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Estado de Minas

Passageiros de cruzeiro desembarcam no Japão; mais de 2.000 mortes pelo coronavírus na China


postado em 19/02/2020 15:55

Passageiros do cruzeiro "Diamond Princess" começaram a desembarcar nesta quarta-feira (19), depois de 14 dias de quarentena no Japão, ao mesmo tempo em que as autoridades de saúde do país anunciaram que mais 79 casos do novo coronavírus foram diagnosticados no navio.

Com 621 casos positivos, o "Diamond Princess" representa o maior grupo de pessoas infectadas fora da China.

O Japão enfrenta críticas crescentes por sua maneira de administrar a quarentena, à medida que os passageiros se dispersam pelo mundo.

A Rússia anunciou que, a partir de quinta-feira, nem turistas, nem estudantes, nem trabalhadores, nenhum cidadão chinês poderá entrar no país.

Os passageiros recém-diagnosticados com o vírus serão levados do navio para o hospital e, depois do tratamento, terão de passar por outra quarentena.

Quase 500 passageiros sem sintomas, com resultados negativos nos exames e que não tiveram contatos com pessoas portadoras do vírus, devem desembarcar ao longo do dia, após o isolamento de 14 dias, informou o Ministério japonês da Saúde.

Depois da saída do último passageiro, a tripulação também será submetida a uma quarentena.

"Estou aliviado. Quero descansar", declarou um japonês de 77 anos, que pretendia usar o transporte público para voltar para sua casa.

"A vida a bordo era confortável, estou bem", respondeu ao ser questionado sobre a quarentena.

O número de infecções a bordo do navio de cruzeiro, atracado no porto de Yokohama, não parou de aumentar desde o início de fevereiro.

As 3.711 pessoas de 56 países a bordo faziam um cruzeiro pela Ásia que virou um pesadelo: entre o medo de contrair uma pneumonia viral que pode ser fatal e o tédio do confinamento em suas cabines, algumas delas sem janela, e com uma caminhada curta no convés como única distração.

- "Preocupação" -

David Abel, um passageiro britânico que ganhou fama com os vídeos publicados no início da quarentena, descreveu o estado de ânimo dos passageiros confinados.

"O mais duro é não saber o que vai acontecer. Começa a nos afetar mentalmente. É muito difícil se concentrar em algo", disse Abel.

Algumas horas depois, o britânico anunciou que o exame de sua esposa, Sally, deu positivo.

Fora da província chinesa de Hubei, "a epidemia afeta uma proporção muito pequena da população", afirmou o diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, na segunda-feira.

Além dos casos na China continental, quase 900 casos foram registrados em diversos países e apenas cinco mortes (na França, Japão, Filipinas, Taiwan e Hong Kong).

A cada dia são detectados dezenas de novos casos a bordo, o que provocou críticas à eficácia da quarentena, durante a qual os passageiros eram autorizados a caminhar em pequenos grupos pelo convés, de máscaras. Os tripulantes distribuíam comida pelas cabines.

Kentaro Iwata, professor do Departamento de Doenças Infecciosas da Universidade de Kobe, entrou no "Diamond Princess" e chamou de "totalmente caótica" a gestão da quarentena por parte do governo.

O professor disse que teve medo como nunca havia sentido em sua carreira, uma crítica pública pouco habitual no país.

Depois de batalhar por uma autorização das autoridades, Iwata subiu no cruzeiro na terça-feira.

"Este navio é totalmente inapropriado para o controle da propagação de infecções. Não há distinção entre zonas verdes (saudáveis) e vermelhas (potencialmente infectadas), e os funcionários podem circular de um lugar para outro, comer, usar o telefone", relatou.

"Eu estive na África para trabalhar durante a epidemia de ebola. Estive em outros países afetados pelo cólera, na China em 2003 para tratar a Sars (...) Nunca tive medo de contágio", afirma em um vídeo em inglês.

"Mas dentro do Diamond Princess tive medo, porque não há nenhuma forma de dizer onde está o vírus", relatou.

Ele ficou tão preocupado que decidiu permanecer em quarentena por 14 dias pelo medo de contagiar sua família.

Iwata lamenta que a gestão da crise tenha ficado inicialmente nas mãos de burocratas, sem a presença de um especialista em gestão de infecções.

O ministro japonês da Saúde, Katsunobu Kato, rebateu as críticas.

"Médicos especialistas que integram uma equipe de prevenção de infecções monitoram o navio", afirmou.

Ele disse ainda que os especialistas que assessoram o governo consideram a situação "sob controle".

Vários países decidiram enviar aviões para repatriar seus cidadãos.

Ao mesmo tempo, dezenas de turistas que permaneceram bloqueados no cruzeiro de "Westerdam" - após a notícia de que uma passageira que desembarcou anteriormente era portadora do coronavírus - também desembarcaram nesta quarta-feira no Camboja.

Todos apresentaram resultado negativo para o vírus.

Na China, berço da epidemia do novo coronavírus, o balanço da doença supera 2.000 mortos e 74.000 infectados. Destes, 1.600 foram registrados nas últimas 24 horas.

Há cerca de mil casos de contágio e cinco mortos em cerca de 30 países e territórios insulares chineses.

Dois idosos morreram no Irã, informou nesta quarta-feira a agência oficial Irna, horas depois de ter informado sobre os dois primeiros casos no país.

"Infelizmente, ambos morreram em uma unidade de cuidados intensivos por causa da idade avançada e do colapso de seu sistema imunológico", anunciou a Irna, citando o porta-voz do ministério da Saúde, Kianoush Jahanpour.

- FMI manifesta preocupação

Nesta quarta, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou que o impacto econômico da nova epidemia do coronavírus na China terá curta duração, na melhor das hipóteses, mas é um momento frágil para a economia mundial.

"A verdade é que a incerteza está se tornando o novo normal", afirmou em um artigo intitulado "Encontrando uma base sólida para a economia global".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) continua insistindo em uma mensagem tranquilizadora.

"Fizemos enormes avanços em pouco tempo", afirmou o diretor de medidas de urgência para a região do Mediterrâneo Oriental, Richard Brennan, no Cairo.

"Podemos agora diagnosticar o vírus em todas as partes" e "sistemas sanitários eficazes" foram instalados, afirmou o director regional da OMS Ahmed al-Mandhari.


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