Os advogados do presidente Donald Trump retomam nesta segunda-feira (27) a defesa do americano no julgamento político submetido ao Senado, ao mesmo tempo em que são divulgadas informações reveladoras contidas no manuscrito do livro do seu ex-conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton.
As revelações aumentam a pressão contra os republicanos no Senado para que aceitem receber Bolton como testemunha durante o julgamento de impeachment do atual presidente americano, algo que os democratas têm insistido em pedir às partes julgadoras para ser acatado.
Segundo informou o jornal "The New York Times" no último domingo (26), Bolton escreveu que o presidente lhe revelou que a ajuda militar à Ucrânia seria liberada somente após Kiev investigar o potencial rival eleitoral do magnata americano para as próximas eleições americanas, marcadas para novembro deste ano, o democrata Joe Biden.
Trump é acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso por causa do escândalo ucraniano. No caso, ele é acusado de pressionar Kiev a investigar Joe Biden e obstruir a Justiça por ter tentado impedir a investigação.
Nesta segunda-feira, Trump negou ter dito a Bolton que a ajuda militar à Ucrânia estivesse condicionada à investigação de Kiev sobre os seus rivais políticos.
"Nunca disse a John Bolton que a ajuda (militar) à Ucrânia estava vinculada a investigações aos democratas, incluindo Biden. De qualquer forma, ele nunca comentou sobre isso desde a sua demissão", escreveu Trump em seu Twitter, na manhã desta segunda-feira.
- "Nada de mal" -
Citando o manuscrito inédito de Bolton, o New York Times escreveu que Trump teria dito a Bolton que congelaria US$ 391 milhões em ajuda militar à Ucrânia até que a Inteligência de Kiev o ajudasse em uma investigação sobre Biden e seu filho Hunter, que fez parte da diretoria de uma empresa de gás ucraniana.
"Não vi o manuscrito", afirmou Trump aos jornalistas quando questionado sobre o livro de Bolston, que foi enviado à Casa Branca para obter uma autorização de segurança.
No início das alegações da defesa do atual presidente, no último sábado, o advogado da Casa Branca, Pat Cipollone, afirmou que Trump "não fez nada de mal" e que cabe aos eleitores, e não ao Congresso, decidir nas próximas eleições se o governo deve ou não continuar.
Segundo a defesa, a retenção da ajuda à Ucrânia não estava vinculada a investigação de Biden, algo que as revelações do manuscrito de Bolton contradizem.
A maioria republicana na Casa, que tem 53 das 100 cadeiras, é um forte indício de que o julgamento provavelmente terminará com a absolvição do presidente. Também é necessária uma maioria de dois terços para que o impeachment contra Trump seja aprovado, ou seja 67 votos a favor do seu julgamento.