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Estado de Minas

Cronologia dos distúrbios sociais no Chile


postado em 15/11/2019 17:55

Depois de 29 dias de distúrbios, protestos multitudinários, saques e incêndios, o Congresso chileno alcançou um acordo histórico para convocar um plebiscito, destinado a redigir uma nova Constituição que substitua a vigente desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990)

Confira abaixo a cronologia da convulsão social no Chile, que começou em meados de outubro.

- Confrontos violentos -

Na sexta-feira, 18 de outubro, o caos explode na capital com confrontos, incêndios e ataques ao metrô, em repúdio ao aumento do bilhete, que passou de 800 para 830 pesos (depois de outro aumento de 20 pesos em janeiro), que forçou o fechamento de todas as estações.

O prédio da empresa de energia elétrica ENEL e uma filial do Banco Chile, ambos no centro da capital, são incendiados, assim como várias estações de metrô, enquanto confrontos entre manifestantes e policiais aconteciam em diferentes partes da cidade.

À noite, o presidente conservador Sebastián Piñera decreta estado de emergência em Santiago e confia a um militar, o general Janvier Iturriaga, a responsabilidade de garantir a segurança pública.

- Toque de recolher -

No dia 19, milhares de pessoas protestam contra injustiças sociais em Santiago e entram em confronto com as forças da ordem. Outras manifestações ocorreram em grandes cidades, como Valparaíso e Viña del Mar. Pela primeira vez desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, milhares de militares foram enviados às ruas e é decretado toque de recolher.

No porto de Valparaíso, dezenas de manifestantes incendiaram o edifício do "El Mercurio" - o jornal mais antigo em circulação no Chile.

- Chile "em guerra" -

No dia 20, os tumultos continuam, com novos confrontos no centro de Santiago e vandalismo em diferentes bairros.

Pelo menos 78 estações de metrô sofreram depredações. Algumas delas foram completamente destruídas.

O estado de emergência se estende a nove das 16 regiões do país, e um toque de recolher é anunciado para a noite.

"Estamos em guerra contra um inimigo poderoso e implacável, que não respeita nada, nem ninguém, e está disposto a usar a violência e o crime sem qualquer limite", diz Piñera.

- "Fora, militares" -

No dia 21, as manifestações recomeçam aos gritos de "Fora, militares".

Quase todas as escolas e universidades da capital suspendem as aulas. O transporte público segue ainda bastante alterado. Longas filas se formaram em postos de gasolina e supermercados.

Piñera convoca uma reunião para o dia seguinte com os partidos políticos, para tentar alcançar um "pacto social".

- Medidas sociais sem efeito -

No dia 22, apesar do pedido de "perdão" do presidente e do anúncio de um pacote de medidas sociais - aumento das pensões mais baixas, congelamento das tarifas de eletricidade -, a insatisfação social não diminui. Os principais sindicatos e movimentos sociais do país convocaram uma greve geral.

- A marca do milhão -

No dia 25, concentram-se em Santiago 1,2 milhão de pessoas para uma mobilização histórica, a de maior convocação nos últimos 30 anos.

No dia 27, Piñera anuncia a suspensão do estado de emergência que vigorava há oito dias e tira os militares das ruas.

O número de mortos chega a 20, cinco delas vítimas de disparos das forças de ordem. Uma missão das Nações Unidas investiga denúncias de violações dos direitos humanos durante a onda de violência.

No dia 28, o presidente troca oito de seus 24 ministros, inclusive seu chefe de gabinete, Andrés Chadwick.

- Cancelamento da Apec e da COP25 -

Em 30 de outubro, em meio aos protestos, Piñera cancela a organização do encontro de líderes do fórum econômico Ásia-Pacífico (Apec) e da cúpula mundial das Nações Unidas sobre o Clima (COP25), dois encontros que colocariam o Chile em evidência para o mundo.

- Piñera descarta renúncia -

Em 6 de novembro, em entrevista à BBC, Piñera diz que vai governar até o último dia e descarta renunciar.

Nesse mesmo dia, os protestos chegam aos bairros de Providencia e Vitacura, no leste de Santiago, coração financeiro do país.

No dia 7, Piñera eleva o tom e anuncia uma série de projetos para aumentar as medidas de controle da ordem pública.

No dia 9, o presidente se abre pela primeira vez à reforma da Constituição.

- Violência extrema retorna -

Em 12 de novembro, juntamente a uma convocação de greve geral, voltam a estourar confrontos violentos, saques e incêndios. Uma igreja patrimonial do centro de Santiago é atacada e registram-se duas novas vítimas fatais, elevando o total de mortos a 22. Em uma mensagem aguardada, Piñera propõe um acordo pela paz e se abstém de levar os militares de volta às ruas.

No dia seguinte, o Banco Central chileno anuncia uma injeção de 4 bilhões de dólares para impulsionar o peso, que chega ao seu mínimo histórico, perto das 800 unidades por dólar.

- Histórica convocação ao plebiscito -

O Congresso alcança um acordo apoiado por todos os grupos políticos, tanto de esquerda quanto de direita, com exceção do Partido Comunista, e anuncia uma convocação a um plebiscito em abril de 2020 que consulte sobre uma nova Constituição que substitua a vigente desde a ditadura de Pinochet.


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