Há mais de 300 milhões de anos, os vertebrados protegiam suas crias, pelo menos de acordo com um fóssil encontrado no Canadá - uma descoberta divulgada nesta segunda-feira (23).
A cena fossilizada mostra um vertebrado adulto que envolve uma cria com a cauda, em um gesto de proteção. Constitui o exemplo mais antigo de cuidado parental em vertebrados.
Ambos os animais - de uma espécie até agora desconhecida de "varanopidae" que se assemelha aos lagartos atuais - pertencem à extinta família dos synapsidas, vertebrados terrestres dos quais descendem os mamíferos.
De cerca de 309 milhões de anos, os fósseis se conservaram parcialmente nos rochedos da Nova Escócia, no Canadá: um corresponde a um adulto, de 20 a 30 centímetros de comprimento; e o outro, a uma cria em torno de 8 centímetros, colocada atrás da extremidade posterior e cercado pela cauda, descreve a revista "Nature Ecology & Evolution".
O estudo sugere que o adulto protegeu sua cria, envolvendo-a com sua cauda e criando uma espécie de casulo familiar.
De acordo com Paf Hillary Maddin, pesquisadora de Paleontologia de Vertebrados da Universidade de Carleton, em Ottawa, o comportamento sugere que estes animais proporcionaram "cuidado parental" às suas crias, "ajudando-as a sobreviver".
"Talvez estivessem se escondendo dos predadores. Parece que ficaram enterrados muito rapidamente e morreram por isso", explica a pesquisadora.
Este é o exemplo mais antigo conhecido de cuidado parental pós-natal (também chamado de cuidado parental estendido) em vertebrados, 40 milhões de anos antes da descoberta anterior, na África do Sul.
Como cuidado parental se define qualquer comportamento dos progenitores - machos, ou fêmeas - destinado a melhorar as condições e a expectativa de vida dos filhotes depois do nascimento.
Estas estratégias são agora amplamente usadas pela maioria dos vertebrados (aves, répteis, mamíferos e peixes).
"Nossa descoberta sugere que este comportamento apareceu muito cedo na linhagem que levou aos mamíferos", disse Maddin, acrescentando que também nos permite "compreender melhor a evolução" dos primeiros vertebrados.