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Estado de Minas

"My Way", composta por um músico pouco conhecido, faz 50 anos


postado em 13/11/2019 12:55

"Eu sequer tenho uma foto com Frank Sinatra", brinca Jacques Revaux, o francês que compôs "My Way", um símbolo da música mundial que está fazendo 50 anos.

A primeira versão, de 1967, chamava-se "For Me", explica Revaux, de 79, em entrevista à AFP em Paris.

Na ocasião, o prolífico compositor tinha 27 anos. Ele a ofereceu pela primeira vez ao renomado cantor Hugues Aufray, que a recusou: "Cacete, é boa, mas não é para mim", alegou.

Outros também a rejeitaram, como a cantora Petula Clark.

Até que, durante férias na luxuosa estância balneária de Cannes, Revaux conheceu Claude François, estrela francesa do show de variedades.

"Nós comemos juntos, e ele reclamou: 'você sempre compõe suas coisas para todo mundo, mas não para mim".

O compositor falou sobre "For Me".

"Na beira da piscina, ele me disse: 'então vai tocar pra mim, ou não, seu bosta?'", recorda o compositor, dando risada.

- My Way -

Depois que "Cloclo", como Claude François era conhecido, gravou a música, rebatizada de "Comme d'habitude", Revaux recebeu uma ligação de seu representante.

"Claude quer que o nome dele apareça em todas as faixas, mas não está nesta. Você se importa que o nome dele apareça junto ao seu na música?", perguntou o agente.

Revaux aceitou. "Naquela época, não sabíamos o que estávamos fazendo ...", argumenta.

"Compositor: Claude François, Jacques Revaux. Autor: Gilles Thibaut (letra, ndlr)", é o que consta no registro de obras da Sacem, órgão de gerenciamento de direitos autorais.

"A única coisa que lamento é que minha assinatura sumiu para o público em geral", acrescentou.

"Claude - que descanse em paz - agiu como todas as estrelas que dizem 'eu que fiz'", lamenta, embora reconheça que "Cloclo" deu um tom menos "doce" à melodia original e que a cantou de maneira formidável.

No final de 1967, o compositor Paul Anka, visitando Paris, viu Claude François na televisão cantando "Comme d'habitude".

Ele fez uma opção de compra da canção, reescreveu-a - em francês a letra fala de um casal em crise por causa da rotina, a versão em inglês faz um balanço do final de uma vida de uma pessoa - e a ofereceu ao produtor de Sinatra.

Sinatra a gravou no final de 1968.

"Reza a lenda que foi a primeira gravação", comenta Revaux.

- De Presley a Sid Vicious -

Seu lançamento em 1969 foi um grande sucesso.

"Se tivesse sido uma tradução simples, essa música não teria 1% de sua carreira, obrigado sr. Paul Anka", afirma o compositor, que se lembra da satisfação de ouvi-la pela primeira vez da voz de Sinatra.

Hoje, ele continua saboreando a obra.

"Eu nunca a apreciei tanto quanto nos últimos anos", afirma o francês, que, em uma ocasião, esteve muito próximo de "The Voice", durante uma cerimônia de entrega de medalhas na prefeitura de Paris.

"Mas não tenho como provar isso, nem mesmo uma foto com Sinatra", conta, rindo.

E o que acha da versão de Sid Vicious, o famoso baixista do Sex Pistols?

"Não é a mesma música (risos), mas se adaptou à personalidade dele", afirma.

As versões são inúmeras, de Elvis Presley a Julio Iglesias. Sua favorita?

"A de Nina Simone é a 'recriação' mais bonita", bate o martelo.


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