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Estado de Minas

Monjas budistas combatem estereótipos com kung fu


28/11/2019 14:31

Depois das orações matinais, um grupo de monjas budistas pratica kung fu do Himalaia em seu monastério. Elas decidiram recorrer às artes marciais para combater estereótipos sobre o papel das mulheres na região, onde a cultura patriarcal está profundamente enraizada.

"No Himalaia, as meninas nunca são tratadas em condições de igualdade, nem recebem as mesmas oportunidades, e é por isso que queremos incentivar as meninas", declarou à AFP Jigme Konchok Lhamo, de 25 anos.

"O kung fu nos ajudou a romper um círculo vicioso em favor da igualdade de gênero, porque nos sentimos mais seguras, mais fortes física e mentalmente", acrescentou. "Praticamos kung fu para dar o exemplo a outras garotas", explicou.

As monjas pertencem a um monastério localizado na montanha Amitabha do Nepal (800 membros), filiado à histórica escola Drukpa de Budismo Tibetano.

Em 2008, no âmbito de sua missão para implantar a igualdade de gênero no budismo, o líder espiritual Gyalwang Drukpa as encorajou a aprender kung fu e combater as regras tradicionais que proíbem as meninas e mulheres de sair dos monastérios, conduzir orações ou serem ordenadas completamente.

Animadas por sua destreza no combate, as monjas viajam por todo o Sul da Ásia para dar aulas de defesa pessoal e promover a conscientização sobre o tráfico de seres humanos numa região onde pouco é falado sobre a violência contra as mulheres.

Também realizam longas travessias a pé ou de bicicleta pelas montanhas para chegar até as comunidades mais remotas.

Há pouco tempo elas concluíram uma viagem de bicicleta que durou 3 meses e percorreu 8.370 quilômetros do Nepal até as montanhas de Ladakh, no norte da Índia, "em favor da paz". Ao longo do trajeto, pregaram sua mensagem de igualdade de gênero e de empoderamento feminino.

Lhamo, que visitou Nova Délhi no início do mês antes de receber um prêmio internacional em Nova York pelos esforços das monjas para inspirar meninas e mulheres, tornou-se monja aos 12 anos, apesar do desacordo da família.

"No início, recebemos muitas críticas. As pessoas não gostavam de nós porque estávamos quebrando muitas regras", disse Lhamo, depois que ela e suas colegas se apresentaram.

"Mas agora quando voltamos a esses lugares, a resposta é positiva", comentou.

"As escolas agora nos convidam. Colocam as meninas na frente e os meninos atrás. Dão às meninas as mesmas oportunidades de fazer perguntas e de falar conosco", acrescentou.


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