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Estado de Minas

Evo Morales convoca novas eleições na Bolívia após crítico informe da OEA

O presidente solicitou a todos os órgãos do governo uma mobilização para pacificar o país


postado em 10/11/2019 12:41 / atualizado em 10/11/2019 17:19

(foto: AFP Photo)
(foto: AFP Photo)

 

 

O presidente boliviano, Evo Morales, convocou neste domingo novas eleições, depois de que uma missão de auditoria da OEA detectou várias "irregularidades" no primeiro turno de 20 de outubro e pediu a realização de novas eleições com um novo órgão eleitoral.

O comandante-chefe das Forças Armadas da Bolívia, o general Williams Kaliman, pediu neste domingo ao presidente Evo Morales que renuncie, em meio a protestos por sua questionada reeleição na votação de 20 de outubro, nas qual a Organização de Estados Americanos (OEA) apontou irregularidades.

 

“Após analisar a situação conflituosa interna, pedimos ao presidente de Estado que renuncie a seu mandato presidencial permitindo a pacificação e a manutenção da estabilidade, pelo bem da nossa Bolívia”, disse o general Kaliman à imprensa.


O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Luis Alberto Sánchez, renunciou neste domingo ao seu cargo, na segunda renúncia do gabinete do presidente Evo Morales, depois da do ministro de Mineração.

 

"O curso dos acontecimentos (de crescente violência) vai contra meus princípios pessoais, assim como meus valores espirituais e democráticos, e me impedem, portanto, de continuar na direção da pasta de Estado que dirijo", escreveu Sánchez em uma carta enviada a Morales e postada em sua conta do Twitter. 


O governante fez o anúncio pouco depois de que a Secretaria-Geral da OEA pediu a anulação do primeiro turno - no qual Morales foi reeleito sob denúncias de fraude por parte da oposição - e a realização de novas eleições.


"Decidi renovar a totalidade de membros do tribunal supremo eleitoral", disse Morales em um anúncio pela televisão, indicando que vai "convocar novas eleições nacionais, que por meio do voto permitam ao povo boliviano escolher democraticamente novas autoridades".


O presidente, que não esclareceu se será candidato novamente e não estabeleceu data para as novas eleições, tomou a decisão após o informe da OEA e enquanto a tensão escalava no país, com protestos maciços nas ruas nas últimas três semanas e inclusive motins policiais desde sexta pedindo sua renúncia.


"O primeiro turno das eleições realizado em 20 de outubro deve ser anulado e o processo eleitoral deve começar novamente, efetuando-se o primeiro turno assim que houver novas condições que deem novas garantias para sua realização, entre elas uma nova composição do órgão eleitoral", disse a Organização dos Estados Americanos (OEA) em um comunicado.


O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, fez este pedido em virtude do informe técnico preliminar preparado por uma missão que auditou as eleições bolivianas e encontrou "irregularidades", questionando a "integridade" da apuração.


"Nos quatro elementos revisados (tecnologia, cadeia de custódia, integridade das atas e projeções estatísticas) foram encontradas irregularidades, que variam desde muito graves até indicativas. Isto leva a equipe técnica auditora a questionar a integridade dos resultados da eleição", diz o informe.


O opositor Carlos Mesa afirmou neste domingo, após a divulgação do informe da OEA, que Morales deve renunciar ao cargo "se lhe resta um pingo de patriotismo".


Nem Morales nem seu vice-presidente Álvaro García "estão em condições de presidir o processo eleitoral", apontou Mesa, que pediu ao Congresso que prepare as condições para eleger um novo órgão eleitoral imparcial.


Morales, no poder desde 2006, ganhou um quarto mandato até 2025 em primeiro turno ao obter 47,08% dos votos e superar por mais de dez pontos o centrista Carlos Mesa (36,51%), mas a oposição denunciou uma fraude e foi às ruas exigir sua renúncia e novas eleições, com um órgão eleitoral autônomo, e sem que ele seja candidato.


O líder regional Luis Fernando Camacho, que se tornou após a eleição o rosto mais visível da oposição, pretendia ir na segunda-feira à casa de governo, acompanhado por outros dirigentes opositores, para levar uma carta de renúncia a Morales, que esperava que o mandatário assinasse.


Emboscada contra opositores


Ao menos três pessoas ficaram feridas, uma delas por arma de fogo, em uma emboscada registrada neste domingo em uma zona do altiplano da Bolívia (sudeste) contra ônibus de opositores que pretendem chegar a La Paz para participar dos protestos contra Morales.


"Um grupo armado fez uma emboscada contra nossos companheiros, temos três feridos. Ainda não me confirmaram a gravidade de cada um", disse a jornalistas Marcos Pumari, dirigente do comitê cívico que lidera os protestos contra o governo em Potosí (sudoeste), a região de onde vinha o ônibus atacado.


O ataque foi registrado nas proximidades da localidade de Challapata (ao sudoeste), na estrada que leva a La Paz. A delegação transportava mineiros e estudantes.


No sábado foi registrada uma emboscada similar em outra localidade rural, com saldo de 30 feridos, nenhum grave, segundo a imprensa.


No Vaticano, o papa Francisco exortou neste domingo aos bolivianos a esperar em "paz e serenidade" os resultados da auditoria eleitoral.


"Exorto a todos os bolivianos, particularmente aos atores políticos e sociais, a que esperem com um espírito construtivo, em um clima de paz e serenidade, os resultados do processo de revisão eleitoral atualmente em curso", disse o pontífice argentino na tradicional oração do Angelus.


Cuba cerrou fileiras junto a seu aliado Morales e chamou neste domingo a comunidade internacional a condenar a "aventura golpista do imperialismo e da oligarquia" na Bolívia.


"Manipulações do sistema informático"


Os protestos começaram no dia seguinte à eleição na região oriental de Santa Cruz, a mais rica da Bolívia, mas foram se estendendo a outras cidades, incluindo La Paz, com um saldo de três mortos e mais de 250 feridos.


As greves causaram perdas no valor de cerca de 12 milhões de dólares por dia, segundo cifras oficiais, e no sábado foram incendiadas as casas de dois governadores regionais, assim como a de Ester Morales, irmã mais velha do presidente, na região de Oruro (sul).


O informe da OEA aponta que "as manipulações do sistema informático são de tal magnitude que devem ser profundamente investigadas por parte do Estado boliviano para chegar ao fundo e apurar as responsabilidades deste caso grave".


"Tendo em conta as projeções estatísticas, resulta possível que o candidato Morales tenha ficado em primeiro lugar e o candidato Mesa em segundo. No entanto, resulta improvável estatisticamente que Morales tenha obtido 10% de diferença para evitar um segundo turno", acrescenta.


A oposição havia se oposto à auditoria da OEA porque pensava que se tratava de um artifício de Morales para ganhar tempo.


Além disso, a oposição reprova o fato de o mandatário não ter reconhecido um referendo de 2016 no qual os bolivianos rejeitaram a reeleição indefinida. Uma polêmica sentença em 2017 de um tribunal constitucional lhe permitiu ser candidato novamente.


Morales havia convocado no sábado os partidos políticos opositores a um diálogo, mas excluiu os poderosos comitês cívicos regionais que o questionam com os protestos de rua.


Em meio as protestos, uma turba ocupou no sábado em La Paz as instalações dos meios estatais e obrigou os trabalhadores a abandoná-los. Outros manifestantes tomaram a rádio de um sindicato camponês, do qual Morales é afiliado.


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