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Estado de Minas

Cristina Kirchner, a líder polêmica que optou pela discrição


postado em 25/10/2019 12:01

A ex-presidente Cristina Kirchner, de 66, divide opiniões na política argentina entre aqueles que a admiram e aqueles que a repudiam. Ciente das paixões que desencadeia, preferiu adotar uma atitude mais discreta e, como companheira de chapa de Alberto Fernández, ajudou-o a garantir o favoritismo nas eleições presidenciais de domingo (27) na Argentina.

Senadora de centro esquerda desde 2017 e duas vezes presidente entre 2007 e 2015, Kirchner insistiu na reunificação da oposição peronista, que reúne várias correntes que vão da direita à esquerda, para impedir a reeleição de Maurício Macri.

Contra todos prognósticos, ela escolheu ficar à sombra de Fernández, ex-chefe de gabinete de seu governo e de seu marido, o falecido Néstor Kirchner.

Pesam contra Cristina mais de dez processos por corrupção, cinco deles com um pedido de prisão preventiva, da qual ela escapou devido a seu foro privilegiado como parlamentar.

Em alguns desses casos, seus filhos Máximo, que é deputado, e Florencia, cineasta, também são investigados.

Durante a campanha, teve início o primeiro julgamento oral, no qual é acusada de ter beneficiado Lázaro Báez, um empresário ligado à família Kirchner, com a licitação de obras rodoviárias na província de Santa Cruz (sul).

- Senhor e senhora "K" -

Viúva do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), falecido em 2010, o estilo do casal foi registrado como a marca "K", a denominação por meio da qual os argentinos se referem tanto ao casal quanto a seus apoiadores, sejam ativistas, juízes, ou empresários.

Cristina se casou com Néstor quando ambos ainda eram estudantes de Direito na Universidade de La Plata. Desde então, foram vistos como um casal indissolúvel na vida pública e privada.

"Desde que conheci Néstor, nunca nos separamos. Estávamos sempre juntos", conta ela em seu livro "Atenciosamente", que foi lançado em várias cidades argentinas como sua principal estratégia de campanha.

Militantes do peronismo desde os dias de universidade, Néstor e Cristina Kirchner ficaram presos durante 17 dias em janeiro de 1976, pouco antes do golpe com o qual a última ditadura militar foi instituída (1976-83).

Depois desse episódio, eles se concentraram no escritório de advocacia que montaram na cidade de Río Gallegos (sul). Segundo relato da ex-presidente, a empreitada teve grande sucesso e deu a ambos a base de sua fortuna, com a compra de mais de 20 propriedades na Patagônia.

Após a ditadura, começou sua carreira política. Néstor foi prefeito de Río Gallegos e depois governador de Santa Cruz. Cristina era deputada e também senadora da mesma província. Finalmente, os dois chegaram à Presidência em um plano bem delineado.

"Pensamos na necessidade de garantir um processo político virtuoso de transformação do país", diz ela, explicando por que, após o primeiro mandato de seu marido, lançou sua candidatura.

- Protecionismo, esquerda e feminismo -

Seu governo foi caracterizado por políticas protecionistas e programas de assistência social, com vários subsídios que incharam os gastos públicos.

Enfrentou setores poderosos, entre eles grandes proprietários rurais, conglomerados de mídias e instituições financeiras internacionais.

Naqueles anos, aproximou-se dos líderes de esquerda que governavam Brasil, Equador, Bolívia e Venezuela.

Cristina Kirchner, em particular, refere-se com carinho a Fidel Castro e a Hugo Chávez. Também tem uma estreita relação com o papa Francisco, ex-arcebispo de Buenos Aires.

Rigorosa crítica de Macri, recusou-se a participar de sua cerimônia de posse quando assumiu a presidência em dezembro de 2015.

Durante seu mandato, o casamento entre iguais e uma lei de identidade de gênero foram aprovadas, tornando a Argentina pioneira na América Latina. Impediu, no entanto, o debate sobre a legalização do aborto.

Recuou em 2018, quando deu seu voto favorável, no Senado, a um projeto de lei sobre aborto. O texto acabou não sendo aprovado.

"Eu costumava ser uma pessoa que dizia 'eu não sou feminista, sou feminina'. Que idiota! Que imensa estupidez e lugar-comum", disse certa vez.

Filha de um motorista de ônibus e de uma dona de casa, Cristina Kirchner é a mais velha de duas irmãs. Alega sua origem na classe média baixa, embora não esconda sua preferência por marcas de luxo, ou seu gosto por viagens.


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