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Estado de Minas ARGENTINA

Peronista Fernández é o presidente eleito

Centro-esquerda voltará ao comando do país, mergulhado em grave crise econômica e alto desemprego. Liberal Macri sairá do governo com maior turbulência financeira em 17 anos


postado em 28/10/2019 04:00

Com mais de 94,4% dos votos apurados nas eleições na Argentina, ontem, o peronista de centro-esquerda Alberto Fernández levou a presidência do país em primeiro turno, com 47,87%. Ele tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. O atual líder argentino, Mauricio Macri, na chapa com Miguel Ángel Pichetto, apurou 40,63% dos votos. Pelas regras do país, venceria o candidato que obtivesse mais de 45%, ou então, 40%, desde que obtivesse 10 pontos percentuais a mais que o segundo colocado.

O desafio de Alberto Fernández, que assumirá em 10 de dezembro, será retirar o vizinho do Brasil de grave crise econômica, e do consequente nível alto de desemprego. Precisará convencendo os investidores, que retiraram recursos do país e promoveram desvalorização da moeda nacional nos últimos dias.

Por volta das 23h, Mauricio Macri reconheceu a derrota. “ Parabenizo o presidente eleito, Alberto Fernández. Acabei de falar com ele pela grande eleição que fez. Deve começar uma transição ordenada que leve tranquilidade aos argentinos.”
A diferença no resultado foi menor do que ocorreu nas primárias de 11 de agosto, quando Fernández teve 49,49% e Macri ficou com 32,93%. Pouco depois das 21h de ontem, o peronista Alberto Fernández já se declarava o vencedor das eleições, mas o presidente liberal Maurício Macri pedia cautela a seus aliados e que os resultados oficiais fossem aguardados. “É um grande dia para a Argentina”, disse com um largo sorriso Fernández, ao sair com ar vitorioso de sua casa para cumprimentar os simpatizantes depois do encerramento da votação.

Macri deixará a Argentina em meio a maior crise econômica do país em 17 anos. No cenário de tensão em vários países da América Latina, com protestos maciços no Chile, Bolívia e Equador, crise na Venezuela e eleições no vizinho Uruguai, o pleito na Argentina é chave para a configuração das forças na região.

Alberto Fernández e Mauricio Macri votaram pela manhã. Fernandéz votou próximo de sua casa em Puerto Madero, onde conversou com os jornalistas sobre a crise vivida pelo país. “A situação econômica é muito preocupante e todos devemos nos preocupar”, disse. Ele aproveitou para elogiar Néstor kirchner, dizendo que ele “ajudaria a Argentina a se levantar novamente.” À tarde, pelo Twitter, o candidato de centro-esquerda publicou foto no Twitter na qual formou com as mãos a letra L, parabenizando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo aniversário de 74 anos dele.

Fernández divulgou foto do momento em que depositava seu voto, agradecendo o apoio do eleitorado. “Agora é tempo de que trabalhemos todos para construir a Argentina que sonhamos. Uma Argentina para todos. Uma Argentina de pé”, afirmou.  Os investidores temem que a vitória de Fernández implique o retorno das políticas intervencionistas do kirchnerismo (2003-2015). Analistas se perguntam ainda quem vai governar: se Fernández – ex-chefe de gabinete de Cristina e de seu marido –, ou a ex-presidente de 66 anos.

O atual presidente, Mauricio Macri, votou no Bairro de Palermo, onde distribuiu croissants aos jornalistas, uma tradição local. Desde cedo, Macri já dizia estar “ansioso”, como todos os argentinos, mas que era preciso esperar os resultados iniciais do pleito, cuja divulgação estava marcada para as 21h de ontem. “Se a brecha for muito apertada, além dos resultados preliminares, vamos ter de ter paciência para esperar a contagem final”, disse Macri.

Candidata a vice-presidente na chapa de Fernández, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007/2015) votou também pela manhã em Río Gallegos, na Província de Santa Cruz, onde ela mora. Depois da votação, Cristina, que é viúva de Néstor, disse que almoçaria com a família e iria a Buenos Aires, ao fim da votação, para se encontrar com Fernández e aguardar a divulgação dos resultados das eleições.

Pressões Milhares de pessoas já cantavam e pulavam em frente ao comando de campanha da Frente de Todos aos gritos de “Se sente, se sente, Alberto presidente!”, em meio a bandeiras com o retrato da ex-presidente Cristina Kircnher. Nora Martínez, agente de 59 anos, era uma delas. “Quero que este governo saia logo, em quatro anos fizeram um dano muito grande ao país”.

Enquanto isso, os rostos de desapontamento no comando da campanha governista eram cada vez mais visíveis, e o presidente pediu que fossem aguardados os resultados oficiais. “Paciência e tranquilidade enquanto são contados os votos”, tuitou o presidente argentino. Engenheiro, também com 60 anos, Macri termina sem mandato com um país mergulhado em sua pior crise econômica desde 2001, com inflação elevada (37,7% em setembro) e aumento da pobreza (35,4%). O presidente se defende, afirmando que precisou fazer ajustes para pôr ordem no desequilíbrio econômico que encontrou ao assumir em 2015, e que a partir de agora os resultados virão.

Fernández garantiu, mais de uma vez, que os depósitos bancários argentinos estão a salvo e rechaçou que se volte a repetir o fantasma da crise de 2001, quando foram congelados os depósitos e 'pesificados' (convertidos em pesos, a moeda nacional) os que estavam em dólares. Desde as primárias, houve saques em moeda americana que superaram os US$ 12 bilhões (36,4% del total). Só na sexta-feira da semana passada, o Banco Central da Argentina perdeu outros US$ 1,755 bilhão em reservas para frear a desvalorização da moeda.


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