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Estado de Minas

Uma operação fatal para o líder do EI nos olivais da Síria


postado em 27/10/2019 13:07

No meio da noite, Abu Ahmed ouviu quando soldados que falavam "uma língua estrangeira" atacaram uma casa ao lado da sua, no meio dos campos de oliveiras no noroeste da Síria.

Ahmed agora se pergunta quais seriam as atividades de seu discreto vizinho, que se apresentava como um "comerciante de alimentos", mas que poderia ter escondido em sua casa o líder do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Foi nesta área do noroeste da Síria onde o chefe do EI morreu durante uma operação militar americana, de acordo com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Quando, por volta da meia-noite, helicópteros sobrevoaram o povoado de Barisha, Ahmed estava em casa, tranquilamente, segundo contou à AFP. Este homem de 50 anos então ouviu tiros a uma dúzia de metros.

"Ouvi alguém falando em árabe, dizendo 'Abu Mohamed, renda-se!'", relatou. "Depois, soldados falaram em uma língua estrangeira".

A operação durou cerca de três horas e terminou com um bombardeio aéreo, dizem testemunhas.

Nesta manhã, a casa de Abu Mohamed não passava de uma pilha de pedras brancas, cimento e sucata.

A área foi isolada pelos combatentes armados da Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ex-facção síria da Al-Qaeda que ainda controla a província de Idlib.

- "Só nos cumprimentávamos" -

Os jornalistas foram autorizados a entrar brevemente na área atacada. Do alto dos escombros, é possível ver a estrutura deformada de um carro e os restos queimados de uma motocicleta, presos entre cabos elétricos.

Ao redor, entre os olivais, existem tendas precárias instaladas por pessoas deslocadas pelo conflito sírio.

A pequena casa atacada era ocupada por Abu Mohamed, um homem discreto que provavelmente acolheu Bagdadi em sua casa, o que ninguém parecia ter notado.

Este misterioso Abu Mohamed dizia que era uma pessoa deslocada da província vizinha de Aleppo e que vivia do comércio de alimentos e gado.

"Com este homem, só nos cumprimentávamos", assegura Abu Ahmed, um deslocado da província central de Homs. "Somos pessoas intrinsecamente sociáveis. Dizíamos a ele 'venha aqui em casa', mas ele nunca veio", continua.

Todos os dias, conta, seu vizinho taciturno partia de manhã cedo e voltava tarde da noite. Nenhuma mulher ou criança era vista em casa.

Outro vizinho, Ahmed Mohamed, chegou ao local do ataque o mais rápido possível. Sua casa fica a cerca de 500 metros e ele diz que, durante a noite, viu dois aviões sobrevoando o setor a uma altura muito baixa - 15 metros. Ele também ouviu tiros e disparos de mísseis.

- "Sequestrados" -

Ao confirmar o ataque dos EUA na Síria, o presidente Trump disse que o chefe do EI foi morto ao detonar um "colete" explosivo.

Um "grande número" de combatentes do EI morreu no ataque, disse ele.

No início deste domingo, Abdel Hamid, outro habitante de Barisha, conseguiu entrar na casa em ruínas antes que o local fosse isolado.

"Havia seis corpos na casa, ninguém sabe quem eles são", descreveu.

"Um carro passava por acaso, e foi atingido, havia dois mortos dentro", acrescentou o homem de 23 anos.

Depois de conversar com os vizinhos, Abdel Hamid percebeu que Abu Mohamed e outra pessoa haviam desaparecido, aparentemente "sequestrados" pelos atacantes.

"As pessoas dizem que (os atacantes) levaram o dono da casa e com ele outra pessoa", diz ele.


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