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Estado de Minas

Quem são e em quem votam os 'hispânicos', uma criação dos EUA


postado em 02/11/2019 12:49

A um ano das eleições nos Estados Unidos, é crucial para os partidos entender quem são e o que querem os "hispânicos", uma "etnia" criada por praticidade burocrática que reúne 60 milhões de pessoas de diversas origens com capacidade de decidir o futuro do país.

A maioria dos hispânicos nos Estados Unidos são mexicanos (60%) e vivem, principalmente, em Texas e Califórnia. Os porto-riquenhos, que são cidadãos americanos, dominam Nova York, seguidos dos dominicanos, e dividem a Flórida com os cubanos. Os demais são minoritários.

O que une todas estas pessoas, originárias de 20 países de diferentes culturas, é o idioma, espanhol. Recentemente, também sua antipatia pelo presidente Donald Trump, que percebem como recíproca.

Além dos regionalismos linguísticos, o senso de identidade do hispânico se constrói na chegada aos Estados Unidos, quando os latinos descobrem que sua nacionalidade não os torna únicos, e que, para os americanos, eles são todos iguais.

"Para eles, não existe diferença entre um mexicano e um argentino, por mais europeu que se pareça o argentino", diz Eduardo Gamarra, professor de ciência política na Universidade Internacional da Flórida. Desta forma, o choque de realidade começa nos postos fronteiriços.

"Todos falamos o mesmo idioma, temos a mesma religião, temos herança mestiça, as pessoas gostando ou não", diz Matt Barreto, professor de ciência política da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e fundador do centro de estudos Latino Decisions. "Criou-se uma identidade que as pessoas chamam de 'hispânico' ou 'latino', e que se pensa que é real."

- Um novo senso de unidade -

O termo "hispânico" foi criado em 1970, quando apareceu pela primeira vez em um censo nacional, e se solidificou nos anos 1980, quando o censo começou a usá-lo oficialmente.

O conceito foi criado para simplificar a vida dos pesquisadores. Atualmente, também é usado por publicitários, políticos e grupos de pressão.

Se as pesquisas levassem em conta os 20 países de origem dos hispanoparlantes, "seria mais difícil fazer lobby e tentar exercer influência", explica Barreto. Isso em nível prático, mas, também no individual, a categorização fortalece a comunidade: "Vimos um aumento importante do senso de unidade, porque existe a percepção de que Trump está atacando todos os latinos", assinala.

Três em cada quatro hispânicos (72%) tinham uma opinião desfavorável sobre Trump em abril passado, segundo o Latino Decisions. "A pergunta é se isso irá se converter em uma participação eleitoral maciça", comenta Barreto.

Nas eleições presidenciais de novembro de 2020, os hispânicos serão, pela primeira vez, o maior grupo étnico do eleitorado, ao representarem 13% dos eleitores, segundo o instituto Pew. Eles são um lobby forte, mas, ao mesmo tempo, tão diverso, que dificulta as coisas para os candidatos.

"Eles não são um monolito, embora os políticos tendam a pensar assim", diz Sharon Navarro, professora do departamento de ciência política da Universidade do Texas em San Antonio.

"Os latinos se sentem atacados pela retórica de Trump sobre a imigração? Sim, no geral, mas há matizes culturais em cada grupo", assinala. Os diretores de campanha já sabem que o voto da Flórida é crucial, porque é um estado pendular, que costuma determinar quem irá para a Casa Branca. Mas nem todos têm consciência de que sua população hispânica é diferente da do restante dos Estados Unidos.

"Se você está buscando o voto latino neste país, tem que saber que a Flórida é muito complexa (...) E se você acha que para ganhar na Flórida é só focar nos cubanos, vai ficar difícil", adverte Eduardo Gamarra.


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