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Estado de Minas

Iraquianos desafiam toque de recolher e jovens vão às ruas contra governo


postado em 28/10/2019 20:37

Os iraquianos desafiaram na noite desta terça-feira (28) o toque de recolher decretado em Bagdá, depois que estudantes de todos os níveis invadiram as ruas da capital e de muitas outras cidades do sul para reivindicar "a queda do regime".

Ao contrário do que esperava obter com o anúncio do toque de recolher, o governo viu milhares de pessoas protestando na Praça Tahrir, na capital, ao final de um dia em que cinco manifestantes morreram, segundo uma fonte oficial.

No total, desde o início da mobilização em 1º de outubro, 239 pessoas morreram e mais de 8.000 ficaram feridas, de acordo com boletim oficial.

O exército, que ameaçou com "sanções severas" funcionários e estudantes que não fossem à aula ou ao trabalho, decretou na segunda-feira um toque de recolher da meia-noite às 06H00 para pessoas e veículos - na segunda capital mais populosa do mundo árabe.

O toque de recolher permanecerá "até novo aviso", segundo os militares.

- Buzinaço e música -

Já à noite, os gigantescos engarrafamentos desafiavam o toque de recolher com um buzinaço e alto-falantes tocando músicas, depois que o protesto ganhou força quando estudantes se uniram ao movimento.

Os protestos exigem empregos para os jovens - 60% da população - e um melhor funcionamento dos serviços públicos em um estado devastado pela corrupção.

Em várias províncias do sul, trabalhadores, sindicatos, estudantes de todas as idades participaram de passeatas e depois ficaram sentados nas ruas em sinal de protesto.

"Sem escola até a queda do regime": de Bagdá a Basra, pelas ruas de Diwaniyah ou Nasiriyah, milhares de estudantes invadiram as ruas iraquianas nesta segunda-feira (28), ignorando os avisos das autoridades.

Nesta segunda-feira, o sindicato dos professores anunciou "quatro dias de greve geral".

A mobilização também está ganhando força na icônica Praça Tahrir, em Bagdá, lotada desde quinta-feira de tendas e barracas para distribuição de alimentos e proteção contra o gás lacrimogêneo das forças de segurança.

Os estudantes aderiram ao movimento no domingo, apesar da polícia de choque presente perto das universidades e do apelo do ministro da Educação Superior, Qussaï al-Suheil, para "manter as universidades afastadas" do movimento.

"Queremos que o governo renuncie imediatamente. Ou eles renunciam ou os tiraremos", declarou um estudante à AFP.

Em Diwaniya, 200 quilômetros ao sul de Bagdá, professores e estudantes decretaram um "sentada de dez dias para que o regime caia", segundo um correspondente da AFP.

A maioria dos sindicatos aderiu ao movimento e piquetes bloqueiam as entradas dos prédios públicos.

A multidão grita "sem escola, sem trabalho, até a queda do regime", mas também "fora Irã", enquanto o grande vizinho xiita, como o sul do Iraque, luta com os Estados Unidos - seu inimigo jurado e outra potência ativa no país - para estender sua influência.

- Jovens desempregados -

Milhares de estudantes desfilam por Kut, Nassiriya, Hilla, Samawa e Basra (sul).

Em Kut, a maioria das repartições públicas permaneceu fechada por falta de funcionários, segundo um correspondente da AFP.

A província multiétnica de Diyala, na fronteira com o Irã, até agora isolada, entrou no movimento: dois membros do Conselho Provincial renunciaram e os piquetes bloqueavam administrações e universidades.

Na cidade xiita sagrada de Najaf, ao sul de Bagdá, algumas dezenas de estudantes religiosos se manifestaram.

Todos acreditam que o sistema introduzido após a queda do ditador Saddam Hussein em 2003 chegou ao esgotamento.

Em 16 anos, dizem, o complexo sistema de distribuição de cargos de acordo com confissões e grupos étnicos só fortaleceu o clientelismo de uma classe política inalterada, sem deixar um horizonte aberto para os jovens.

Os manifestantes querem uma nova Constituição para substituir a votada em 2005 sob a supervisão americana, e que os "grandes peixes" da corrupção sejam obrigados a devolver o dinheiro público desviado, que representa o dobro do PIB do Iraque.

- Parlamento vota -

Nesta segunda, o Parlamento votou pela abolição de benefícios para todos os responsáveis pelo país, mas ele ainda está dividido.

Os cinquenta deputados do polêmico líder xiita Moqtada Sadr começaram no sábado um protesto de sentar nas ruas para exigir que as demandas dos manifestantes sejam respeitadas.

Quatro deputados - incluindo os únicos dois comunistas - anunciaram sua renúncia.

A maioria parlamentar do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi, um independente sem base partidária ou popular que contava com Moqtada Sadr e a lista dos poderosos paramilitares pró-Irã do Hashd al-Shaabi, agora está em frangalhos.

Desde sexta, dezenas de sedes de partidos e de facções das Unidades de Mobilização Popular foram incendiadas, em incidentes que deixaram vários manifestantes mortos.

A ONU acusou a "entidades armadas" de querer "sabotar as manifestações pacíficas".

À tarde, dois obuses atingiram uma base militar ao norte de Bagdá, onde soldados americanas estão aquartelados. Este ataque não foi reivindicado.


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