão em zonas de confinamento nas regiões da Lombardia e de Veneto, no Norte do país. O presidente de Veneto anunciou ontem a suspensão do carnaval de Veneza, que começou em 8 de fevereiro e prosseguiria até amanhã, assim como de todos os eventos esportivos na região. Os desfiles de moda em Milão seguem normalmente. O estilista Giorgio Armani, porém, comunicou na noite de sábado que seu desfile ontem seria realizado em um showroom vazio e transmitido para o público da moda pela internet. Esta foi a primeira vez em 45 anos que a marca de Milão tomou uma medida em meio à preocupação com a saúde pública.

O número de pessoas infectadas no país subiu para 133, ante 25 contabilizadas no sábado. Segundo as autoridades, três pessoas em Veneza estão infectadas com o vírus COVID-19 e internadas em estado crítico, quase todas agrupadas no Norte no país, inclusive na região Nordeste do Veneto, que inclui Veneza. “Há 89 pessoas infectadas na Lombardia, incluindo um jovem em Valtellina” (zona montanhosa), afirmou o governador de Varese, Attilio Fontana. A região inclui a capital financeira do país, Milão, onde há registro de apenas um paciente com suspeita de contaminação. Desde sábado, comércio, missas e eventos esportivos foram fechados ou cancelados.

Alívio 

O Ministério da Saúde teve certeza de que os repatriados brasileiros não haviam sido infectados e, por isso, não poderiam espalhar a doença pelo Brasil, que ainda não registrou nenhum caso de coronavírus. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que o sentimento era de orgulho e alívio. “Orgulho em ver a superação e o sucesso dessa operação. E o alívio de que todos os resultados deram negativo”, afirmou, ao receber das crianças que vieram da China duas bandeiras do Brasil que foram assinadas. Ele ainda prometeu entregar essa bandeira para o presidente Jair Bolsonaro, que vai receber os repatriados em Brasília em breve.

O publicitário mineiro Alefy Rodrigues, de 26 anos, um dos poucos repatriados a falar com a imprensa em Anápolis, confirmou que a expectativa para a chegada em casa era muito grande. “Ansioso para chegar em casa. Tá todo mundo doido para falar com a gente. Tá todo mundo em casa reunido por causa do carnaval. Agora só falta a gente”, vibrou, pouco antes de embarcar. Foi justamente por essa ansiedade em querer voltar aos braços das famílias, que não puderam ir à Base de Anápolis ontem, que os demais repatriados deixaram o local, após a cerimônia oficial, direto para as aeronaves da FAB, sem falar com a imprensa.

A decisão de desmobilizar a quarentena foi tomada depois de os repatriados passarem por um terceiro exame laboratorial, que confirmou o resultado negativo para o coronavírus. O anúncio de que todos estavam liberados do medo da contaminação e também da quarentena foi dado com festa em um auditório improvisado na Base Aérea de Anápolis no sábado. De acordo com o Ministério da Saúde, um repatriado ficará em Anápolis. Já os demais foram levados pela FAB para Brasília, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Pará. Os profissionais que deram apoio ao grupo também embarcaram em aviões da FAB para voltar para suas casas em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. (Com agências)

China vê emergência mais grave desde 1949

O novo coronavírus, considerado pela China a “emergência de saúde mais grave” desde 1949, obrigou ontem a Coreia do Sul a proclamar alerta máximo e alguns países a fechar as fronteias com o Irã, principais focos do COVID-19, assim como a Itália. O vírus, que surgiu em dezembro na cidade chinesa de Wuhan, já matou 2.442 pessoas e infectou quase 77 mil na China continental. Também foi registrado em mais de 20 países, nos quais deixou 24 mortos.

A epidemia do novo coronavírus é “a maior emergência de saúde” na China desde a fundação do regime comunista, em 1949, afirmou o presidente Xi Jinping ontem. “É necessário aprender com deficiências expostas” na resposta da China, completou Xi durante uma reunião oficial para coordenar a luta contra o vírus, um reconhecimento incomum por um líder chinês. Na China, o balanço de mortos subiu, após o anúncio de 97 novas vítimas. Com exceção de uma, todas aconteceram na província central de Hubei, epicentro da doença. O Ministério da Saúde informou 648 novos contágios no país.

Mas é a propagação fora do país que gera grande preocupação. Diante do rápido aumento do número de contágios, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, decidiu estabelecer o mais elevado nível de alerta. A epidemia de coronavírus está “em um momento decisivo. Os próximos dias serão cruciais”, afirmou. Com exceção do foco de infecção no cruzeiro Diamond Princess, no Japão, a Coreia do Sul é o país com o maior número de pacientes, com 602 casos, incluindo quase 300 da seita cristã Shincheonji. Seis mortes foram registradas no território sul-coreano. Dezoito membros da seita diagnosticados com o novo coronavírus retornaram de uma viagem de peregrinação a Israel, onde foi registrado o primeiro caso. Quase 200 estudantes que tiveram contato com turistas sul-coreanos foram colocados em quarentena.

Risco 

Países vizinhos da Itália, como França, Suíça e Áustria, acompanham com atenção a situação. O ministro francês da Saúde, Olivier Veran, considera muito prováveis novos casos em seu território. A Organização Mundial da Saúde (OMS) teme “a possível propagação do COVID-19 nos países com sistemas de saúde mais precários”, advertiu o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Um estudo publicado ontem pelo Centro de Doenças Infecciosas do Imperial College de Londres calcula que “quase dois terços dos casos de COVID-19 fora da China não foram detectados em todo o mundo”.

Em algumas situações, as precauções não foram suficientes. O Japão confirmou ontem que o vírus foi diagnosticado em uma passageira do Diamond Princess que voltou para casa de trem depois de ter sido considerada um caso negativo. Mais de 20 passageiros estrangeiros estão na mesma situação. A epidemia pode colocar em risco a frágil recuperação da economia mundial, afirmou Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), aos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 reunidos na capital da Arábia Saudita. “O vírus COVID-19 afeta a atividade econômica na China e pode colocar em risco a recuperação mundial”, advertiu.

Pessoas usam máscaras em festividades no palácio de Gyeongbokgang, na Coreia do Sul, onde governo declarou emergência(foto: Jung Yeon-Je/AFP)
Pessoas usam máscaras em festividades no palácio de Gyeongbokgang, na Coreia do Sul, onde governo declarou emergência (foto: Jung Yeon-Je/AFP)
Com eleições e 8 mortes, líder do Irã ataca imprensa

O Irã se tornou ontem o país com o maior número de mortes provocadas pelo novo coronavírus fora da China, com oito vítimas de morte, e o guia supremo iraniano acusou a imprensa estrangeira de usar a epidemia como “pretexto” para prejudicar as eleições legislativas. Diante da multiplicação de casos (43 no total) e de mortes (oito) no Irã, Turquia, Jordânia, Paquistão e Afeganistão fecharam as fronteiras ou restringiram as viagens com destino ou origem nesse país. As autoridades de Teerã anunciaram que a capital, de 8 milhões de habitantes, será colocada em quarentena em caso de aumento dos casos.

O Ministério da Saúde anunciou a morte de três novos pacientes infectados pelo COVID-19. O país tem 43 casos do novo coronavírus e oito óbitos no total. Os primeiros casos no Irã e as duas primeiras mortes, que aconteceram na cidade sagrada xiita de Qom, foram anunciados na quarta-feira, dois dias antes das eleições legislativas. “A propaganda começou há alguns meses e se intensificou à medida que as eleições se aproximavam e nos últimos dois dias, sob o pretexto de uma doença e um vírus", afirmou ontem o guia supremo Ali Khamenei, durante sua aula semanal aos estudantes de teologia, em Teerã.

De acordo com seu site oficial, o aiatolá Khamenei denunciou a “grande nuvem (de desinformação) criada pela imprensa estrangeira, que não perdeu a oportunidade para dissuadir a população de votar”. “Apesar da propaganda, o guia da Revolução Islâmica aplaudiu a grande participação da população nas eleições”, afirma o site. O Ministério do Interior deve anunciar em breve os resultados das eleições. De acordo com números preliminares, os conservadores lideram a disputa.

O ministro Abdolreza Rahmani Fazli informou que o índice de participação na votação de ontem foi de 42,57%, a menor taxa registrada em eleições legislativas desde a proclamação da República Islâmica, em 1979. Nas 10 legislativas anteriores, a participação sempre superou os 50%. Muitos analistas previram um elevado índice de abstenção, depois que muitas candidaturas de reformistas e moderados foram rejeitadas.

Mortes 

O Irã foi o primeiro país do Oriente Médio a registrar mortes provocadas pelo novo coronavírus. As duas primeiras vítimas de morte eram idosos, segundo as autoridades. A nacionalidade dos outros mortos ou infectados não foi divulgada, o que dá a entender que também são iranianos. Como “medida de prevenção”, o governo anunciou o fechamento de escolas e universidades, cinemas, teatros e outros centros culturais em 14 das 31 províncias do país, incluindo Teerã. Os eventos culturais e artísticos foram proibidos por uma semana nas regiões afetadas.

O ministro da Saúde, Said Namaki, anunciou que o tratamento da doença será gratuito. “Ao menos um hospital de cada cidade se dedicará exclusivamente a atender, examinar e tratar os casos de coronavírus.” Na capital, Teerã, cidade com mais de 8 milhões de habitantes, onde foram registrados quatro dos 15 novos casos anunciados ontem, a prefeitura ordenou o fechamento das fontes de água e dos postos de vendas de doces no metrô.

Gholamreza Mohammadi, porta-voz da prefeitura, afirmou que os trens do metrô e os ônibus estão sendo desinfetados. “Se o número de pessoas infectadas aumentar em Teerã, toda a cidade será colocada em quarentena”, declarou Mohsen Hashemi, presidente do Conselho Municipal da capital.


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