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Estado de Minas

"Dreamers" marcham 370 km até Washington para desafiar Trump


postado em 11/11/2019 18:31

Carolina Fung Feng caminhou 370 km de Nova York a Washington para assistir na terça-feira a uma audiência na Suprema Corte que determinará o destino de mais de 600 mil "dreamers" como ela, um grupo de jovens imigrantes ilegais que chegaram aos Estados Unidos quando eram crianças.

Carolina chegou da Costa Rica aos 12 anos e está em um limbo legal desde que o presidente Donald Trump - que mantém um forte discurso anti-imigração - eliminou em 2017 o programa Ação Diferida por Chegadas de Infância (Daca), que lhe permite trabalhar, estudar e dirigir no país.

Junto a dezenas de "dreamers" (sonhadores), familiares e ativistas, Carolina caminhou por 16 dias, durante os quais suportou dores nos pés, chuva e frio. No domingo, ao chegar à Suprema Corte em Washington, encontrou forças para correr ao lado dos outros jovens gritando "nossa casa é aqui".

Esta jovem de 30 anos está promovendo uma ação que chegou ao Supremo Tribunal e permitiu que o programa permanecesse provisoriamente em vigor.

"Através desta marcha queremos que as pessoas saibam que o programa (Daca) está em perigo de ser totalmente encerrado e queremos lembrá-los de que ainda estamos aqui", disse Carolina à AFP durante a última etapa da marcha.

Para ela, integrar a causa que será analisada pela Suprema Corte, e cujo resultado não deve sair antes de 2020, em plena campanha eleitoral nos Estados Unidos, significa ser a voz de outros jovens em igual situação, mas também dos cerca de 10,5 milhões de imigrantes ilegais no país.

Segundo o Serviço de Cidadania e de Imigração (USCIS), há 660 mil beneficiários do Daca, entre os quais 529.760 (pouco mais de 80%) chegaram através do México. Outros veem de países como El Salvador, Guatemala, Honduras, Peru, Coreia do Sul e Brasil.

"Todos nós sentimos a mesma dor, mas através de experiências diferentes", disse Carolina numa pausa para descansar.

Na terça-feira, a jovem estará no tribunal, onde nove juízes decidirão seu destino. Entre eles, cinco são conservadores e dois deles foram nomeados por Trump.

"Espero que os juízes ouçam nosso caso e entendam que somos humanos, que temos casas, famílias", espera. "Sua decisão não só me afeta como indivíduo, mas também minha família e minha comunidade".

- "Este é nosso lar" -

Antonio Alarcón, de 25 anos, é outro dos demandantes do caso que foi do México para os Estados Unidos quando criança. Quando ele foi incluído no Daca, sentiu que finalmente foi "reconhecido" pelos Estados Unidos, depois de anos "vivendo nas sombras".

O programa foi criado em 2012 pelo governo Barack Obama, como um acordo temporário para dar tempo ao Congresso para legislar.

Mas os legisladores nunca chegaram a um acordo, e em 2017 Trump decidiu cancelá-lo, dando origem a inúmeras reclamações perante vários tribunais dos Estados Unidos.

Antonio mora sozinho em Nova York desde os 17 anos, quando os pais decidiram voltar ao México. Ele estudou Cinema e Ciência Política e trabalha como organizador comunitário.

"Vim aqui para tentar amplificar a mensagem que estamos tentando divulgar que este é nosso lar", disse enquanto caminhava.

Se o Tribunal achar que Trump está certo, os "dreamers" não serão automaticamente expulsos, mas ficarão sem documentos.

Para Antonio, isto implicaria uma mudança em seu "estilo de vida", mas disse estar confiante, já que seus pais o ensinaram a "ser um guerreiro".

"Muitos de nossos pais e parentes não têm documentos e sobrevivem de alguma forma", afirmou.

- Contra chuva e vento -

A argentina Silvia García chegou aos Estados Unidos em 2002 por causa da crise em seu país e decidiu ficar, mesmo sem documentos necessários. Atualmente, ela mora em Long Island, perto de Nova York, com o marido, também ilegal.

Garcia fez a caminhada por seu filho, de 19 anos, e, para participar, teve que desistir do trabalho que tinha há 10 anos em uma fábrica.

"Eles não me deram permissão para perder tantos dias", declarou.

"Foi bem difícil, enfrentamos chuva e vento, surgiram bolhas nos pés", afirmou a mulher torceu o pé um dia antes de chegar a Washington e terminou a marcha em um carro que escolta os pedestres.

Apesar de tudo, não se arrepende. "Se você não luta, não sabe o que poderia ter acontecido", disse.


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