A crescente indignação em torno do assassinato atroz de uma jovem de 25 anos por seu namorado na Cidade do México levou suas autoridades a exigir "a pena máxima" ao criminoso, enquanto coletivos feministas preparam manifestações para a próxima sexta-feira.
Ingrid Escamilla foi esfaqueada no fim de semana passado por seu namorado, identificado como Erick Francisco "N", de 46 anos, que ainda esfolou-a e tirou alguns de seus órgãos, jogados fora no vaso sanitário do apartamento onde moravam.
"O feminicídio é um crime absolutamente condenável. Quando o ódio chega ao limite, como o de Ingrid Escamilla, é indignante. A SSC (Secretaria de Segurança Cidadã) prendeu o suposto responsável, e a procuradora afirmou que exigirá a pena máxima", escreveu na terça-feira a prefeita da capital, Claudia Sheinbaum, no Twitter.
Sheinbaum decretou em novembro passado o "alerta de gênero" para a Cidade do México, um mecanismo que reforça a resposta oficial quando o número de agressões contra mulheres alcança níveis elevados.
O suspeito se entregou à polícia e confessou a agressão, ocorrida no norte da capital. Ele explicou que tentou desmembrar o corpo da vítima para ocultar o crime e porque estava com "vergonha e medo", segundo um vídeo divulgado na imprensa local.
A comoção pública diante do crime absurdo cresceu após alguns veículos publicarem imagens do cadáver, supostamente vazadas por autoridades.
"Foi excessivo, foi uma ofensa não apenas à família, não apenas às mulheres - que nem mortas são respeitadas -, mas uma ofensa à sociedade. Não podemos permitir isso", disse nesta quarta-feira a procuradora Ernestiva Godoy sobre as imagens vazadas.
Ela acrescentou que está investigando legistas e policiais envolvidos no caso, principais suspeitos de distribuir as fotos.
Foram convocada manifestações para esta sexta-feira e sábado.
O México registrou 1.006 vítimas de feminicídio em 2019, segundo dados oficiais que, segundo especialistas, podem ser maiores, pois existem deficiências para tipificar o crime.