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Estado de Minas

Chile, Argélia, Líbano, Hong Kong: o mundo em ebulição


postado em 22/10/2019 16:01

Chile, Barcelona, Equador, Argélia, Líbano, Hong Kong. Os conflitos sociais se multiplicam há alguns meses em todo o mundo, e embora os modos de ação sejam diferentes, têm bases comuns, como a desigualdade econômica e a contestação política.

- Pobreza e desigualdade -

A alta do preço da tarifa do metrô no Chile, a eliminação dos subsídios à gasolina no Equador, um imposto sobre as chamadas por WhatsApp no Líbano.

O estopim para a revolta popular pode parecer irrisória, mas revela um mal-estar mais profundo: a desigualdade cada vez maior entre ricos e pobres.

Em 2018, 26 milionários concentravam tanta riqueza quanto a metade da população mundial, segundo a ONG Oxfam.

"Em todas as partes se denunciam as crescentes desigualdades", aponta Thierry de Montbrial, presidente do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI).

"Isso está vinculado à globalização, às revoluções tecnológicas e às mudanças provocadas nas sociedade. O desaparecimento das classes médias é um fenômeno mundial", acrescentou.

"O que está acontecendo não é porque subiram o metrô por 30 pesos. Vem acontecendo há 30 anos", disse à AFP um manifestante chileno, citando entre os problemas do país as aposentadorias, as "listas de espera em hospitais", "o custo dos remédios" e "os baixos salários".

- Contestação política -

Neste contexto, a corrupção de certas elites se torna insuportável para o povo, como no Líbano, onde milhares de pessoas saem às ruas desde 17 de outubro para protestar contra a classe política, acusada de ser corrupta.

Em Beirute, Zalfa Abukais, de 27 anos, protesta contra "os sem-vergonha que estão no poder há 30 anos", ou seja, desde o final da guerra civil em 1990. São todos "ladrões", disse.

"Há uma revolução social, com uma demanda crescente da democracia participativa", explica à AFP Thierry de Montbrial.

A Argélia, por exemplo, é cenário desde 22 de fevereiro de um inédito movimento de protesto, o "Hirak", que pede o desmantelamento do "sistema" no poder desde a independência do país, em 1962.

Essas demandas são ainda mais fortes entre os jovens, frequentemente na primeira fileira das manifestações, como em Hong Kong, onde protagonizam há quatro meses as manifestações pró-democracia.

- Redes sociais -

A maioria desses movimentos nasceu nas redes sociais digitais, que se tornaram vetores cruciais da mobilização social, sobretudo desde a Primavera Árabe (dezembro de 2010) e o movimento de ocupação "Occupy Wall street" (setembro de 2011).

Essas "ações conectadas" são distintas das formas tradicionais de mobilização, por iniciativa de um partido, de um sindicato ou de uma associação, resume Arnaud Mercier, professor de comunicação da Universidade de Paris-II Panthéon-Assas.

"As redes sociais permitem às pessoas que não se conhecem mobilizarem-se por uma determinada causa. Permitem fazer circular a informação, convocar atos e dar instruções se for necessário", acrescenta.

- Novas táticas -

Durante os cem dias de manifestações pró-democracia em Hong Kong, os ativistas usaram métodos engenhosos para impulsionar seu movimento além das barricadas, desde espetáculos com laser até cordões humanos.

Os manifestantes também encontraram formas criativas de celebrarem manifestações proibidas, fingindo estar olhando vitrines, fazendo piqueniques ou reunindo-se para encontros religiosos.

O lema "be water" ("seja água"), um princípio de imprevisibilidade ao qual aderiu a lenda do kung-fu Bruce Lee, também anima os manifestantes a se moverem constantemente para evitar as prisões em massa.

A hashtag #BeWater, difundida no Twitter, viajou até Barcelona, onde os manifestantes aplicaram a mesma tática ao invadir o aeroporto da cidade, o segundo mais importante da Espanha, provocando o cancelamento de 150 voos e gerando confrontos que deixaram 115 pessoas feridas.

Para os especialistas em movimentos sociais, os manifestantes aprenderam com o fracasso dos protestos estáticas como "Occupy Wall Street" em Nova York em 2011, mais fáceis de controlar pela polícia.


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