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Estado de Minas

Presidente iraquiano ameaça renunciar se pró-iranianos não mudarem de candidato


postado em 26/12/2019 16:01

O presidente iraquiano, Barham Saleh, pôs sua renúncia sobre a mesa, nesta quinta-feira (26), explicando que se nega a propor ao Parlamento o nome do candidato da ala pró-iraniana para o posto de premiê, agravando um pouco mais a crise política no país.

Dizendo-se um garantidor da "integridade" e da "independência" do país, Saleh - um curdo procedente de um partido tradicionalmente ligado ao vizinho iraniano, mas que desde o início dos protestos resiste às vaias nas ruas - enviou uma carta ao Parlamento.

O presidente diz estar "disposto a renunciar", já que, segundo ele, a Constituição o obriga a propor ao Parlamento o candidato da "maior coalizão" na Casa. No momento, este título se encontra nas mãos do grupo liderado pelos paramilitares pró-Irã, embora esteja sob disputa com outras forças.

"O presidente não tem o direito constitucional de se opor (...), sendo assim anunciou aqui que estou disposto a renunciar perante o Parlamento", diz Saleh na carta.

Desde que o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi deixou o posto no final de novembro, após ter sido abandonado pelo grande aiatolá Ali Sistani, figura tutelar da política iraquiana, os pró-Irã pressionavam para que o ministro do Ensino Superior o substituísse.

Não sendo capaz de se impor a Saleh, que apontou que sua designação alimentaria ainda mais a ira das ruas, eles agora têm um novo candidato.

Sistani, por sua vez, antecipou nesta quinta que não tratará a situação política no sermão de sexta-feira. Há três meses, preferiu manter distância dos políticos após a revolta inédita no país, que deixou até o momento quase 460 mortos e 25.000 feridos, e assegurou que não desempenhará nenyum papel na nomeação do primeiro-ministro.

- "Assaad, o Iraniano" -

Trata-se de Assaad al-Aidani, governador de Basra, que se destacou em 2018 ao descer pessoalmente de seu comboio para se unir com manifestantes nesta grande cidade petroleira do país.

"Não queremos 'Assaad, o Iraniano'", gritavam os manifestantes em Kut, cidade do sul. Já na praça Tahrir, de Bagdá, imensos retratos deste antigo opositor de Saddam Hussein, durante um tempo refugiado no Irã e depois detido por vários anos nos porões do ditador, circulavam riscados pendurados em uma grande cruz vermelha.

Os manifestantes rejeitam os nomes que emergem da atual classe política e pedem líderes independentes, de preferência tecnocratas que não tenham participado de nenhum governo desde 2003. Naquele ano, foi derrubado o ditador Saddam Hussein, após uma ofensiva militar americana.

Desde o início de outubro, a multidão reivindica nas ruas uma reforma total do sistema de distribuição dos postos em função das etnias e das confissões, assim como a renovação da classe política.

"O governo é refém dos partidos corruptos e das divisões confessionais. Vamos continuar protestando", prometeu Sattar Yabbar, manifestante de Nassiriya.

"Continuaremos, apesar da repressão das autoridades e dos homens armados das milícias", afirmou Ali Jihad, outro jovem que protesta nesta cidade, onde os manifestantes voltaram a atear fogo à sede do governo, repetindo um ato de semanas atrás.

Em Diwaniya, queimaram a sede de uma milícia favorável ao Irã.

- Intimidação e bloqueios -

Desde 1º de outubro, como se mencionou, este movimento popular já deixou 460 mortos e 25.000 feridos. A partir de dezembro, a violência nas ruas e os disparos contra as manifestações diminuiu, abrindo a via para uma intensa campanha de intimidação.

Vários ativistas foram assassinados, quase sempre por disparos e geralmente em plena rua. Dezenas foram sequestrados, geralmente quando voltavam para casa, após participar de protestos, algumas vezes dentro de suas próprias residências.

Esta campanha, acusa a ONU, é promovida por "milícias" que querem calar uma inédita revolta por sua espontaneidade e porque é protagonizada majoritariamente por jovens.

Estes últimos, que são 60% da população, exigem representação em instituições governadas por autoridades envelhecidas, cujos líderes se negam a abrir caminho para as novas gerações.


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