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Estado de Minas SAÚDE

Coronavírus mata na Europa

Duas mortes na Itália elevam preocupação no momento em que contágio aumenta fora da China, onde novos casos estão em queda. EUA acusam Rússia de espalhar fake news


postado em 23/02/2020 04:00


A morte de duas pessoas por coronavírus na Itália, as primeiras vítimas de morte europeias, gerou uma grande preocupação em um momento no qual os contágios aumentam fora da China e a OMS defende uma mobilização mais intensa contra a epidemia, que já afetou 77.000 pessoas no mundo. Para complicar o cenário, fontes do governo dos Estados Unidos acusaram a Rússia de orquestrar uma campanha de desinformação sobre o coronavírus. As vítimas italianas são um pedreiro aposentado de 78 anos e uma idosa que não teve a identidade revelada. Ambos estavam hospitalizados há vários dias em duas cidades do Norte do país, próximas a Milão, onde ocorre a Semana de Moda, que atrai o mundo da moda para a região.  As vítimas tinham outros problemas de saúde, mas apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus.

A Itália registrou até o momento 39 casos de infectados por esta epidemia, sendo 32 na Lombardia e sete na área de Veneto. Na Região Norte do país, mais de 10 cidades adotaram medidas de confinamento para evitar a propagação do vírus. A primeira pessoa que morreu na Europa depois de contrair o COVID-19 foi um turista chinês procedente da província de Hubei (Centro), berço da epidemia em dezembro. O homem de 80 anos faleceu em Paris, em 14 de fevereiro.

Fora da China continental (sem incluir Hong Kong e Macau) foram confirmados mais de 1.300 casos de contágio, em especial na Coreia do Sul e no cruzeiro Diamond Princess, no Japão. “A epidemia entrou em uma fase grave e o governo faz todo o possível para prevenir a propagação”, afirmou o primeiro-ministro sul-coreano Chung Sye-kyun. A Coreia do Sul anunciou a segunda morte provocada pela doença e o número de infectados aumentou pelo segundo dia consecutivo, com 229 novos casos, o que eleva o total no país a 433.

Entre os novos pacientes diagnosticados, 95 estão vinculados a um hospital de Cheongdo (Sul), onde a seita cristã Igreja de Jesus Shincheonji organizou funerais. Mais de 150 fiéis dessa seita foram infectados nas cerimônias religiosas por uma mulher de 61 anos que não sabia que havia contraído a pneumonia viral.

Nas redes 

Milhares de contas ligadas à Rússia no Twitter, Facebook e Instagram propagam desinformação contra os Estados Unidos sobre o novo coronavírus que surgiu na China, afirmaram fontes do governo americano à AFP. As contas promovem teorias da conspiração, como por exemplo que o vírus foi produzido nos Estados Unidos, em uma tentativa de prejudicar a reputação americana, quando a epidemia já afeta 26 países. Identidades falsas estão sendo utilizadas no Twitter, Facebook e Instagram para promover os argumentos e conspirações russas, incluindo a teoria de que a CIA está por trás do vírus, que já matou mais de 2.300 pessoas, principalmente na China.

“A intenção da Rússia é semear a discórdia e minar as instituições e alianças dos Estados Unidos por dentro, inclusive por meio de campanhas acobertadas e coercitivas de influência maligna”, afirmou o subsecretário de Estado interino para Europa e Eurásia, Philip Reeker. “Ao divulgar a desinformação sobre o coronavírus, os agentes malignos russos voltam a optar por ameaçar a segurança pública ao distrair a resposta global de saúde”, disse.
 
 
 
Preocupação 

O medo aumenta na Europa e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não esconde a preocupação com a dificuldade de conter a propagação do vírus. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, fez um alerta na sexta-feira em Genebra. “Ainda estamos em uma fase na qual é possível conter a epidemia. Mas a margem de manobra está diminuindo”, advertiu, ao mesmo tempo em que lamentou a falta de apoio financeiro internacional. Os focos de coronavírus não param de aumentar: ontem, foi registrada outra morte no Irã, o que eleva a cinco o total de falecimentos no país. Na sexta-feira, foram registrados os primeiros casos de contágio no Líbano e em Israel.

No Japão, mais de 100 turistas que tiveram contato direto com pessoas infectadas no cruzeiro Diamond Princess começaram a desembarcar ontem. Os membros da tripulação do navio ainda a bordo começarão uma quarentena de 14 dias. Mas persistem as dúvidas sobre os métodos utilizados pelas autoridades de saúde nipônicas. Durante a semana, após exames que aparentemente deram resultado negativo, o país permitiu o desembarque de 970 pessoas, incluindo dois australianos e uma israelense que foram declarados portadores do vírus quando retornaram a seus países.

Um passageiro que saiu do Diamond Princess depois de completar o período de quarentena na semana passada deu positivo em um novo teste de coronavírus ontem, tornando-se o primeiro caso no país conhecido de infecção entre os as pessoas que estavam no cruzeiro, disseram autoridades japonesas. A paciente é uma mulher de 60 anos da cidade de Tochigi, Norte de Tóquio, que estava no navio com o marido, disse o governador de Tochigi, Tomikazu Fukuda. Em um teste realizado em 15 de fevereiro, o resultado havia dado negativo, quatro dias antes de sair do navio, sem ter nenhum sintoma. O casal pegou um trem para casa, disseram as autoridades.

Apesar das fortes dúvidas levantadas dentro e fora do país, as autoridades do Ministério da Saúde insistiram que é quase nula a possibilidade de outros passageiros que completaram a quarentena de 14 dias e não tiveram resultado positivo para o vírus, estarem infectados. Alguns especialistas e ex-passageiros criticaram a quarentena, dizendo que as medidas para impedir a infecção eram inadequadas. EUA, Austrália e outros governos que retiraram seus cidadãos do navio estão exigindo uma quarentena adicional de duas semanas.

O ministro da Saúde do Japão, Katsunobu Kato, disse ontem que 18 americanos, seis australianos e um passageiro israelense que foram expulsos do Japão por seus respectivos governos antes do fim da quarentena do navio tiveram resultados positivos depois de voltar para casa. Ele disse que os resultados eram compreensíveis porque aqueles os passageiros não cumpriram totalmente os requisitos mais rigorosos de liberação do navio, que transportou inicialmente cerca de 2.600 passageiros e 1.100 tripulantes. O Japão confirmou mais de 760 casos do novo vírus.

O Diamond Princess é o maior foco de contágio fora da China. Dos 3.700 passageiros e tripulantes que estavam inicialmente a bordo, mais de 630 contraíram o coronavírus. O comitê de organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020 – programados para ocorrer entre 24 de julho e 9 de agosto – anunciou ontem o adiamento da formação dos voluntários por medidas de precaução, mas garantiu que o evento não será afetado.

Redução na China

Na China continental, o país mais afetado pela pneumonia viral e onde já foram registradas 2.345 mortes, a epidemia parece que perdeu força. As autoridades anunciaram 109 falecimentos ontem, contra 118 na véspera. O número diário de casos de contágio também continua em queda, com 400 novos infectados ontem, contra quase 900 na sexta-feira. O total de infectados na China continental se aproxima de 76.000.

Em uma carta de agradecimento à fundação Bill e Melinda Gates por seu apoio financeiro no combate à epidemia, o presidente chinês Xi Jinping afirma que seu país está em “um momento crítico”, informou a agência Xinhua. As autoridades chinesas, porém, minimizam o impacto a longo prazo da epidemia sobre a economia do país, paralisada por áreas em quarentena, estradas bloqueadas e falta de mão de obra.

Nos últimos dias, várias autoridades exibiram com orgulho a reabertura de fábricas, uma tentativa de demonstrar que o país volta a funcionar. Os ministros das Finanças e os presidentes dos bancos centrais dos países do G20 se reuniram em Riad para debater as repercussões da epidemia na economia mundial.
Miguel Medina/AFP
Mulher usa máscara em frente ao hospital municipal de Codogno, próximo a Milão, onde  um homem morreu vítima do Covid-19
Coreia do Sul/Divulgação
Equipe médica transporta paciente infectado com nova doença, em Seul. Número de casos no país subiu para 433 ontem




OMS faz alerta sobre a África


A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou ontem que os sistemas de saúde do continente africano estão mal preparados para enfrentar a epidemia do novo coronavírus, caso os casos da doença aumentem em seus países. Até o momento, o Egito é o único país da África em que há a confirmação de um caso de contaminação. Em uma reunião de ministros da Saúde dos países da União Africana (UA), em Adis Abeba, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu que os países que compõem o continente “façam uma frente comum para ser mais combativos” na luta contra o novo coronavírus.

“Nossa principal preocupação continua sendo a possível propagação do Covid-19 nos países cujos sistemas de saúde são mais precários”, disse o diretor-geral da OMS durante videoconferência, em Genebra. Até o momento, foram detectados 200 casos suspeitos na África, sendo que quase todos tiveram testes com resultados negativos para a doença, informou ontem a diretora do escritório regional da OMS no continente, Matshidiso Rebecca Moetei. Porém, caso o coronavírus se alastre, os sistemas de saúde terão que atender a uma série de pacientes com sintomas como insuficiências respiratórias, ressaltou Adhanom Ghebreyesus.

No continente, muitos países não têm o material necessário e isso “é um motivo para preocupação”, alertou. O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, pediu às autoridades africanas que “tomassem medidas drásticas de prevenção e de controle” em relação ao novo coronavírus. Há o desafio de que os países africanos tenham como realizar testes para a detecção do vírus. Em três semanas, o número de países capazes de fazer esses testes passou de dois para 26, acrescentou Moetei. Várias companhias aéreas africanas, como a Kenya Airways, suspenderam os voos que tinham a China como destino.


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