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Estado de Minas

Jean Paul Gaultier se despede das passarelas


postado em 22/01/2020 16:19

Após meio século marcado por uma criatividade extravagante e um espírito transgressor no mundo da moda, o estilista francês Jean Paul Gaultier faz nessa quarta-feira (22), em Paris, seu último desfile de Alta costura, mas não pretende se aposentar completamente.

O estilista, de 67 anos, anunciou seu último desfile de surpresa na última sexta-feira em um vídeo enviado para a imprensa.

"Vou te dizer em primeira mão, será meu último desfile, você tem que vir, não pode perder isso", diz Gaultier como se telefonasse supostamente a um amigo.

"Será uma grande festa, com muitos de meus amigos e vamos nos divertir muito. Acabará muito tarde", diz de forma divertida.

O desfile, previsto para 16:30h (hora de Brasília) no teatro musical de Châtelet, acontece durante a Semana de Moda de Alta Costura, um seleto clube ao qual Gaultier pertence desde 2001 junto a outras 15 marcas, como Dior e Chanel.

Mas esse não será o ponto final. Sua marca, vendida para o grupo espanhol Puig em 2011, "continuará", "com um novo projeto" do qual é o "instigador" e que será revelado "em breve", disse, enigmático.

- "Inconformista" -

Subversivo e livre, Gaultier é um dos estilistas mais importantes de todos os tempos, e desafiou a tradição da beleza tradicional incluindo todas as orientações sexuais em seus desfiles, muito antes dos demais. Também foi precursor na fusão de gêneros na passarela.

Nos anos 1980, revolucionou a moda com suas criações geniais, como o corpete cônico usado por Madonna, a saia masculina e a camiseta listrada de marinheiro, uma reinterpretação em homenagem à sua avó, que o "vestia de azul".

Cercado de musas como a atriz espanhola Rossy de Palma, Gaultier fez de seus desfiles um mundo aparte: longe do tradicional formato rígido da passarela, montou verdadeiros espetáculos cheios de excentricidade e ousadia, mais próximos de um cabaré.

"Estilista inconformista busca modelos atípicas. Rostos disformes são aceitos", dizia um anúncio que publicou nos jornais nos anos 1980.

Convidou para a passarela homens mais velhos, mulheres com sobrepeso e em 2014 colocou em sua passarela a drag queen Conchita Wurst.

Criou também figurinos para filmes como "Má educação" e "Kika", de Pedro Almodóvar, "O Quinto Elemento" de Luc Besson, e colaborou com seus desenhos coloridos no carnaval do Rio e no Dia dos Mortos do México.

Muitos o consideram referência histórica, como o estilista espanhol Alejandro Gómez Palomo, cuja marca Palomo Spain desfila com sucesso em Paris há dois anos.

- Todos belos! -

"Jean Paul Gaultier tinha 17 anos quando começou a trabalhar comigo, acreditava nele e continuo acreditando nele. É o único a quem apoiei", lembrou recentemente seu mentor Pierre Cardin em uma entrevista à AFP.

Em 2018, declarou que "todo mundo é belo" em seu espetáculo autobiográfico "Fashion Freak show" em Paris. Seu sucesso lhe deu asas para voar além das semanas de moda, segundo especialistas.

"Há muitos naos que ouvíamos falar de Gaultier, tenho que tomar uma decisão, o momento chegará. O espetáculo lhe deu perspectivas de futuro", segundo o historiador de moda Olivier Saillard.

"Era muito bonito ver o público rir, chorar, se sentir em comunhão com ele. É mais alegre que um desfile de moda que dura 11 minutos, com as pessoas fazendo fotos com seus smartphones e apenas aplaudindo", acrescenta em entrevista à AFP.

Para esse especialista, Gaultier continuará "construindo aparências, mas de outra maneira".


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